fracassos

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domingo, 25 de outubro de 2009

VENDEDOR DE CD PIRATA FRACASSADO



Julho de 2009. Férias escolares. Sendo professor de escola pública, ganhando mal ( redundância) e com quinze dias ociosos, pensei em ganhar uma grana fazendo uns bicos. Aulas particulares estavam fora de questão, já que eu queria distância de exercer a formalidade do ofício. Enumerei, portanto, quais as profissões em que eu havia fracassado e vi o que sobraria. Como a minha ficha corrida de insucessos profissionais é extremamente extensa, sobraram pouquíssimas alternativas de tentar ganhar uma graninha com algo que eu não havia tentado. Na verdade, acho que menos de dez no meio de 1.845.679 maneiras de ganhar dinheiro diferentes.

Sisudez, cigarro, disciplina, cigarro, compromisso, cigarro, aturar alunos, cigarro, concentração, cigarro, tensão, cigarro, atenção, cigarro, stress, cigarro, seriedade, aulas: formalidade. Eu queria me manter o mais afastado possível disso. Queria descolar um cascalho sem ter que esquentar a cabeça.

Informalidade! Mercado informal! Camelô! Isso mesmo,camelô! Sem esquentação de cabeça. Até a corridinha do rapa de vez em quando ia me fazer bem. Sair do sedentarismo e parar de fumar tanto.

Mas, porra, vender o quê? Ir em SP na 25 de março e trazer roupas e tênis falsificados? Eu não tava com muito capital pra investir e muito menos tomar uma batida na estrada e ter que subornar a polícia rodoviária ( redundância). Que tipo de muamba eu podia vender sem que eu tivesse que investir muito?

Um amigo meu, o Bigorna, que tava com a banca de camelô dele desativada e fechada ( tinha tomado um rapa e tava temporariamente sem grana pra reabastecer o estoque), me levou pro meio das barracas e me disse que o que tava vendendo pra caralho era dvd e cd pirata.

Entre as barraquinhas, pululavam na minha frente e berravam nos meus pobres ouvidos cds de pagode romântico, Calypso, axé, Calypso, rock, e principalmente funk carioca. Muito funk. Predominantemente funk. Tinha até um gênero chamado de “sertanejo universitário” (??) que rolava direto nos aparelhos de som falsificados das barracas.

Programa pra piratear os cds eu tinha instalado no meu computador, as capinhas eu faria na minha tosca impressora, a barraca pra expor o sangue-bom do Bigorna disse que me emprestaria na boa, por duas semanas ( justamente o tempo que eu ia ficar afastado das escolas e das dezenas de maços de cigarro que me acalmavam dos alunos).

Mas eu tinha que pesquisar mais e descobrir uma piratão inusitado pra eu vender, algo que fizesse o diferencial, que saísse da mesmice. Oferecer algo de novo para aquela multidão ávida por ouvir música pirateada em capa mal xerocada.

E fiz.


E fui na minha cdteca e descobri uns cds meus que não tinham à venda nas outras barracas e os pirateei.

E, entusiasmadão, achei que tava revolucionando o mundo do consumo de pirataria de cds oferecendo algo que fosse bem diferente do habitual.

Fiz dezenas de piratas, coloquei no mostruário, passei manhãs e tardes gritando os títulos dos cds.

Mas eu tinha me esquecido que sou um fracassado.

Por isso me fudi.

Fiquei as duas semanas com os cds expostos sem que uma só alma, um único cliente se interessasse pelos meus produtos.

Não vendi nenhunzinho cd sequer.

Não tinha passado pela minha cabeça que o público consumidor de cds piratas era tão exigente.

E o pior: um amigo meu, o www.twitter.com/leomurunga , passava religiosamente todos os dias lá e tirava fotos da minha barraca com o seu celular, eternizando o meu temporário enlouquecimento pela megalomania da certeza do sucesso.

Eu achava, na época, que as fotografias iam registrar o início de um grande empreendimento.

Porra nenhuma! Recebi as tais fotos por e-mail essa semana e vi que, na verdade, elas registraram a trajetória de duas semanas desperdiçadas e muita, muita grana jogada pelo ralo.





