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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

PAGODEIRO ROMÂNTICO FRACASSADO

O único show da banda de pagode romântico em que eu participava tocando para uma platéia de quatro pessoas ( barbudos).

Primeira metade dos anos noventa vários grupos de pagode romântico estavam batendo recordes de vendas de cds, aparições constantes na TV e lotação em shows. Era a febre do momento. Grupos como Raça Negra, Katinguelê , Negritude Junior, Exaltasamba , Molejo , Gera Samba , Soweto , Sem Compromisso , Os Morenos, KaraMetade , Sensação ,Cravo e Canela , Só Pra Contrariar, Pique Novo, Boka Loka ,Sorriso Maroto ,Só preto sem preconceito , Swing & Simpatia, Os Travessos, Art Popular, Irradia Samba e Kaô do Samba, entre vários outros, ocupavam quase que unanimemente os espaços nas rádios e programas de televisão. Participar da Banheira do GUGU era o ápice.

Poucos foram artistas em toda a história da minha cidade que tornaram-se notáveis nacionalmente. Seja em qualquer manifestação artística. Mas um grupo de rapazes daqui de Barra do Piraí, nesse começo da década de 90, foi o mais bem sucedido. Eram os Playboys do Samba. Músicos, também, de pagode romântico. Timidamente começaram a tocar nos pequenos clubes da cidade e , pouco tempo depois, já estavam tocando nos grandes clubes e na Exposição Agropecuária: o maior evento da cidade que chega a reunir milhares de pessoas num só dia.
Músicas lentas e românticas como “Solidão” e mais divertidas como “Apaga a luz” seduziram os ouvidos das gatinhas da cidade.

Sucesso local imediato: fã-clube, gritinhos histéricos de menininhas apaixonadas.
Após o primeiro CD, a coisa começou a tomar uma proporção maior. Shows em vários programas de TV. Até no programa da Xuxa chegaram a tocar.

Como nessa época não havia muitas alternativas de lazer na cidade, era quase que inevitável, pra quem quisesse tirar o saci da toca ( fazer um sexo gostoso) frequentar os shows dos Playboys do Samba, que tava cheio de gatinhas. E eu ia e sempre não pegava ninguém, já que 100% das mulheres que iam, ficavam embasbacadas com o sucesso e o sex-appeal que a banda promovia. Eram, admito, boas-pintas os caras da banda. Figurino estiloso, presença de palco. Faziam o que tinham que fazer, conforme o que o estilo de pagode romântico exigisse. Portanto eu não podia dizer se eram bons ou maus músicos, isso era uma questão de gosto. Tocavam pagode romântico e pronto.

Só me intrigava o nome: Playboys do Samba.

Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira , Samba é definido da seguinte maneira:

“O samba é um gênero musical e um tipo de dança de raízes africanas surgido no Brasil e é tido como o ritmo nacional por excelência. Considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras, o samba se transformou em símbolo de identidade nacional, predominantemente tocado e curtido por pessoas humildes. Cantado nos terreiros das escolas de samba ou nos chamados pagodes - habituais reuniões festivas, regadas a música, comida e bebida -, o samba tem suas origens nas umbigadas africanas e é a forma de samba que mais se aproxima da origem do batuque angolano, do Congo e regiões próximas. O samba tem origem entre os desvalidos e miseráveis. O samba, por ser um gênero criado no morro é estilo autenticamente popular, que costuma ser acompanhado por um pandeiro, um tamborim, uma cuíca e um surdo. Suas letras em geral tratam de temas diversos como malandragem, mulheres e o cotidiano nos morros e favelas cariocas.

Depois de surgir nas rodas de samba no bairro do Estácio, o samba-de-morro rapidamente se espalhou pelos morros da capital fluminense e teve no Morro da Mangueira um de seus principais redutos, de onde saíram nomes como Cartola, Carlos Cachaça, geraldo pereira e Nelson Cavaquinho.

Ignorado por quase duas décadas - época em que surgiram vertentes como a Bossa Nova -, o samba foi revalorizado a partir da década de 60, com destaque para os veteranos Zé Kéti, Cartola, Candeia além de Elton Medeiros, Monarco, Monsueto, entre outros.”

E Playboy, segundo o livro “ As tribos juvenis” de Rafaela Gusmão, é definido assim:

“ Playboy é um estilo de vida ou esteriótipo onde o indivíduo não possui classe social determinate, sendo a maioria de classe média,. (Play: jogar, se divertir; Boy: moço, garoto).

O termo foi criado no início da década de 50 quando os Estados Unidos passavam por grande onda de prosperidade. Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu tempo integral a festas, relacionamentos e esbanjar dinheiro. Em 1953 uma reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade.

