fracassos

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PAQUERADOR FRACASSADO




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"Ela não deveria ter olhado nunca,

Se pensava que eu não deveria amá-la"

Browing (1812-1889)

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Nunca fui azarado. Melhor dizendo, azarado no sentido de “azar na vida” eu sempre fui, sou e serei. Por isso a existência desse divã de confidências que é este blog. Nunca fui azarado no que diz respeito a uma mulher deliberadamente me cortejar. Ter interesse por mim. Me paquerar.

Tem seu lado bom e ruim nisso. Por sei feio pra caralho ( o que, obviamente, explica esse meu fracasso sedutor), nas vezes que fiquei com mulheres, dependeram única a exclusivamente da minha capacidade de conquistá-las argumentando, “jogar um plá”, “desenrolar”. O que, vá lá, admito, não sou muito bom nisso, mas era (é) a única alternativa que me resta(va) pra conquistá-las, o que me faz conseguir sobreviver sem ter que ficar sempre no “cinco contra um”.

Considerando que sendo “margoso” a possibilidade de conseguir conquistar uma gata ( numa festa, boate, barzinho...) estando ao lado de um cara mais bonito do que eu seria nula, sempre fiz amizades com caras tão ou mais feios do que eu. E, justamente, o “mais dos feios dos meus amigos”, o Agonia, me deu um toque ( no bom sentido, é claro) que me deixou boladão:

- Porra! Saca só velho! Não é só porque a gente é jaburu que nós não pode [ sic: além de feio, o Agonia é semi-analfabeto] sacar quando as minas tão dando mole pra gente. E às vezes poder até estar. Eu soube que tem um lance aê de perceber uns sinais quando a mina tá te dando mole. Eu vi no programa da Márcia “Goldesmitê” [ sic: além de feio e burro, tem mau gosto televisivo também] falando sobre isso. Procura saber mais velho.


Agonia é o meu mestre [ ver FRACASSADO FRACASSADO] e tudo o que ele fala eu levo em consideração. Tentei decifrar e traduzir seu obtuso conselho e descobri que o que ele queria dizer era sobre os “Sinais não-verbais que as mulheres emitem durante uma paquera”. Comecei a pesquisar e comprei três livros massa sobre o assunto: “O Corpo Fala” ( de Pierre Weil e Roland Tompakow, da Editora Vozes); “Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal"(de Allan e Barbara Pease. Editora Sextante ) e o clássico “The expression of emotion in the man and animal” do mestre Charles Darwin.

Li os três numa pancada só.

Uma parte de um dos livros:

“Homens e mulheres procuram chamar a atenção sobre si. Para diminuir o temor do outro, freqüentemente os indivíduos adotam posturas que lembram o comportamento infantil. Três tipos de comportamentos parecem predominar : orientação corporal em direção à pessoa que se tem interesse; breves olhares mútuos; comportamentos de automanipulação. Geralmente os homens tendem a estender os braços, estufar o peito, arrumar o cabelos, empinar o queixo, ajeitar a roupa, rir alto, exagerar nos movimentos corporais e tocar na face. As mulheres andam de maneira empinada, sorriem, olham, mudam de posição, balançam o corpo, ajeitam-se, enrolam o cabelo com os dedos, jogam a cabeça para trás, olham com ar tímido, dão risadinhas, erguem as sobrancelhas, umedecem o lábio superior com a língua. Para quem emite estes gestos, geralmente denominados de deslocados , eles parecem servir para incrementar a própria aparência e como consoladores ”

Fiquei craque em emitir sinais não-verbais de sedução e perceber os emitidos pelas gatas.

Passei a fazer observações nos locais onde acontecem habitualmente os jogos de sedução (cafés, bares, salões de danças, etc.), e vi que esses lugares revelam que existe um timing ótimo para que este jogo tenha sucesso. Se o “ataque” for muito rápido ou agressivo, ou ao contrário, se houver muita demora e hesitação, o namoro tende a fracassar. Pode-se comparar este tipo de comportamento a aquele de outras espécies menos desenvolvidas, como as aranhas. Os machos da espécie precisam atravessar a longa e escura entrada da toca da fêmea para poder namorar e copular. Fazem isso bem devagar, pois caso se precipitem, elas os devoram.

