Submeti ao crivo de alguns amigos professores de Literatura ( e para alguns escritores ) um conto meu para que avaliassem tecnicamente aspectos textuais. Eu queria saber se o texto tava uma porcaria ou não. Deméritos literários à parte, nenhum deles se ateve ao que eu buscava: me informar se a porra do conto tem algum valor literário! Unânimes, afirmaram somente que o conto tinha um cunho “extremanente” racista, e restringiram suas opiniões a este pormenor.
Fiquei sem saber se a porcaria do texto poderia ser considerado Literatura.
Não sou racista nem anti-racista, nem levanto bandeira pra nenhum dos dois. Cada um que saiba argumentar a seu favor. Somente escrevi a merda do conto.
Não sou racista nem anti-racista, nem levanto bandeira pra nenhum dos dois. Cada um que saiba argumentar a seu favor. Somente escrevi a merda do conto.
Mas, foda-se. Escrevi o conto, mandei pra essa galera e mesmo assim continuei sem as respostas que queria.
Ei-lo:
*********************
CATIVEIRO
Feliz, enquanto a mãe e os irmãos cantavam as velhas cantigas dos antepassados lá na lavoura, ela ia fazendo o trajeto para a Casa Grande carregando saltitante as cestas com a colheita. Era sonho. Quando acordou, lembrou-se imediatamente que estava na senzala. Cheiro de madeira podre molhada. Os grilhões reluzindo pela única fresta de sol que entrava no cubículo não lhe deixava dúvidas, estava sim na senzala. Três dias nesse cativeiro. Umidade. Ela estava ali, não tinha dúvida, por causa da cor escura da sua pele. Por ser bonita e jovem. Era escrava sexual dele. Ele não dava trégua. “Sua preta imprestável”. “Sim sinhô”. E chicoteava-a sem piedade. Nua, suja, humilhada, seu cabelo pixaim desgrenhado pelos violentos puxões dados, quando ele violentava-a por trás, reafirmava a idéia de que a sua vaidade ia se esvaindo, como ele queria. “Crioula imunda lambe meu pé. Cadela. Lambe o saco do seu Senhor.” Eram muitas as humilhações verbais. “Você é bicho, não é gente. Chupa meu pau. Olha, se arranhar meu caralho com os dentes, sua asquerosa, vai tomar mais trinta chibatadas. Quer? Quer?”. Ela reunindo o cadinho de forças que lhe restava, dedicava-se a fazer como ele queria, se não fizesse bem feito, sabia que ia levar mais porrada, mais chicotada. “Sim sinhô, sinhozinho”. Ele não dava descanso. Humilhava cada vez mais. “Gente suja essa crioulada!” Às vezes ele pagava ela de surpresa. Como na vez que ela tava lá, no chão imundo, deitada de bruços, dormindo, descansando das curras anteriores e ele chegou repentinamente por cima, de surpresa, feroz, segurando os pulsos pra que ela não virasse pra cima. “Não me olha sua negra fedorenta desgraçada, raça ruim! ”. Assustada, acordando pro novo pesadelo, sente o pau dele arranhando no cu mulato comido à força. O suvaco cabeludo sufocando-a. Três dias consecutivos de torturas físicas, morais e sexuais. O corpo rechonchudo talvez tenha dado mais resistência. “Mas que catinga artida sua preta imunda! Macaca piolhenta!”No segundo dia é que foi o pior. Ele trouxera mais dois brancos para ajudarem a currá-la. “ Podem ficar á vontade, é igual à uma bezerrinha, só que a bezerrinha é mais apertadinha”. E riram os dois senhores enquanto revezavam na sua vagina já esfolada. E beliscaram com alicate no mamilo. “ Tirando leitinho da teta da bezerrinha”. E pegaram a sua cabeça e forçaram-na a colocar dois pênis na boca ao mesmo tempo. Ela golfando. Duas chibatadas queimando nas costas nuas. “Se vomitar apanha mais, preta”. Quarto dia. Só ela e ele lá. Depois de mais uma sessão de torturas, esgotada, garganta colando de sede, pediu água. “Por favor sinhozinho, água eu suplico”. Recebeu. Uma água amarela, quente, fétida, saindo do pênis dele. “Porca tem que beber urina”. Não tinha fim. Ou melhor, a tortura temporariamente teve fim quando o telefone tocou. Ela atendeu e, enquanto olhava pra ele, respondia: “Alô. Sim senhora Dona Verônica. A senhora vai chegar de viagem só na terça-feira? Podeixar então que eu passo o recado pro patrão. Sim. Sim. Boa viagem. Tchau.”. E gritou pra ele: “Que maravilha! A gente tem mais três dias de cativeiro.”