Primeiro dia, os cds expostos e meu aparelhinho de som no talo rolando a  sinfonia nº 9 em ré menor, op. 125, "Coral", de Ludwig Van Beethoven . Os consumidores de pirata, além de não comprarem, passavam longe reclamando. Mas, primeiro dia, não me abati. Ainda faltavam duas semanas pela frente...




Décimo dia. Não tinha vendido cd nenhum, ainda. Empurrei um cd prum metaleiro que tinha comprado achando que era o cd solo do vocalista de hard rock e heavy metal Sebastian Bach  ( ex-cantor do  Kid Wikkid, Madam X, Herrenvolk, VO5, e Skid Row ), mas o cabeludo voltou putaço e devolveu ao descobrir que era do homônimo organista e compositor alemão do período barroco Johann Sebastian Bach, do séc. XVI.



Décimo quarto dia. Nenhuma porra de cd um vendido até então. Os camelôs das bancas ao lado da minha ( minha não, do Bigorna) reclamando pra caralho do som. Quando eu botei um Wolfgang Amadeu Mozart pra rolar, um mendigo da cidade, o Chiqueirão, passou fumando, parou, fechou os olhos e começou a assobiar a melodia. Me bateu uma depressão fudida. Pedi um cigarro pra ele. Eu não tinha fumado até aquele dia. Frustração máxima olhando pro mendigo, fui na padaria da esquina e comprei quatro maços de nicotina cancerígena e fumei um atrás do outro.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SOLTEIRO TWITTEIRO FRACASSADO II


Ou,“Como trocar seu psicanalista pela análise dos seus tweets.”

Eu, como nunca pude me dar um luxo burguesão desses ( ter um psicanalista), criei essa alternativa de auto-análise.

Espantado com o primeiro levantamento que fiz do meu comportamento amoroso num período de seis meses ( ver TWITTEIRO SONTEIRO FRACASSADO I ), refiz o processo, só que mais minuncioso: peguei todas as minhas postagens no twitter referentes a sexo & quetais do dia 10 até o dia 22 de outubro de 2009, joguei no Excel e fiz um gráfico pra verificar se a balança pendia para o lado positivo ou negativo. Caralho! 98% de insucessos amorosos em menos de duas semanas! Tenho que pegar grana emprestada no Itaú e procurar um psicanalista urgente!

Ei-los:

No dia 10 de outubro, fui parar numa festa chamada Piraí Fest, shows pra tudo quando é lado na homônima cidade. De MBP a Breganejo, de Rock Alternativo a Pagode Romântico. Mas, o que mais me chamou a atenção, depois de perambular por todos esses ambientes atrás de uma fêmea da minha espécie, foi uma tenda gigante que tava rolando Axé Music. Uma micareta com todas as características que esse tipo de badalação tem: Multidão,muitas gatinhas, os indefectíveis camaradinhas bombados e tatuados tomando cerveja quente em copo de um litro. Mas o mais importante: muitas, muitas mulheres sozinhas e bêbadas e suadas e safadinhas e tesudas. Nesse ambiente lascivo de relações fugazes, encaixei no rosto meu olhar sardônico sedutor josemayerano e parti pra guerra:

- Oi! Qual é o seu nome? Moras aqui em Piraí mesm...? – comecei a dizer pra uma loirinha baixinha, bundudinha, deliciosinha.

Ela interrompeu meu galanteio, agarrou a minha nuca com a mão que estava segurando a caneca, derrubando metado do litro de chopp nas minhas costas, me deu um beijo na boca, virou as costas e saiu já indo beijar um camaradinhas bombado e tatuado tomando cerveja quente em copo de um litro. Não entendi porra nenhuma.

Saí dali e me aproximei de uma rodinha de ninfetinhas dos seus 18 aninhos dizendo uma para a outra:

- Pegou quantos? Tô no 24º !

- Pô, cheguei só há meia hora. Ainda estou no 14º !

Parecia que elas estavam conversando dentro do elevador do Empire States: "(..) Ficar no 20º (...) Já tô no 28º (...)". O negócio lá era puro e simplesmente beijar na boca. Achei simplesmente puro demais, já que o que eu queria era s-e-x-o. Mas não me deixei intimidar. Parti pra cima da muvuca e entre tentativas de cantadas e bruscos beijos inesperados, pedi arrego. Parei no 3º andar, digo; no terceiro beijo na boca. Pedi arrego. Porra! Não sou criador de porcos, mas eu tava a afim era de “jogar o leitão pra fora”! Aquela merda de beija pra lá, beija pra cá, se nem ao menos poder dar um plá maneiro, desenrolar um lero sedutor e arrastar a mina prum s-e-x-o, tinha me irritado.