São uma tribo urbana, se interessam por moda (muitos levam o título de metrossexual, utilizam atitudes comportamentais da alta classe, como etiqueta, procuram vínculos com a elite, são estudiosos por se preocuparem com a geração de suas famílias e buscam popularidade e contatos para fins sociais e profissionais. São as versões masculinas das patricinhas. Gosto musical geralmente voltado para o pop, música eletrônica e suas ramificações (excluindo o funk, e o samba, por estarem ligados à pobreza e à periferia). Utilizam sempre trajes de estilos mais clássicos e de grifes famosas. A até mesmo em momentos de discussão e críticas (correlação com a questão comportamental da elite, a qual utiliza o tom cínico durante um envolvimento de discussão). Playboys são mais identificáveis através da personalidade arrogante, do que pela vestimenta. Não poupam repúdio à pobreza e, muitas das vezes, pregam o preconceito racial.

Existem ainda falsos playboys, os quais adotam apenas o estilo da roupa, assemelham-se com a tribo com o que obrigatóriamente deve possuir na personalidade, como caráter elitizado nos gestos e na fala, classe ,status e aparência de boa educação, ainda que seja totalmente falso.”

Playboys do Samba então era uma contradição em termos, eu matutava.

Mas eu não queria implicar com os caras. Que eles fizessem mesmo sucesso nacional e levassem o nome da nossa cidade pro Brasil inteiro, mesmo que tocando pagode romântico.

Não era lá o meu estilo musical. Eu, nessa época, tocava numa banda de Rockpsichobilly chamada Engodo We Trust ( ver ROQUEIRO FRACASSADO). Éramos eu ( com a alcunha de Xerôso) no contrabaixo, Léo Murunga na guitarra, Lucio Punkão no vocal e Rato Mameluco-Power na batera. Fazíamos pouquíssimos shows e a platéia era só de marmanjos roqueirões cachaceiros. Lucio Punkão durante as apresentações, acho que devido à euforia de estar cantando, sempre tinha ataques epiléticos no palco. Os roqueiros iam à loucura. Nossas letras tinham títulos como Colonoscopia, Mortadela com bacon, Suck My Saco, Carne Esponjosa, Caguei no Scargot e Zé do Caixão the God. Além tocarmos de covers de bandas famosas no meio do rock com nomes estranhos como Gangrena Gasosa, Replicantes e Los Bronhas.


Definitivamente não iríamos atrair gatinhas, como os caras do Playboys do Samba, com esse tipo de música que tocávamos ( apesar de ser o tipo de som que curtíamos).

Bateu uma depressão coletiva.

Colocando na balança, chegamos a conclusão, por unanimidade, de que a nossa banda teria que mudar de estilo e passar a tocar pagode romântico. Chega de cachaça e rock pauleira. Precisávamos de buceta.

Mas, antes que começássemos a compor e ensaiar pagodes românticos precisávamos de um nome. Um nome de impacto. Já que declaradamente invejávamos os Playboys do Samba, os bonitões riquinhos da cidade, precisávamos de um nome à altura dos nossos inspiradores. Mas, porra, éramos totalmente o contrário dos caras: éramos feios, sem grana, sem talento musical e odiávamos pagode romântico.

Até que sugeri o nome Plebeus do Samba. Todos gostaram e aprovaram. Começamos a compor pagodes românticos. Em três meses compomos quatro canções: “Teu pai tem terra?” , “ Playbackstreetboysoffsamba”, “ Lamba meus Testículos" ( nessa aí, uma declarada uma versão da antiga canção do Engodo We Trust, “Suck My Saco” ) e “ Papai me empresta a chave do meu rabo ?”.

Ensaiamos exaustivamente e, cinco meses depois, considerando-nos prontos para partilhar o estrelato no pagode romântico com os nossos conterrâneos, começamos a correr atrás de shows.

Só que não percebemos, nessa eternidade de ensaios para aprender a tocar esse gênero musical ( até então, novo pra nós ) que o pagode romântico estava em plena decadência. Os Playboys, infelizmente, tal como um meteoro, caíram violentamente no ostracismo antes mesmo que conseguissem ficar ricos com a música. Menos mal, já que eram mesmo de famílias ricas e sabiamente correram pra barra da saia das suas mães.

Fudidos mesmos ficamos nós, que, além de perdermos a bocada, acabamos desaprendendo a tocar rock de tanto ouvir e treinar o romantismo pagódico.

Ironia do destino dos invejosos: sabe o que estava fazendo sucesso entre as menininhas nessa época? Bandas de Rockpsichobilly com letras escrotas.

2 comentários:

o dr. A. Noel disse...

Rato Mameluco-Power foi sensacional!!!!!!!!

A-LEX GOMES disse...

E ainda andava com uma camisa levantando a bandeira do movimento."100% Mameluco".

Pior são as outras facções racial-excludentes mais radicais: Cafuso-Power, Sarará-Power, Mulato-Power, e Pardo-Power.

Sinistro!