**************
(Alexandre Coimbra Gomes – escrito em 20 de novembro de 2009)
**************
Por alguns considerarem alguns outros contos meus, publicados na rede e impressos, unicamente como “cruéis”, “pervertidos” e “violentos”, fiz esse pra tentar provar que poderia escrever um conto de amor. Um singelo conto de amor. Autobiográfico, por sinal. Que vivi.
Um conhecido, escritor e advogado, ao receber esse conto por e-mail para que desse a sua opinião, restringiu-se a responder somente:
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Alexandre,
A Lei 9459, de 13 de maio de 1997, corrigiu a Lei 7716, de 15 de janeiro de 1989, modificando os artigos 1º e 20, e revogou o artigo 1º da Lei 8081 e a Lei 8882, de 3.6.94. A lei pune, com penas de até cinco anos de reclusão, além das multas, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, de cor ou etnia.
A Magna Carta de 1988, relatada pelo atual Senador Bernardo Cabral, distinguiu esse crime com sede própria, entre os direitos e deveres individuais e coletivos, no Título destinado aos Direitos e Garantias Fundamentais, prevendo que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, como já o fazia a carta anterior, sujeito à pena de reclusão (mais grave que a mera detenção), cabendo sua definição à lei.
Portanto, amigo,cuidado ao publicá-lo, pode lhe trazer problemas.
Saudações,
Dr. *****
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Dr. *****, não vi porcaria de racismo nenhum meu ali no conto. Foi só um conto de amor.
Ei-lo:
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CATIVEIRO
Feliz, enquanto a mãe e os irmãos cantavam as velhas cantigas dos antepassados lá na lavoura, ela ia fazendo o trajeto para a Casa Grande carregando saltitante as cestas com a colheita. Era sonho. Quando acordou, lembrou-se imediatamente que estava na senzala. Cheiro de madeira podre molhada. Os grilhões reluzindo pela única fresta de sol que entrava no cubículo não lhe deixava dúvidas, estava sim na senzala. Três dias nesse cativeiro. Umidade. Ela estava ali, não tinha dúvida, por causa da cor escura da sua pele. Por ser bonita e jovem. Era escrava sexual dele. Ele não dava trégua. “Sua preta imprestável”. “Sim sinhô”. E chicoteava-a sem piedade. Nua, suja, humilhada, seu cabelo pixaim desgrenhado pelos violentos puxões dados, quando ele violentava-a por trás, reafirmava a idéia de que a sua vaidade ia se esvaindo, como ele queria. “Crioula imunda lambe meu pé. Cadela. Lambe o saco do seu Senhor.” Eram muitas as humilhações verbais. “Você é bicho, não é gente. Chupa meu pau. Olha, se arranhar meu caralho com os dentes, sua asquerosa, vai tomar mais trinta chibatadas. Quer? Quer?”. Ela reunindo o cadinho de forças que lhe restava, dedicava-se a fazer como ele queria, se não fizesse bem feito, sabia que ia levar mais porrada, mais chicotada. “Sim sinhô, sinhozinho”. Ele não dava descanso. Humilhava cada vez mais. “Gente suja essa crioulada!” Às vezes ele pagava ela de surpresa. Como na vez que ela tava lá, no chão imundo, deitada de bruços, dormindo, descansando das curras anteriores e ele chegou repentinamente por cima, de surpresa, feroz, segurando os pulsos pra que ela não virasse pra cima. “Não me olha sua negra fedorenta desgraçada, raça ruim! ”. Assustada, acordando pro novo pesadelo, sente o pau dele arranhando no cu mulato comido à força. O suvaco cabeludo sufocando-a. Três dias consecutivos de torturas físicas, morais e sexuais. O corpo rechonchudo talvez tenha dado mais resistência. “Mas que catinga artida sua preta imunda! Macaca piolhenta!”No segundo dia é que foi o pior. Ele trouxera mais dois brancos para ajudarem a currá-la. “ Podem ficar á vontade, é igual à uma bezerrinha, só que a bezerrinha é mais apertadinha”. E riram os dois senhores enquanto revezavam na sua vagina já esfolada. E beliscaram com alicate no mamilo. “ Tirando leitinho da teta da bezerrinha”. E pegaram a sua cabeça e forçaram-na a colocar