Micareta de cu é rola! Chega dessa palhaçada! Fui pra casa. Taquei, revoltado, no twitter:

Acabei de vir do Piraí Fest,um mega-evento numa cidade vizinha.Parece micareta.Putz! Todo mundo beijando todo mundo e ninguém come ninguém!
9:15 PM Oct 10th from web

Deixando pública toda a minha voluptuosidade, acrescentei:

Beijação em micareta é a maior idiotice,só serve pra pegar herpes. Eu quero é fudelança! Se for pra pegar herpes que seja logo a genital!
9:16 PM Oct 10th from web

Um seguidor meu do twitter leu minha postagem ( e não é que tem gente que lê essa merda mesmo!?) e, logo no dia seguinte, me mandou um e-mail dizendo que se o que eu queria era fodelança, que eu fosse imediatamente pra uma outra cidade vizinha: Vassouras. Disse que lá tava acontecendo uma tal de Olimpíadas Regionais de Estudantes de Medicina ( OREM).Mais de cinco mil estudantes de Medicina do Brasil inteiro dando desculpa pros pais que estão participando de esportes, mas na verdade a Olimpíada lá era sexual: “Sexo, drogas, sexo, birita, sexo...”. Foram as palavras dele no e-mail. E ainda arrematou:

“Cara! Micareta é coisa pra adolescente que tá descobrindo a vida agora! Você já é um cara velhaco! Acompanho seu blog e twitter e sei que você é um cara pervertidão. Vi lá que você quer é doideira, sexo. Achei engraçadaço o tweet sobre a herpes geniltal! ashuahsuahsuah E as estudantes de Medicina daqui querem é sacanagem pura! Se vai se sentir no paraíso! Vem pra cá!”

Fui. Lá me encontrei com ele no local marcado. Nos apresentamos pessoalmente. Lombriga o nome dele. Lombriga disse que era meu fã (!?), que acompanhava todos os meus posts no blog e no twitter. Não entendi catzo nenhum! Fã de um fracassado, um merda? Cheguei a pensar que a coca era fanta, mas foi impressão, o cara era débil-mental mesmo.

Lombriga, entusiasmadíssimo me levou para o centro da cidade onde tinha uma multidão de estudantes de medicina totalmente alcoolizadas e pulando. O frenezi me lembrou a micareta, mas logo percebi que as gatas beiravam seus vinte e dois vinte e três anos. A coisa já não era tão adolescente assim.

Olhei num canto e, em plena luz do dia, vi duas morenas chupando os peitos uma da outra. Do outro lado, dentro da caçamba de uma pick-up, uma loira lindíssima, de pé, totalmente nua, derramando cerveja no corpo enquanto uns camaradas, mais bêbados que gambá, faziam corinho pra devassa.

Tomado por essa devassidão, berrei a plenos pulmões:

-Tô em casa! Vou fazer sexo até parar num hospital e ser atendido por uma médica tarada! Perversão! Perversão total !

Nisso, o Lombriga me segura no braço e fala:

- Coe velho! Aqui no meio da rua tá palha à vera! Vem comigo que tá rolando uma festa na República “Sodoma e Gomorra”,de umas amigas minhas. Lá que é quente! Vamos lá ver qual é!

- Vamos, caralho! Vamos logo presse lugar! Vou finalmente colocar toda a minha perversidão em prática. Sexo tipo neanderthal, sexo animal, sujo! Yeaaar!

Me vi como um personagem daquele filme imbecil “American Pie”, tamanho o meu entusiasmo.
- Estudantes de medicina loucas por sexo insaciável. Yeaar! Vamo lá Lombriga!

Subimos uma escadinha num prediozinho localizado na Broadway ( quem conhece lá, sabe do que eu estou falando) e fomos para o tal apartamento. O Lombriga bateu na porta, descobriu que estava semi-aberta e empurrou-a com o pé.

A cena que vi foi dantesca. Dantesca não, mais do que isso. Eu tinha visto coisa parecida só no filme Calígula:

Uma sala enorme, com mais de cem pessoas peladas numa suruba monumental.