E a minha idéia era justamente comer uma aranha ( ou, nesse caso, ser comido, sei lá!)

Mas, nesses livros, o que me mais chamou a atenção foi ter lido que a função destes sinais básicos e aparentemente universais, tanto masculinos, quanto femininos, é de ficar próximo da pessoa cortejada sem provocar temor e esta indicar que o cortejador pode aproximar-se sem medo. Esta necessidade de aproximação é facilitada por uma postura e um comportamento infantilizado tanto por parte do cortejador como do cortejado, a qual demonstraria a “submissão” e seria oposta ao perigo de agressão e, portanto, facilitaria a aproximação.

Ainda li que tais sinais de submissão no comportamento de flerte têm sido observados em vertebrados, em mamíferos e em primatas. A sua finalidade seria a de criar, consolidar e manter vínculos de apego, tendo sido inicialmente descrita por Darwin naquela clássica publicação de 1872. Assim, este comportamento submisso e infantilizado presente no cortejamento parece ter a função de indicar ao outro: “eu não sou perigoso; eu estou disponível: você pode aproximar-se”.

Pior que eu tava a perigo quando lia esses livros.

Porra, estando com todas as cartas na manga, sacando pra caralho do assunto ( decorei todos os “ 52 gestos e atitudes que as mulheres utilizam para lançar o sinal de sua disponibilidade e de seu interesse”), bastava que eu encontrasse um ambiente propício ao encontro com as mulheres que apresentassem alta freqüência de manifestações não-verbais direcionadas aos homens.

Procurei o mestre Agonia. Contei pra ele sobre os meus profundos estudos. Na lata, o experiente notívago me disse: Lapa. “Vai pra Lapa velho! Lá é o lugar ideal procê por em prática esses seus conhecimentos sobre o vlerte ( ele quis dizer “flerte”).

E fui pra Lapa, no Rio. Hospedei-me no hotel em que sempre fiquei, o Mundo Novo.

Meti uma beca na estica: calça de linho, camisa de seda com os botões abertos até a metade mostrando os pelos do peito, sapato duas cores.

Lindão, parti pra night. Sabadão, tomei uns goles ( oito Brahmas) num botequim da Mem de Sá mesmo, pra dar um “esquenta”. Rodei de bar em bar e vi que, apesar de cheios, só tinha gringas. Pô, tá certo que a linguagem não-verbal do flerte é universal, mas,mesmo que eu evidenciasse um mole não-verbal pra mim, como eu faria na hora do ”desenrolo” verbal ? Monoglota ducarai, ia travar na hora de trocar o “plá” com as gringas.

Continuei a rodar na Lapa afora até parar num tal de “Buraco da Lacraia” (Rua André Cavalcanti, 58. Há uns quatro quarteirões depois dos Arcos, no sentido Aterro). Paguei R$25,00 na entrada.

Eram, três e meia da manhã. Noite fria e chuvosa. Lotado o bar. Eu já meio atravessado na birita, na mesa de bilhar, tinha acabado de tomar uma “cara-de-gato” da Ivanir, uma mulher-macho, sinuqueira das antigas, que às gargalhadas, me esculachou geral.

Puto com a derrota atravessada na garganta, peguei meu copo, saí da mesa de sinuca e comecei a pôr em prática meus conhecimentos perceptivos da sedução humana.
“Porra, azar no jogo, sorte no amor” - pensei.

E parti pro meio da boate-bar bêbado balbuciando: “Quero é fuder!”. De súbito, ao meu lado vi a exuberante loira curvilínea, peitões explodindo no decote, cabelos lisos até os ombros, cintura fina,a penugem de pelinhos-pêssego descendo até o rego da bunda. Bunda? Bundão-raimunda!