dois pênis na boca ao mesmo tempo. Ela golfando. Duas chibatadas queimando nas costas nuas. “Se vomitar apanha mais, preta”. Quarto dia. Só ela e ele lá. Depois de mais uma sessão de torturas, esgotada, garganta colando de sede, pediu água. “Por favor sinhozinho, água eu suplico”. Recebeu. Uma água amarela, quente, fétida, saindo do pênis dele. “Porca tem que beber urina”. Não tinha fim. Ou melhor, a tortura temporariamente teve fim quando o telefone tocou. Ela atendeu e, enquanto olhava pra ele, respondia: “Alô. Sim senhora Dona Verônica. A senhora vai chegar de viagem só na terça-feira? Podeixar então que eu passo o recado pro patrão. Sim. Sim. Boa viagem. Tchau.”. E gritou pra ele: “Que maravilha! A gente tem mais três dias de cativeiro.”
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(Alexandre Coimbra Gomes – escrito em 20 de novembro de 2009)
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Por alguns considerarem alguns outros contos meus, publicados na rede e impressos, unicamente como “cruéis”, “pervertidos” e “violentos”, fiz esse pra tentar provar que poderia escrever um conto de amor. Um singelo conto de amor. Autobiográfico, por sinal. Que vivi.
Um conhecido, escritor e advogado, ao receber esse conto por e-mail para que desse a sua opinião, restringiu-se a responder somente:
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Alexandre,
A Lei 9459, de 13 de maio de 1997, corrigiu a Lei 7716, de 15 de janeiro de 1989, modificando os artigos 1º e 20, e revogou o artigo 1º da Lei 8081 e a Lei 8882, de 3.6.94. A lei pune, com penas de até cinco anos de reclusão, além das multas, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, de cor ou etnia.
A Magna Carta de 1988, relatada pelo atual Senador Bernardo Cabral, distinguiu esse crime com sede própria, entre os direitos e deveres individuais e coletivos, no Título destinado aos Direitos e Garantias Fundamentais, prevendo que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, como já o fazia a carta anterior, sujeito à pena de reclusão (mais grave que a mera detenção), cabendo sua definição à lei.
Portanto, amigo,cuidado ao publicá-lo, pode lhe trazer problemas.
Saudações,
Dr. *****
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Dr. *****, não vi porcaria de racismo nenhum meu ali no conto. Foi só um conto de amor.
Racista, eu? Ainda que quisesse sê-lo, não tenho, nem quero ter, argumentos que justifiquem a supremacia de uma raça sobre outra: negro superior a branco ou branco superior a preto. Tô cagando ( na entrada e na saída) pra isso.
Os racistas que quiserem ver racismo, que vejam.
Quis fazer um lindo conto de amor e cumplicidade sexual.
Quis fazer um lindo conto de amor e cumplicidade sexual.
Se alguém aqui no blog puder opinar, agradeço.
15 comentários:
Alexandre,'o tal do Dr.*** é meio tapado, né? O conto é do mais saudável sado-masoquismo, onde carrasco e vítima se confundem... Fora isso, tratando-se de ficção, não pode haver esse tipo de julgamento moral e tal... E o conto é ótimo também... Leva a gente prum lado e, depois, para o outro. Só fiquei meio assim foi com um comentário seu, dizendo que não é anti-racismo... Racistas são a escória ética da sociedade... E a burrice mais pura que há... Abraço,
André Sant'Anna
Fracassado,
Gostei do ardil que criou ao postar esse teu conto, provocando uma discussão que não caberia,óbvio, à esfera do preconceito racial, já que, sendo ficcional, o texto permite toda e qualquer investida textual. Os otários é que caem na armadilha. e como têm otários pra isso! asuasuhua
Não me interessa se você é racista, nazista, homofóbico, o que for. O que me interessou foi o texto. E você conseguiu maquiar o que mais interessa, o lindo sadomasoquismo evidente,com esse aspecto racial do conto, o que menos interessa. Poderia ser qualquer outro tipo de flagelação. E escolheu este sem levantar bandeira - pró ou contra - ou caindo no denuncismo barato. Apenas o fez.