- Vem porra! Vem pegar umas latinhas de cerva que daqui a pouco a gente mergulha no bacanal!


Fui passando – “licença –licença” - pelos corpos, e , estarrecido, vi que tinha de tudo: mulheres dando pra três caras, caras comendo três mulheres, mulheres com três mulheres, homens com homens, travestis, bundas brancas, pretas e morenas, paus, cus, bucetas, orifícios estranhos , reentrâncias... Gente de ambos os sexos ( e “ambos os sexos” também) fazendo de tudo.

- Tira a roupa velho, e cai dentro! – berrou o Lombriga já peladão no meio de duas mulatinhas.

Começou a me dar uma vertigem estranha. Aquele cheiro acre de putaria me tonteou. Me senti o puro padre Pedro ali. O Lombriga me viu cambalenado e veio na minha direção ( “Sai com essa lombriga de perto de mim senão te encho de porrada!” –berrei):

- Porra velho! Quel mal! Eu sabia que você não ia gostar daqui. Eu vacilei. É! Vacilei mesmo! Trouxe o cara mais pervertidão da redondeza pruma suruba arroz-com-feijão como essa. Foi mal ! Eu leio o seu blog e twitter, cê é um cara muito doido! Tá acostumado com parada hardcore mesmo. Paguei maior mico contigo... Isso aqui deve ser sacal pra você, né?

- Ahn?

- Pra me redimir, vou te levar lá na República Sade & Masoch. Lá é que é a sua praia. Lance mais experiente. Isso aqui é pra amador. Vamos lá que assim não fico mal com você por ter te trazido aqui nessa pasmaceira.

- Ahn?

- Sade & Masoch é a sua cara! Eu devia era ter te levado lá de cara! Lá é lotadão também, e só gente estilo o seu, perversão total: chicotadas, vela derretida, first fucking nas gatinhas, gente amordaçada, um mijando e cagando em cima do outro, sufocamento, anzóis... É lá que você tinha que estar cara! Eu leio o seu blog e twitter... Foi mal ter te trazido aqui nesse jardim de infância...

- Ahn?

Coloquei um Rivotril sub-lingual, voltei passando pela fedentina e pela fudelança – “licença –licença” - desci cambaleando as escadas. Deixei o Lombriga lá em cima berrando meu nome. Saí do prédio. Fui caminhando em direção à rodoviária como um zumbi. Com aquelas cenas na cabeça. Peguei o ônibus, fui pra casa, tomei um banho, liguei o computador e, frustrado, twittei:

Vim agora do OREM- Olimpíadas Regionais de Estudantes de Medicina.É o contrário da micareta: ninguém beija ninguém,todos só querem fodelança.
16:11 PM Oct 12th from web

Depois desse trauma, assim seguiu a minha rotina fracassada ( e constatadamente não-pervertida), postando no twitter minhas pobres e açucaradas aventuras amorosas, com seus baixos e baixos:

Às vezes treino a minha merdice.Abordo mulheres lindas dizendo na lata:Quer ir pra cama comigo? Hoje uma aceitou!Me pegou de surpresa.Broxei.
16:15 PM Oct 14th from web

Depois da broxada, consegui Viagra e remarquei com a loira deliciosa...Dessa vez eu não vou me sentir intimidado...
10:50 PM Oct 15th from web

Tomei Viagra hoje e a mina me deu bolo.A net tava fora do ar e tava sem pornô em casa.Tive que bronhar com o programa da Leda Nagle na TV.
11:50 PM Oct 16th from web

Tomei Viagra e estou twittando. Maior problema. O pau fica esbarrando toda hora no tecladddddddddddddddddddddddddddddd
12:23 AM Oct 17th from web

Acho que só me dei bem na noite da entrada do horário de verão:

Sou uma verdadeira máquina sexual! Nessa madruga fui pra cama com uma gata era 7 minutos pra meia-noite e quando terminei já era 1h da manhã
1
:38 PM Oct 17th from web

Bem…

E assim segue a minha triste saga fracassada...