“Crescei-vos e multiplicai-vos”, pensei comigo. “Fuder, eu quero é fuder!”

Suspendi o copo, olhando torto pro bundão-raimunda. Raimunda é nome de mulher feia, deve ser Priscila, ou Patrícia, ou Pâmela o nome da loira, nome de mulher bonita começa sempre com “p”, pensei em voz alta.

Ali era a hora de por em prática meus profundos conhecimentos. Me lembrei dos sinais masculinos do flerte e comecei a executá-los olhando fixamente pra ela. Segui direitinho os passos: primeiro fiquei numa postura cowboy: mãos no bolso, com os dedos em L, apontando pra região genital; depois sentei-me com as pernas abertas e projetei o corpo pra frente; mostrei os pulsos e voltei o meu tronco pra ela; ;alisei os cabelos; ajeitei a roupa;inflei o peito e encolhi a barriga (uma clara demostração de força física e virilidade).

Ela meio que percebeu que eu estava a fim e vi imediatamente que estava demostrando o fêmeo interesse por mim:sentada, colocou a bolsa muito próxima de si; apontou para o próprio joelho; acariciou o sapato e cruzou as pernas.

Caralho! Igualzinho aos passos do flerte feminino descritos nos livros.

Vi que tinha aprendido a "ler" os sinais mais acuradamente.

Pra não dar varada n'água, esperei mais um pouco antes de cair dentro. Sabia que também era preciso ter cuidado com a interpretação dos sinais. É preciso estar ciente de outros contextos para saber as reais intenções de quem flerta; uma pista somente não significa nada e pode ser ambígua. Para se certa certeza das intenções, essas evidências devem ser convergentes e múltiplas, lembrei.

Eu tinha que confirmar os outros sinais não-verbais.

E não é que os livros tinham razão? Quando ela viu que eu olhei novamente pra ela, jogou a cabeça para trás e sacudiu o cabelo; respondendo com sinais que indicavam sua disponibilidade e interesse para uma aproximação. Orientou seu corpo em direção ao meu, olhou-me mais longamente e, muito freqüentemente, inclinava lateralmente a cabeça, expondo a parte lateral do pescoço. Fez os clássicos sinais de submissão, tais como abaixar os olhos, fazer beicinho com os lábios, segurar os próprios braços ou mantê-los muito próximos da área abdominal. Lembrei dos livros que tais comportamentos de submissão servem para mostrar a não hostilidade e indicar uma implícita permissão para a aproximação.

Voltei pra postura cowboy: mãos no bolso, com os dedos em L, apontando pra região genital

Ela me olhando, umedeceu levemente os lábios; fez beicinho com a boca levemente aberta; tocou-se nos ombros; inclinou o pulso; expôs também os pulsos; levantou-se e , ao som ambiente, olhando diretamente pra mim, começou a requebrar as cadeiras inclinando a pelve na minha direção. Sentou-se novamente e começou a acariciar o gargalo da garrafa de cerveja.

Fiquei doidão!

Dei um golão bem grosseiro na lata de cerva, repeti a postura cowboy: mãos no bolso, com os dedos em L, apontando pra região genital; e comecei a cantar alto e a gesticular ( dando indícios de que queria chamar a atenção)

Comecei a cantar a canção “Moça” do Wando.

Ela ouviu e riu.

“Olhou pra mim, chego junto! Azar o dela!” As palavras saíram atrapalhadas na minha voz bêbada.

Chegou a hora. Cheguei junto. Lembrei de uma passagem do livro do Darwin que dizia - “... sempre são os machos que fazem a corte”

Cheguei perto e perguntei:

-A graça?

-Einh?

-A graça!

-Que graça? Graça de quê?

Não desisti da burrinha dona do burrão:

- O nome, caralho!

- Grosso!

- Grosso não, porra! Recito a bíblia procê então: ““Crescei-vos e multiplicai-vos” - disse, deixando subtendido a proposta de foder.

Ela gargalhou. Eu perguntei qual era a graça. Rir da bíblia. Ela riu mais ainda.