O que achei mais intrépido foi você ter extrapolado o limite semântico, esfregando na minha cara palavras fortemente racistas que não ousariam serem escritas em outras circunstâncias que não as literárias -sob penas legais (Aí, sim, estaria com razão o tal Dr. ****). Portanto, o texto, ao meu ver, é puramente Literário, e dos bons. Sendo,portanto, é excludente qualquer tipo de acusação racista. No conto, como foi deliberada a intenção da moça de ser humilhada de uma forma claramente masoquista, você me pôs em êxtase como voyer de uma relação aberta que busca o prazer ao limite máximo. Até me masturbei lendo-o.
Como espectador do que rolou “entre quatro paredes” nessa relação, vi o quanto somos hipócritas em não admitir que todos temos as nossas “pequenas perversões”. Se é baseado numa experiência pessoal , sorte tua ter vivenciado algo com tamanha intensidade sexual. Lá em casa, a minha esposa “do lar”, lá de vez em quando, pro meu azar, gosta de ser chamada de “puta” e “vagabunda” na cama. Só de vez em quando... Será que eu feriria o “direito das mulheres” se fizesse um conto sobre isso? Não faço porque não tenho, digo sinceramente, a perspicácia textual que você teve ao confeccionar este.
Gostei pra caralho do conto. Fina flor. De fracassado não tem nada. Poste outros assim.
Abs,
O voyer.
Retrate-se, ou retire o texto! O conto é totalmente ofensivo ao povo negro. Por muito menos, um infeliz teve que se retratar. Veja o caso:
“No domingo, 22 de novembro de 2009, navegando pela Rede Mundial de Computadores deparei-me com o blog http://febrealta.blogger.com.br/ , de um advogado palmeirense de Sorocaba chamado Randall.
Ao fazer referências em 19 de novembro à briga entre os atletas Maurício e Obina, este fora alcunhado das mais chulas expressões racistas. Para o Dr. Randall, Obina seria um Babuíno; um macaco.
Imediatamente, o Clube dos 4, indignado com o racismo escancarado do causídico bandeirante, mandou uma mensagem através do Twitter: "Que o MP estadual intervenha ou @MPF_SP http://bit.ly/1TVjtf isso é um crime intolerável Denunciem!!". A mesma logo se espalhou tal um vírus.
Ato contínuo, o blog bateu recordes de acesso e o Dr. Randall, esperto que é, suprimiu dois parágrafos de ofensas no texto de 19 de novembro e trocou Babuíno por retardado.
Em que pese a tentativa de supressão da prova, Dr. Randall refutou da seguinte forma a dois internautas que protestaram. Ao leitor Michel, disse o advogado nos comentários do dia 19 de novembro: "Michel é nome de Bambi..". A outro confirmou o racismo: " Eu acho o Obina simiesco, inclusive com a falta de quociente intelectual que faltaria para ele ser classificado como humano...". Isso ainda está lá....
Simiesco, como sabido, é sinônimo de macaco. Tão materializado e ostensivo fora o crime, que se esquecera o Dr. Randall de apagar seus comentários.”
Sr. Alexandre, se pretendeu algo literário ou não, há um crime e deve ser retratado. Há tempo, sempre há tempo, de pedir desculpas em público.
cara, eu nao sou racista mas eu brinco mt c negros chamado de negao, essas coisas
mas tem uma grande diferença entre brincar c a cor e ser preconceituoso....