A Milena,minha ex-noiva,me ligou dizendo que me aceita do jeito que eu sou: um Fracassado. Recusei. Não aceito alguém que me aceite como sou
14:30 PM Oct 20th from web

Covarde, malogrado, azarado, infeliz, misantropo, medíocre, falho, desimportante, mal versado, estúpido, grosso: meu Curriculum Vitae.
21:34 PM Oct 21th from web


99% das mulheres,agora,estão reclamando dos respectivos companheiros que estão vendo jogo. Odeio futebol e tô sozinho. Sou um merda mesmo...
22:03 PM Oct 21th from web

Mas, estou pensando seriamente em dar fim a este blog e twitter.

Nunca mais quero ouvir a frase “Eu leio o seu blog e twitter, cê é um cara muito taradão pervertidão, cara!”

Agora vou passar no Itaú, pegar a grana e partir para a análise.
Mas antes vou dar mais uma postadinha no twitter...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PRODUTOR MUSICAL FRACASSADO III

Em junho de 1996, comemorando 105 quilos no dia do seu aniversário de 18 anos ( ou o contrário, me esqueci), meu irmão mais novo, então funkeiro sinistro, marcou um churrascão com a rapaziada ao som do batidão no terraço da sua laje. Durango kid como sempre fui, não tinha grana pra comprar um presente ao peso do meu brother. Mas pensei numa idéia ducaralho ( foi o que eu achei na época): compor umas letras de funk pra lhe dar de presente pra que ele gravasse com a voz cavernosa dele num estúdio daqui da cidade e rolar a sonzeira logo à noite, na hora do churras.

Ele se amarrou na idéia. Disse que ia procurar uns batidões volt-mix e pediu as letras, que eu escrevi febrilmente durante a manhã, para gravarmos à tarde. Terminei e fomos gravar. Como o estúdio era emprestado, sem pagar cachê, tivemos que gravar numa porrada só pra não tomar tempo, mas saiu. Chamamos o Bob Lord, guitarrista de primeira, pra colocar uns rifs de rock pauleira entre as pancadas ritmadas. Gravamos as 5 canções. Ficaram shock de monstro! Falei pra ele que ia precisar de um nome artístico e sugeri Dozão Sete Arrobas ( em homenagem aos 105 quilos). Gostou.

Ficou assim então: Dozão Sete Arrobas. O cd chamou-se “Barulhão Sinistro”. Fiz a capinha e levamos pra queimação de carne à noite. Não agradou muito. E meio que queimou o filme dele com a vizinhança.

Mas o cd ficou gravado. Alguns dias depois, mandei pro Marlboro e pro Zezinho ZZ Club pra avaliarem. Nem responderam.

Foda-se!


(o cd)



As 5 porradas estavam lá no cd. As seguintes:

DANÇA DA MEXERICA - Muito antes dessa moda hoje de dar nome de frutas pras funkeiras, a Dança da Mexerica já abordava esse tema. A fruta escolhida refere-se as popozudas que andam com a calça jeans cavada na xota, estilo mordendo pano, com dois gomos ( como uma mexerica) divididos. Chegou a cantar em setembro de 1996 no bailão do Central Sport Clube ( clube para funkeiros da minha cidade). Conseguimos até duas barangas que se dispuseram a ser as mexeriquetes, caso houvesse mais shows, mas a parada morreu ali mesmo.

DANÇA DO ABORTO – Na moda da dancinhas, Dança da Bundinha, Dança da Cabeça e outras danças lascivas, várias funkeiras estavam engravidando nos bailes. Essa letra tem um propósito claramente obstetrício, e ainda economiza uma grana das funkeiras evitando comprar Citotec ou enfiar talo de mamona na xota. Alguns anos depois, a magnífica banda Miami Brothers regravou com uma versão porradaça.

DANÇA DA BUNDA BAIXA – Considerando que a bunda é uma coisa imprescindível para rebolar ao som desse ritmo carioca,essa é pras funkeiras com complexo de falta de bunda. Um salva-guardo pras desprovidas de calipgiosidade.

BARULHÃO SINISTRO - Essa aborda uma situação da intimidade sexual de dois funkeiros. É linda!

SACO MURCHO – Essa letra é auto-explicativa. Chegou a tocar numa rádio AM do Rio, mas por pouco tempo.