- Qual é a graça, porra?

- O nome?

- Não, porra! Qual é a graça de rir do que eu falei?

- Nada! Só achei graça!

-Foda-se! Quero fuder contigo! Tô doidão!

-Direto você, einh?

Conforme a orientação dos livros, passei para um tipo de conversa sedutora, sabendo das evidências de que é mais importante como se fala e não o que se fala, caracterizando-a pela mudança de voz, um tom mais agudo, um volume mais baixo, mais suave, mais musical, um tipo de voz que lembra o modo de se falar com crianças ou para tranqüilizar pessoas que precisam de cuidados, onde o clima continuaria sendo o de pô-la em submissão.

- Quero meter nesse rabão loiro gostoso!

Ela riu mais ainda. Tava no papo.

“Meu lero é foda!” - pensei.

Catei pelo braço, meio que à força, e saí arrastando a loira pela Lapa afora. Não conversamos. Ela só ria e ria. Entramos no Hotel Mundo Novo. Meu quarto, 206. Tirei a roupa da loira. Corpo de atriz pornô. Bucetinha raspadinha, bigodinho de hitler.

Joguei na cama e barbarizei. Bêbado meti na buceta apertadinha sem camisinha mesmo.

-Crescei-vos e multiplicai-vos”, gritei encharcando a xota de porra.

Sem mais nem menos, ela gargalhou igual a uma pomba-gira.

“ Não é que tem mesmo mulher que goza rindo?” - pensei

Deixei pra comer o cobiçado bundão-raimunda por último. E comi. E gozei de novo. Exausto, deitei-me ao lado dela e acendi um cigarro. Lembrei da parte do livro que diz que após o coito o comportamento de cortejamento cessa, já que nessa fase o casal não precisa mais “negociar” a aproximação sexual; findo o objetivo, então parece que o cortejamento torna-se redundante e desnecessário, pois do ponto de vista biológico, o objetivo do cortejamento é de maximizar a otimização do sucesso reprodutivo das pessoas envolvidas.

Fiquei deitadão refletindo sobre aquilo, quando me dei conta de que ela ainda estava gargalhando, chegando a chorar de tanto rir. Dessa vez fiquei puto e , perguntei:

- Caralho! Qual é a graça?

- Paulo

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

COMEMORAÇÃO FRACASSADA

Acabo de verificar a milésima visita – contando, é claro, com as centenas de F5 que digito diariamente pra aumentar o contador - em um ano de existência a este alquebrado blog ( Contagem que o do Gabriel Chalita consegue alcançar em vinte segundos – Eu invejo o Gabriel Chalita!).

Em virtude (!?) disso, anuncio que diminuirei a freqüência de postagens. To de saco cheio! Eu invejo o Gabriel Chalita!

Os desequilibrados e desocupados que acompanham esta joça poderão saber também dos meus nefandos fracassos, diariamente, no meu twitter.

http://www.twitter.com/fracassado

Ahh...Ia me esquecendo: Eu invejo o Gabriel Chalita! Eu queria ser ele.

GABRIEL CHALITA FRACASSADO


Meu ídolo, Gabriel Chalita, nas nuvens. ( enquanto eu, na treva)

Eu invejo muito o Gabriel Chalita : um homem de bem. Tem a mesma idade que eu. É extremamente bem sucedido. Não sabe o que é ser um fracassado.

É o anti-Merda Fracassado em pessoa: seu blog tem milhões de visitas diárias, ele aparece na televisão, ele tem a voz suave, ele é amigo do Padre Marcelo Rossi e do Padre Fábio de Melo, é rico pra caralho, malha com personal trainner, não tem cáries, tem todos os dentes na boca, é bem casado com uma mulher linda, é o genro que toda sogra queria ter, seus filhos têm a bochecha rosada, passa gel nos cabelos, é monogâmico, é religioso devoto, só usa terno italiano, não tem hérnia de disco, não tem caspa, não tem mau hálito, nem fimose ( isso ele mesmo disse numa entrevista), ele usa gravata borboleta, é carismático, não fuma, não bebe, nunca fumou maconha nem cheirou pó, não é viciado em comprar revistas de sacanagem pra bater punheta no banheiro, só lê livros inteligentes, não tem complexo de inferioridade, é inteligente, usa rolex - um jovem dândi. - , é um jovem pensador, tem opinião sobre todos os assuntos do planeta terra. Um cara pacífico.