brincar c a cor e q nem eles fazem no big brother chamando o cara de negao
preconceito e esse conto: pow cara flar q e desagradavel sentar do lado d um negro ja é abuso eu brinco mt c a cor mais o conto e racista p caramba
não manjo muito de literatura não mas nao faria essas putarias não. o conto tá sinistro de preconceitos
oblog era engracado e eu seguia mais tá semgraça esse post sinistrão racista
prgou pesado kra
Então tudo é permitido em literatura? Até racismo? Acredito que não tenha contribuído em nada você ter vomitado aquelas palavras presentes no conto ofensivas aos negros. Se pretende ser um escritor, não apele pra esse tipo de sensacionalismo barato. Um escritor DE VERDADE não recorreria a esse tipo de artifício pra chamar a atenção. Ainda que seja ficção, os termos ofensivos agridem - como pretende desesperadamente pra chamar apelativamente a atenção - pois, na árdua atual luta pelos direitos dos negros você só contribui para alimentar o fetiche senhor x escravo dos atuais racistas pervertidos de plantão. Tentando, inconsequentemente brincar com fogo, você acabará se queimando. Literariamente, digo. Falando em fogo, se houvesse uma KKK no Brasil, aí sim você seria louvado como um excelente escritor, mas não por méritos literários, e sim por fomentar uma justificativa da suposta supremacia branca.
Caro pretendente a escritor, conheça um escritor de verdade que tratou do mesmo assunto; o racismo. Refiro-me ao Mestre Machado de Assis. Leia os contos:
Pai contra mãe (RCV) - Bastante citado como um dos contos mais importantes de Machado sobre a escravidão no Brasil e o racismo.
Mariana (Jornal das Famílias, Janeiro de 1871) - Machado não incluiu este conto em suas coletâneas. Deve ser visto, entretanto, por uma abordagem do racismo tipicamente machadiana - sutil, abrangente -, e por apresentar mais um personagem,
Mariana, a mucama que precisa se submeter aos limites que lhe são impostos por sua condição social. Mariana ganha uma posição muito própria na galeria de personagens femininos de Machado.
Boa Leitura!
Denunciar crime de racismo fica mais fácil
Mudança no Código Penal retirou exigência de contratação de advogado para levar adiante queixas de discriminação racial.
Agora, basta registrar o boletim de ocorrência e acionar o Ministério Público.
Denunciar crime de racismo está menos burocrático, graças a uma recente mudança no Código Penal.
Desde 29 de setembro de 2009, o artigo 145 não exige mais que se contrate advogado para levar adiante queixas de discriminação, mesmo que já se tenha levado o caso à polícia. Basta registrar boletim de ocorrência e acionar o Ministério Público de qualquer cidade.
Antes da mudança na legislação, quem sofresse injúria precisava registrar o fato na delegacia, mas tinha seis meses para também ir à Justiça, por conta própria, através de advogado. Era uma ação penal privada. Muitas pessoas não sabiam que precisavam constituir advogado ou buscar a Defensoria Pública e a denúncia não resultava em nada.
Agora, a partir das denúncias, a polícia tem 30 dias para concluir o inquérito e remetê-lo aos promotores. Estes têm 15 dias para decidir se oferecem denúncia contra o agressor, solicitam novas diligências ou arquivam o processo.
A modificação da lei facilita o fortalecimento dos direitos.
Porque se há um crime que é difícil de provar é o da discriminação racial. Essa medida estimula-nos a defender o que é nosso por direito.
Querido Fracassado, não sei se vai se recordar de mim. Participei de uma oficina de textos do Marcelino Freire contigo ano passado na Odeon, no Rio. Conheci seu blog quando me entregou pessoalmente o hilário cartão anunciando-o. Desde então o acompanho e sempre me divirto com as tuas divertidíssimas e dramáticas histórias.
Quanto a este último post, percebo que há opiniões bem controversas nos comentários. Veja bem, não estou saindo aqui em sua defesa, mas sugiro ignorar as falácias dos ignorantes que ignoraram a proposta de simplesmente analisar o texto. Você mesmo deixou claro que “estava cagando na entrada e na saída” ( gostei do trocadilho infame -rsrs ) pras acusações de racismo. Os que fazem ameaças e se escondem no anonimato, deveriam escrever formalmente pra ti, no teu e-mail, e não encher a sua caixa de comentários com essas idiotices e ameaças. Não esquente, cão que ladra não morde. Seria muita imbecilidade acionar o Ministério Público - com o dinheiro público, lembremos - acusando-o de racismo sem nenhum tipo de refutamento jurídico.
A discussão, como já foi dita aqui, é literária!