As letras poéticas:

DANÇA DA MEXERICA

A gata vinha lá da feira com a sua mexerica
Quando ouviu nas minha pick-up um pancadão lá de Benfica

Ela parou na minha frente e começou a rebolar
Tava um gomo pra lá e outro pra cá

De pau duro olhei pra beiça dela,
E comecei a cantar

[refrão] Mexe daqui, mexe de lá, vai mexendo a mexerica, vai mexendo sem parar

[ repete a letra]

[repete o refrão]


********

DANÇA DO ABORTO

Dance a dança da bundinha, dance a dança da cabeça
Não esqueça a camisinha
Mas caso você esqueça

Pra não ver o resultado depois de nove meses
Cante esse refrão comigo várias e várias vezes

[refrão] Dança, dança, dança, dan-dança do aborto
Você mexe a bundinha
Você mexe a bundinha
Você mexe a bundinha
que o bebê já nasce morto

[ repete a letra]

[repete o refrão]

********
DANÇA DA BUNDA BAIXA

Pra você gatinha que faz natação:
Nada de peito, nada de coxas, nada de popozão.
Não entre em desespero. Eu tenho a solução

Você precisa ver a bunda da mulherada funkeira lá da China
É branca, rachada no meio, toda achatada: igual a uma aspirina.

Não se preocupe sem-bunda
Não fique baixo-astral
Se liga no meu recado que eu te mando na moral:

[refrão] Abaixa, abaixa é a dança da bunda baixa
a baixaria é ficar de quatro que a bunda se alarga
Abaixa, abaixa é a dança da bunda baixa

[ repete a letra]

[repete o refrão]

**********

BARULHÃO SINISTRO

Quanto a gente tá no baile dando uns amasso maneiro atrás das caixa de som
Entre uma música e outra faz um silêncio e dá pra ouvir o barulhão

Eu tenho que estarra, não consigo, não me calo:
É o ar que sai da sua buceta enquanto eu cavuco até o talo

É um barulho de peido, um barulho sinistro
Cê peida pela buceta que parada do capeta!

[refrão] Faz o barulhão, faz o barulhão, faz o barulhão sinistro aê
Faz o barulhão, faz o barulhão, faz o barulhão sinistro aê

[ repete a letra]

[repete o refrão]


**********

SACO MURCHO

Quando eu tô no baile metendo num popozão
meu saco fica murcho
é a maior humilhação

E fica mal pra mim que sou um cara cavalo inteiro
Porque queima o meu filme no baile
Logo eu que sou um cara maneiro

[ refrão] Agora eu levo gelol e passo no saco e ele arria de novo
Olho pra baixo. Que coisa linda ver os meus dois ovo.
Olho pra baixo. Que coisa linda ver os meus dois ovo.

[ repete a letra]

[repete o refrão]

****************************************

A verdade é que o som não fez muito sucesso porque o nome do cantor não ajudou. Agora, com a ajuda de uma numeróloga, mudamos o nome artístico pra Dozão 7@.

Talvez funcione.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

SOLTEIRO TWITTEIRO FRACASSADO



Há uns seis meses, curioso por ter ouvido que o twitter era “o que era” na era da Internet, perguntei pra um camarada meu, que sempre tá na crista da onda dessas coisas, como funcionava e qual era o propósito do tão falado troço. Ele me levou numa lan house, abriu o twitter dele e me mostrou a tela do dito cujo.

“What are you doing?” Perguntava o twitter. Como eu tenho um inglês joelsantanico, perguntei pro meu amigo que porra de pergunta era aquela.

-Pô cara! Ele tá te perguntando o que você está fazendo nesse momento.

-Como assim? Nesse momento eu tô conversando contigo...

-Então! Vai lá no seu twitter e posta isso, conta que acabou de vir de uma conversa com um amigo inteligente seu. Vai contando as coisas que vão acontecendo na sua vida. Tipo um diário onde pessoas interessadas tornassem-se seus seguidores e seguem seus passos, acompanhando a sua vida.

Achei totalmente idiota o propósito do tal negócio, me fazendo até duvidar da auto-atribuída “inteligência” desse meu amigo. Mas uma coisa me intrigou: se esse sucesso todo do tal twitter era por isso; acompanhar a vida das pessoas, como seria se eu postasse os meus fracassos? Algum demente iria acompanhar a minha depressiva e fracassada saga?

Ali mesmo, ele criou um twitter pra mim. Em abril 2009.

www.twitter.com/fracassado

Sem tempo pra ficar permanentemente postando naquela merda, eu ia, aos poucos, colocando em poucas letras, a minha vidinha de merda.