É um Super-homem e eu sou o Bizarro ( aquele rival que é o Super-homem ao contrário).

Mesmo tão moço, Gabriel Chalita, já lançou 46 livros, que juntos somam 8 milhões de exemplares.

"No início da minha carreira passava 10 ou 12 horas em frente a uma editora para pedir para alguém ler o meu livro. Hoje quando vou lançar tem 10 ou 12 editoras querendo publicar"- disse o meu ídolo Chalita.

Eu nem tento procurar editoras de tanta vergonha que tenho dos meus livros. Eu invejo o Gabriel Chalita.

São livros maravilhosos que ajudam as pessoas. Alguns:: “Memórias de um homem bom”[ autobiografia], “Gentileza”, “O livro dos amores”, “Eu acredito em milagres”, “Loz diez mandamientos de la ética”, “O Semeador”, “Amor”, “A história da flor”, “O último pingüim feliz”, “Pedagogia da amizade”, “Um exemplo e uma proposta para florescer e frutificar em nosso tempo”, “Trilogia da Vida (O livro dos amores, O livro do sol e O livro dos sonhos)”, “A Essência do Ser”, entre outros títulos lindos edificantes.

Meus livros ( não editados, é lógico) têm títulos como: “ Dores ( crônicas)”, “ Como escrever com o lado de fora do cérebro”, “ As dez maneiras de se bater punheta escalavrada”, “ Autobiografia de um Merda”, “O pegador de barangas”, “Como desfazer amizades e ser influenciado por pessoas”,etc.

Entre títulos e condecorações recebidas recebidas por Gabriel Chalita, destacam-se: Prêmio "Personalidade do Ano 2005 - Educação", conferido pela Revista Isto É Gente; Troféu Raça Negra 2005; Prêmio Educação "Visconde de Porto Seguro" 2004; e Prêmio "Fernando de Azevedo" - Educador do Ano 2004, outorgado pela Academia Brasileira de Educação.

Eu não tenho condecoração e prêmio nenhum. Eu o invejo do fundo do meu amargo coração. Eu sofro com isso. Tenho lido os livros dele pra ver se me ajuda a lidar com esse sentimento tão ruim.

Gabriel Chalita é bacharel em Direito pela PUC-SP e em Filosofia pela FSFCLL, mestre em Ciências Sociais e em Direito pela PUC-SP, e Doutor em Comunicação e Semiótica e em Direito pela PUC-SP. É membro da União Brasileira de Escritores , da Academia Paulista de Letras e recentemente foi eleito por unanimidade na Academia Brasileira de Esducação.

Eu invejo o Gabriel Chalita porque ele é tudo o que eu queria ser e não sou. Sou um Merda.

Gabriel Chalita Foi secretário da Educação do estado de São Paulo. Em 2008 foi o Vereador mais votado em São Paulo com 102.048 votos pela coligação PSDB/PHS.

Eu tentei ser candidado a vereador também e me fudi [ ver CANDIDATO A VEREADOR FRACASSADO].

Todo mundo gosta do Gabriel Chalita. Até a minha mãe. De mim ninguém gosta. Eu invejo o Gabriel Chalita pra caralho!

Dos César Maia sobre ele:


"As fotos coloridas de Gabriel Chalita são uma pintura. Uma foto de camisa azul e pose de dândi, quase galã, com rosto liso, lindo, cabelo arrumado, laquê suave e relógio de pulseira combinando com a camisa."


- César Maia, prefeito do Rio de Janeiro, sobre anúncio colorido que a editora Gente publicou em jornais paulistanos com foto destacada do secretário da Educação do Estado de São Paulo, Gabriel Chalita.
- Fonte: Revista VEJA Edição 1948 . 22 de março de 2006 .