Portanto,quanto ao conto, apesar de bastante forte a temática, concordo contigo que é uma história de amor. Bem sui generis, entre um sádico e uma masoquista, mas de amor. Estou com o Yorzek quando ele diz que a maior ousadia tua foi aproveitar o veículo ficcional para empregar palavras tão contundentes. Não caberiam outras, acredito, na atmosfera do conto, pois a violência verbal na qual a moça é submetida é concomitante com a violência física. Por isso o conto, ao meu ver, é magnífico, ao estilo do Marquês de Sade que, suspeito, você deve tê-lo como referências literárias. Me lembro dos contos que leu na oficina que fizemos,que foram bem impactantes como este.
Sugiro neste conto, se me permite, que faça apenas uma revisãozinha em aspectos gramaticais como o emprego de vírgulas,repetições de palavras, etc. Nada que uma reescrita não sane.
Fracassado, tá com moral einh? :)
Parabenizo-o por ter sido lido e avaliado aqui nos comentários pelo André Sant'Anna, ótimo escritor de quem eu sou fã e que devorei todos os livros: “Amor”, “Sexo”, “Amor e outras histórias” e o estupendo “O paraíso é bem bacana”.
Dê ouvidos somente aos que conhecem literatura e sabem o que estão dizendo. O resto é uma cambada de desocupados, covardes, anônimos, que ficam semeando idiotices pelos blogs que lêem (sic).
Querido, desejo muito sucesso!
Ops! ...fracassos! -rsrs
Da mais fã ainda,
Priscila. ;)
É literatura. Pode gostar, amar, odiar e até ser indiferente. Mas é literatura. As pessoas gostam de literatura muito mais vil e baixa do que essa. Não fosse assim, Paulo Coelho não seria best seller.
Caralho!
Esse post foi seu maior "sucesso" no blog. Nenhuma outra postagem sua rendeu tantos comentários quanto esta sua Vênus de Peles de papéis trocados. O problema era que Masoch (ou Poldo ou Poldinho, pros íntimos) era meio boiolão, hein? Amante de fio terra e tudo mais.
Mas, no seu caso, você está mais pra Marquês de Sade. E se ele se "deu bem" com essa libertinagem em pleno século 18, porque você não se daria hoje em dia? Ah, é... tem a questão do rascimo, esqueci.
Bom, inverte os papéis das raças neste seu texto, aí vai funcionar... duvida?
Abraço!
É uma merda mesmo, cara! Mas você deveria imaginar que, ao postar o conto no blog, acabaria despertando a fúria da Patrulha da Internet, essa turma que fica de site em site, blog em blog, comunidade em comunidade, com as mãos trêmulas no mouse, os olhos injetados e a boca salivando, ansiando por encontrar um lugar onde possam digitar a plenos pulmões CRIME! DENÚNCIA! RETRATAÇÃO! JUSTIÇA! Citando leis e direitos dura e merecidamente conquistados e que, como todos os outros, devem ser reinvidicados com lucidez e bom senso, coisas que a gente não encontra no supermercado mais próximo.
O conto é muito bom, típico da sua proposta literária. Qualquer um que se interesse por sexo, pela sexualidade humana, sabe que esta possui as mais diversas facetas (cada um na sua - ou nas dos outros) e concebe naturalmente a situação descrita no conto e os rituais de dominação e submissão característicos do SM. E ainda há a inspiração autobiográfica (é mesmo? Caraca!). No mais, estou com a Priscila: continue escrevendo e não esquenta com os imbecis. O mundo é deles mesmo. E eles nem sabem que em literatura - em arte - TUDO é permitido, feliz e/ou infelizmente.
Eu só não sabia que você desconhecia Machado de Assis.
Um abraço,
Sérgio
Caros leitores deste blog,
Me chamaram a atenção os comentários que observaram o aspecto sadomasoquista desse conto, pois me lembrei que, assim que o escrevi, em novembro do ano passado, enviei-o por e-mail para o escritor Glauco Mattoso,que admiro muito e com quem tive o prazer, logo depois, de dividir a pena, escrevendo um conto em parceria no seu livro “Contos Hediondos”
http://www.annablume.com.br/comercio/product_info.php?cPath=51&products_id=1182 .