Hoje, mais de cinco meses depois, reli pela primeira vez o que havia postado até então. E não é que deu, lendo as postagens, pra fazer um levantamento de como andou a minha vida amorosa nesse curto espaço de tempo?

Dá pra acompanhar direitinho pelas postagens as minhas depressivas desventuras amorosas.

Começou com o meu rompimento com a minha ex-noiva:

A Milena me ligou hoje. Que mulher mais louca possessiva-paranóica! Dei um pé na bunda de vez. Ela falou que ia se matar.Sugeri chumbinho. 11:22 AM Apr 3rd from web

Solteiro, então sai à captura da mulherada, começando pela internet mesmo. Não me dei bem no lance de sala de bate-papo. Como não tenho webcam, me senti meio desonesto omitindo a minha feiúra pras mulheres que conversavam comigo:

Sala de bate-papo,hoje,me descrevi: moreno; 1,78m;86 kg. Ela lendo disse "lindo!". O Mr. Bean e o Brad Pitt também se encaixam nessa descrição! 5:03 AM Apr 7th from web

Viajando pela net eu não tinha conseguido pegar nenhuma mina, resolvi viajar de verdade:

Tempos sem postar no twitter. Explico: viagem de mochilão nas costas por toda Minas Gerais. Não comi ninguém. Só pão de queijo e rapadura. 3:29 PM Aug 6th from web

De volta para a minha cidade, já há meses sem jogar um leite fora, meio deprimido, desabafei:

Minha mãe,lavando a minha cueca,me deu uma bronca."Polução noturna".Perguntei o que era isso. "Falta de mulher!".Entendi o porquê do esporro... 3:35 PM Aug 7th from web

Até que, diante dessa situação, peguei uma grana emprestada no Itaú e decidi ir num puteiro. Resolvi radicalizar e comprei umas paradas esquisitas num sex-shop pra usar com a rapariga, mas, amador, eu não soube lidar muito bem com a situação:

Tô bolado! Ontem usei uns apetrechos S&M numa mulher (algemas, raquete spankig, mordaça "ball gag"), e ela aceitou.Dá "lei-maria-da-penha"? 3:45 PM Aug 29th from web

Depois disso, comecei a ir em tudo quanto era festa que aparecia pelas redondezas. Festas de forró, festas de pagode-romântico, Shows de heavy metal... Até que fui parar numa porra de uma festa num lugar longe pra caralho, no meio do nada, uma porrada de romeiras carolas devotas de um santo que eu nunca tinha ouvido falar. Nesse lugar, perto da igrejinha ( onde eu já tinha tomado uns tocos de umas dessas romeiras), tinha uma muvuca de umas cinco mil pessoas dançando uns funks sinistros embaixo do sol escaldante. Quando eu comecei a azarar as funkeiras, percebi que ali havia um racismo bem evidenciado. Quando eu chegava nas mulatonas ao som do batidão, eu ouvia: “Qual é branquelo azedo? Meu negócio é negão!”. Procurei a delegacia local pra denunciar crime de racismo, mas, além de obviamente não ter delegacia naquela merda de lugar inóspito e empoeirado, o único policial que estava circulando por lá era um crioulão de uns dois metros de altura. Saí de lá decepcionadíssimo:

Acabei de vir da festa do Bom Jesus do Matosinhos. Bizarro! Uma roça,sol escaldante,funk no talo,poeira. Um piscinão de Ramos sem a piscina. 3:25 PM Aug 30 from web

No fundo do poço, sem mulher nenhuma, ainda fui despejado da casa que eu morava de aluguel, por falta de pagamento. A minha ex-namorada ( a louca possessiva-paranóica) quando soube disso, propôs que voltássemos e que eu fosse morar com ela. Fodido, sem ter pra onde ir, aceitei, e fui pra casa dela como um cão sarnento querendo abrigo ( ainda que a minha vida corresse perigo devido a sua óbvia psicopatia). Mas não durou muito. Ela mesma me deu um pé na bunda:

Minha ex-noiva,a Milena,ontem,mandou na minha cara:“Sai daqui! Com você eu não caso!” / Porra, quê que tem isso? Só porque mijei de novo na tampa do vaso? 4:02 AM Sep 11th from web