Eu invejo o Gabriel Chalita porque eu sou eleitor do César Maia e ele elogiou muito o Gabriel Chalita.

“ Chalita é um tesãozinho! Com todo o respeito à mulher linda dele, é claro! É inteligente e eu já li todos os livros dele!”
- Fonte: Luciana Vendrammini em entrevista à revista VEJA Edição 1956 . 12 de abril de 2007

Eu invejo o Gabriel Chalita. A possibilidade da Luciana Vendrammini me elogiar é nula.

Ele fez teatro e tem alta auto-estima e elogia a si mesmo. Eu não consigo fazer isso, porque eu sou um Merda.

Dele sobre ele mesmo:


"Me formei com o (ator Reynaldo) Gianecchini. Não éramos amigos. Ele já era modelo, desfilava muito. A gente conversou mais no concurso para orador da turma. Eu ganhei estourado! Aí, ele falou: 'Nossa, que discurso!'".
- Fonte: Revista Isto É Gente, de 19/12/2005

Eu invejo o Gabriel Chalita.

Eu invejo o Gabriel Chalita.

Eu invejo o Gabriel Chalita.

E ele tá cagando pra mim ( O Merda).

domingo, 2 de agosto de 2009

ROTEIRISTA DE NOVELA DA GLOBO FRACASSADO






Em dezembro do ano passado, férias escolares e sem centenas de provas de alunos pra corrigir, tempo ocioso de sobra, comecei sem querer a acompanhar as novelas da Globo. Coisa que eu nunca havia feito antes.

Entrei numas de avaliar as características dialogais de um texto tele-dramatúrgico. Como? Parece mentira, mas eu gravava alguns capítulos e transcrevia todos os diálogos dos personagens a fim de tentar perceber as nuances na construção desse tipo de linguagem que tanto fazia (faz) a cabeça dos telespectadores. Ao final de cada capítulo, eu tinha transcritas mais de cinquenta páginas de caderno com as falas, os nomes dos personagens, seus perfis psicológicos e a sua importância na trama.

Parece coisa de solteirão neurótico desocupado misantropo?

E era.

Ficou pior: comprei uma porrada de livros sobre as técnicas e comecei a desenvolver uma novela ( “ Corpo Estranho”, o bizarro título) e criei mais de oitenta personagens, cada qual com as suas características e idiossincrasias que os tornassem verossímeis. Tudo minunciosamente esquematizado: Idéia e conflito, story line, trama, diálogos, conflitos, núcleos principal e paralelos, trama principal, tramas paralelas, relação entre tramas principais e paralelas, construção da sinopse, construção dos diálogos, conflitos, clímax, núcleo em rosácea, herói, arquétipos, protagonistas e personagens paralelos, perfil detalhado de cada personagem, ação dramática, estrutura da história, unidade dramática, cena , cenas românticas,cenas de humor, cenas dramáticas, cenas explicativas, ganchos e tipos de ganchos e, não menos importante, a tal da construção da “escaleta” que é uma coisa difícil pra caralho de fazer ( pela minúncia que exige, dada a sua importância nesse veículo).

Só que a minha insanidade não parou por aí ( nunca para). Fiz a porra da tal novela, com mais de cento e vinte capítulos e ficava interpretando sozinho, em casa, todos os personagens.

Totalmente sem noção da realidade, ao terminar de encenar a minha novela “ Corpo Estranho” em frente ao espelho ( eu era todos os personagens, o diretor, o roteirista e o espectador ao mesmo tempo ), depois de ininterruptos dois meses [três capítulos por dia] , exausto, em delírio, me entusiasmei com a minha pretensa genialidade dramatúgica e botei na minha cabeça (oca) que iria ser co-roteirista de novelas da Globo e fui me inscrever num curso na CAL do Rio de Janeiro ( um centro de artes em Laranjeiras voltado pro teatro e o audiovisual, muito consagrado no Rio, de onde saíram vários atores e roteiristas conhecidos na Globo).