Profundo conhecedor da literatura e da práxis sadomasoquista, Glauco Mattoso, na época, ao lê-lo, fez o seguinte comentário sobre esse conto:
“ Alexandre, este conto é forte e excitante, mas lê-lo sabendo que há um fundo de verdade, como você me contou à parte, é uma coisa. Pra quem lê sem saber, pode alimentar a punheta, mas como conto parecerá um ritual igual a qualquer outro, exceto pela atitude dela no desfecho. E se tudo era previsível, uns acharão que faltou tortura, outros que sobrou. A mim parece na dose certa...GLAUCO”
Semana passada, antes de publicá-lo aqui no blog, por conta do e-mail tenebroso e ameaçador do Dr. **** e das prévias acusações por parte de algumas pessoas de que se eu o postasse, provavelmente iria irritar os patrulheiros idiotas de plantão ( como previsto), reenviei-o para o Glauco para que desse a sua opinião. Que respondeu por e-mail antes de eu publicá-lo:
“Alexandre, nem preciso reler aquelle conto, pois me lembro bem. Só tenho a commentar o seguinte: si fosse no meu caso, em que tantos sonetos e contos me collocam na posição de escravo dos negros, tenho certeza de que ninguem veria racismo... (risos) Acho que você nem precisaria se
retractar ou retirar o conto, mas eu addicionaria uma advertencia do typo "este é um texto de ficção, thematizando ironicamente uma realidade psychologica e social, mas não reflecte a posição pessoal do auctor nem allude a factos ou pessoas etc." De resto, essa praia do racismo tem sido cavallo de batalha para todo typo de controversia, e sei de rockeiros que foram accusados (in)justamente daquillo contra o qual compuzeram lettra, quando mexi com som punk nos noventa... (risos)
Emfim, a decisão é sua. Si quizer copiar meu commentario, fique à vontade, mas mantenha minha orthographia, sinão eu processo você por desrespeitar a integridade alheia, hem? (mais risos) GLAUCO”
Faço das palavras do Glauco as minhas.
****
PS> Para saber sobre a adoção dessa “nova” ortographia do Glauco, leiam, é do caralho:
http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=3762#texto
****
Fiquei muito feliz pelos comentários feitos. Todos me fizeram perceber as reações ( negativas e positivas) que o conto provocou ( ou provocará ). A idéia era justamente essa: ver a ressonância desse meu conto aos olhos de outras pessoas. Fiquei até surpreso pela quantidade de opiniões e pelos leitores deste tosco blog que gastaram seus preciosos tempos escrevendo sobre o texto de um Merda Fracassado.
Agradeço pelos comentários elogiosos e também pelos que me esculhambaram. Principalmente ao mestre Glauco Mattoso. Aos que me ameaçaram, peço que as cumpram formalmente, sem se esconderem no anonimato. Quem quiser perder tempo me processando é só me mandar um e-mail que eu forneço todos os meus dados necessários para tal desperdício de tempo...
...pois...
É OBVIO QUE EU NÃO VOU ME RETRATAR NEM RETIRAR O CONTO DO BLOG!
Abraços,
O Merda Fracassado.
O conto é muito bom. O final do dá uma amarração excelente, com um desfecho que nos obriga a mudar a visada que, imagino, a média dos leitores tenha até deparar com o inesperado desenlace. Literatura (arte?) é intriga. Ou te violenta, ou não vale a pena. De insosso Basta o discurso politicamente correto. Quanto ao Clube DE 4: vão pentear macaco, seus chatos!
Não sei até que ponto é interessante transformar este espaço/discussão em um FlaxFlu. O conto é bom, mas há outros (seus) melhores, por isso já está na hora de partir para o livro (o antigo, de papel, isto é, se for vontade sua).
Concordo com os que defendem o papel catártico e experimental da literatura, arte é exatamente isto, mas não vou dirigir ofensas aos que discordam.
Meu caro Merda, os elogios são, 99% das vezes (ou seria 98?), menos úteis que as ofensas e críticas.
bacana isso... será q se o salário final da empregada mucama ou quem seja...fosse revelado alguem estaria protestando? por um milhão de dólares rerereerer... jah viu o pelé reclamar de racismo? enjoy it.
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