Fui morar de favor na casa de um amigo e como ele tinha internet banda larga, voltei a investir meu amor no mundo virtual. Mas, como eu ficava o dia inteiro na net, a conta do camarada veio altíssima e ele me expulsou da casa dele também. E o pior: mesmo tento ficado dias e dias na internet e não consegui comer ninguém:

Eu nunca tinha entrado num chat. Recebi: “Qr tc cmg?” Sem entender,respondi: “Seu teclado está bem com problema nas vogais” Ela:“V p/ pqp!” 1:31 PM Sep 16th from web

Ainda traumatizado com a tal Festa do tal Bom Jesus do Matosinhos, disse pra mim mesmo: “Não peguei ninguém lá porque aquilo não era ambiente pra mim! Funk, gente semi-analfabeta, poeira, um fim de mundo... Vou ir a locais onde existam mulheres do meu nível intelectual !”
Peguei emprestado, de novo, uma grana no Itaú,e acertei algumas contas. Da grana que sobrou, fui para a Bienal do Livro, no Rio. Lá sim seria o local ideal para encontrar “mulheres intelectuais e refinadas como eu”. Andei pelo gigantesco Riocentro atrás das mulheres de óculos de aros grossos. E, falando nisso, era isso o que eu mais ouvia quando eu encoxava as intelectuais aros grossos:

- Qual é gatinha? Dá uma olhadinha nesse livro aqui! Que tal a gente por ele em prática ali atrás daquele estande de livros infanto-juvenis?

- Ignorante! Não sabe tratar uma mulher não? Seu grosso!

Fiquei com joelho inchado doendo de tanto rodar pelo Riocentro com o Kama-sutra debaixo do braço e não pegar ninguém. Cansado, com o joelho doendo pra cacete, sentei-me e tentei a última cartada, mas, infelizmente, não deu em nada:

Fui na Bienal Livro.Lá,peguei um calhamaço e fiquei na posição do Pensador do Rodin. Não atraiu nenhuma fêmea e a posição ainda me deu dor nas costas. 12:26 AM Sep 17th from web

No mesmo dia, de lá do Riocentro, parti pra Lapa. A boa e velha Lapa dos boêmios. Um antro de gatinhas curtidoras de MBP, samba e sons modernosos.

Fui num bar onde tava rolando um grupo de choro, na Lapa. Sentei numa mesa, pedi um chorinho na dose de conhaque ( recusado pelo garçom ),tomei uns chopes e vários foras das mulheres e saí chorando com o preço da conta. 09:28 AM Sep 18th from web

Porra! Constatei que depois dessas que, definitivamente meu negócio não era mulher intelectual. Eu tinha que pegar mulheres mais ou tão burras quanto eu. Voltei pra minha cidade e, consegui, com a grana que tinha sobrado da zoeira na Lapa e da ida à Bienal, acertar o aluguel atrasado e voltar pra casa. No final de semana descobri que havia num clube perto da minha casa um baile chamado “Waldo Discoteque 80’s”, que tocava só músicas da década de oitenta. Pensei: “ Porra, se eu quero mulher imbecil, mais burra do que eu, não há um lugar mais perfeito do que esse. Mulheres trintonas que cantam letras do Ojerizah, Picassos Falsos, Capital Inicial, Biquini Cavadão e Uns e Outros, obviamente só podem ser retardadas mentais!”

Esse era o lugar onde eu ia amarrar de vez o meu burro. Melhor dizendo: “minha burra”. Mas também não deu muito certo:

Fui ontem num baile “80’s”. Daqueles que as balzaquianas ficam cantando histéricas as piores músicas dos anos oitenta. Tava no salão azarando uma mulher, quando ela me interrompeu e começou a cantar “Pneus de carros cantam...tchururuthtu...” Virei as costas fui embora na hora. . 12:20 AM Sep 21th from web

O negócio tava feio pro meu lado. Até que pus, no desespero, um anúncio, tipo aqueles de classificados, no próprio twitter, mas não atraiu nenhuma espécime do sexo feminino:

Ando procurando uma namorada: Minha principal virtude é a sinceridade: sou gordo,não gosto de cachorro,odeio criança,ganho R$ 580, não sei dirigir...4:07 PM Oct 2nd from web