Tava a fim de conhecer novas técnicas específicas na área e mostrar o meu gigantesco talento.

O curso:

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ROTEIRO PARA TV – Iniciantes

Dirigido a pessoas interessadas em ingressar no universo da criação de roteiros para televisão, o workshop tem por objetivo introduzir os conceitos básicos da dramaturgia e transmitir de forma prática as técnicas necessárias para a construção de um roteiro audiovisual. O programa do curso propõe ir além da parte teórica, colocando em prática os tópicos abordados em cada aula, através de exercícios direcionados. 

Ao longo do curso, os alunos terão a oportunidade de roteirizar um conto a ser escolhido pelo ministrante. Com base nesse texto, serão trabalhadas em aula todas as técnicas para elaboração de um roteiro para tv, partindo da escolha do conflito e finalizando com a construção da cena.
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De início,nem fiz a inscrição. Assisti duas aulas só como ouvinte pra ver qual era. O curso, ao meu ver, seria muito interessante, e acabei decidindo fazê-lo, mas, azar de merda fracassado, quando ia voltar ao Rio pra fazer finalmente a inscrição, descobri que a porra da minha conta bancária no Itaú tava negativa e eu tava sem um puto no bolso.

Tive que desistir, por enquanto de fazer o curso que tanto queria.

Porra, mas não me contentei! Eu tinha que por em prática a minha exorbitante verve dramatúrgica ( sobretudo no processo de construção de personagens e diálogos que eu já tinha exercitado pra caralho). Comecei a escrever uma outra novela: “ Caleidoscópio”, pois tinha que continuar praticando a minha talentosíssima capacidade de construir personagens.

** Vai aqui um comentário: todos os adjetivos elogiosos sobre a minha capacidade textual foram de mim para comigo mesmo. Ninguém, além desse que vos escreve, havia lido sequer uma linha de “Corpo Estranho” e “Caleidoscópio”. Um dado bastante importante para por em dúvida minha qualidade como autor, não é?

Mas, desiludido pela decepção de não ter podido fazer o tal curso e principalmente por não ter podido submeter ao crivo de especialistas meu talento noveleiro, encaxotei meus livros técnicos de roteiros e voltei ao ócio.

Ainda ocioso, tendo engordado vinte quilos em dois meses por conta desse processo estapafúrdio de ficar enfurnado em casa escrevendo novelas e comendo só feijoada enlatada, cercado de centenas de latas de cerveja e guimbas de cigarro espalhadas por tudo quanto era canto, me revoltei e decidi sair do ócio. Comecei a fuçar na internet ( contradição em termos: sair do ócio – entrar na internet). Até então ( meados de fevereiro de 2009) eu só usava a net pra ver meus e-mails e postar textos nesta merda deste blog, e eu não conhecia mais nada do mundo virtual.

Eis que recebo um e-mail de um amigo convidando-me para participar como membro de um site de relacionamentos chamado Orkut. Claro que eu já tinha ouvido falar dessa porcaria, mas nunca havia me interessado em saber mais detalhes , muito menos me inscrever. Até porque, eu achei meio estranho colocar fotos minhas, dados pessoais, gostos, preferências, pra gente que eu nunca tinha visto na minha vida poder vasculhar. Me dava a impressão de que eu era uma espécie de personagem de um novelão onde as pessoas pudessem traçar mal e porcamente um suposto perfil psicológico meu sem que me conhecessem de verdade. Uma parada fictícia, estereotipada, mas que as fizessem acreditar que eu existia na real.

(...)

Eureka!

Porra! Putaquepariu! Tava ali a chance de eu botar em prática toda a minha neurose dramatúrgica em construir personagens.

Freneticamente fui criando perfis fakes e alimentando-os com dados para que ficassem o mais críveis possível. Trabalho hercúleo. Criei 126 perfis. Homens de meia-idade, mulheres carentes, transexuais, universitários, adolescentes ( de ambos os sexos), artistas, músicos, acreanos, cariocas, negros, ninfomaníacas, emos, senhoras viúvas, publicitários cocainômanos, estudantes de Direito, donas de casa, ex-presidiários, mulheres petistas com cabelo no sovaco, professores universitários, indígenas, punks, judeus, neonazistas, lésbicas, intelectuais, o caralho a quatro. Toda a fauna humana. As fotos pra colocar nos perfis, eu as roubava de facebooks, fotologs e do google. Imagem, de gente distante que eu nunca vi. Pra cada um desses perfis, eu tinha que adicionar ao menos umas oitenta comunidades de interesse ( que tivesse a ver com o personagem), fazer centenas de amigos e depoimentos de uns sobre os outros a respeito das suas personalidades.

Fiquei fazendo neuroticamente a manutenção do perfil dessas 126 pessoas, num processo completamente insano, onde às vezes um quebrava o pau com o outro por ciúmes de uma terceira pessoa que havia mandado um recado carinhoso ( tudo de fakes meus). Essa trabalheira do cacete só pra dar credibilidade aos perfis.

E deu!

Pior: como evidenciei que esse terreno de sites de relacionamentos é predominantemente recheado de pessoas extremamente carentes emocionalmente, muitas pessoas ( de verdade) começaram a flertar com os meus perfis. E eu sadicamente correspondia. Gente que dizia-se apaixonada. Que falava que éramos ( eles e os meus perfis, que fique bem claro) almas gêmeas. Que tínhamos as mesmas afinidades culinárias, musicais, sexuais, intelectuais, políticas, emocionais, artísticas, o escambau.

A coisa perdeu completamente o rumo. Acabou ficando maior do que a minha capacidade de controlar. Alguns perfis pareciam que tinham tomado vida própria. Emitiam opiniões que não eram as minhas. Marcavam noivado. Trocavam fotos e confidências ( na parte de depoimentos) sem a minha autorização. Esses perfis começaram a usar meus dedos para digitar coisas que eu não queria. Virou uma parada completamente esquizofrênica. Gente de verdade, do outro lado da tela, fazendo planos pra sua própria vida, baseando-se, sem que soubessem, nas emoções de perfis fakes.

Rolaram até pedidos de casamento. Planos para ter filhos. Gente querendo até largar tudo ( casa, família) e mudar de estado para morar com a pessoa amada (o meu fake).

Putz! Que doideira!

Um camarada do Espírito Santo quis depositar uma grana alta na conta de um dos meus fakes ( a Rúbia – 20 anos, universitária, saxofonista, filiada à UNE, carinhosa e tímida) pra que ela fosse morar com ele lá em Vila Velha. Parada sinistra pra caralho. Isso foi se sucedendo com quase todos os perfis. Dezenas de pessoas apaixonadas por gente que não existia. Ou melhor: só existia na minha cabeça. Eu comecei a ficar totalmente bolado. A realidade começou a invadir o terreno da ficção.

Há duas semanas atrás joguei fora as senhas dos 126 perfis. Não havia mais como sustentar aquela novela onde os personagens eram pessoas de carne, osso e sentimentos reais. Teve um demente que chegou a dizer pro meu fake Magdalena ( negra, do lar, mãe de dois filhos, casada mas insatisfeita com a relação, adepta da seicho-no-iê) que se ela deixasse de se comunicar com ele, ele se mataria. Sério mesmo! Sinistão!

Fiquei meio deprimido. Não especificamente pelo mal que pudesse ter causado, ou pela ferida emocional que essas pessoas de verdade estivessem sofrendo pelo amor perdido. Quanto a isso, foda-se. Problema dos(as) otários(as) que acreditam em papo de Orkut. Mas fiquei baixo-astral, sim, porque toda essa trama daria uma puta novela que eu não poderia divulgar, já que se eu desse os nomes e estarrasse geral, acho que ia ter gente querendo me matar de verdade.

Essa novela ia se chamar “Realidade Paralela”.