fracassos

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sábado, 26 de dezembro de 2009

EM BUSCA DO PAR PERFEITO FRACASSADO



Na minha árdua peregrinação em busca da mulher ideal, tentei participar de salas de bate-papo, orkut, facebok, classificados em revistas pornôs ( depois escrevo sobre isso com mais calma), namoro on-line, até o bizarro “chat-chat-chat-line”. Cheguei a uma conclusão: nesses meios, as pessoas se apresentam não como elas são e sim como elas querem que as outras as vejam. Veja bem, não digo que estão mentindo, o que é verdade, não mentem, mas pior: omitem. O simples fato de ter apenas o bate-papo digitado e, quiçá, uma cam ou foto, não faz com que você possa saber quem a pessoa realmente é.

Saca só:

Num dos anúncios que coloquei em um site de namoros, me descrevi:

“Tenho 1,88m, peso 90 kg, sou moreno, olhos pretos.”

Fui sincero e fiel às minhas características físicas. Dá pra saber quem eu sou? Sim?

Peguei a descrição acima e pesquisei alguns homens, possíveis concorrentes meus, que, como eu, têm as MESMAS características:

Paulo Zulu, Lacráia ( do Créu), Jesus Cristo, Léo ( da dupla sertaneja Vitor & Léo), Rogéria, Immanuel Kant, Charles Manson, Padre Fábio de Melo, Mahmoud Ahmadinejad , Falcão ( O Brega), José Luis Datena, Grouxo Marx, Fernando Collor de Melo,Thiago Lacerda, Poeta Gentileza, Walter Benjamin, Eu ( O Fracassado), Dedé Santana, Márcio Garcia, Missionário R. R. Soares, Roberta Close, Michel Foucault, Tiririca, Ashton Kutcher, Maníaco do Parque,Vik Muniz, Hugo Chaves, Keanu Reeves, Arthur Bispo do Rosário...

Qualquer um desses poderia colocar um anúncio com essas características, porque todos têm em comum: altura, peso,cor da pele e cor dos olhos. Apenas com algumas diferencinhas de personalidade.

O ideal não é idealizar, mas todos(as) idealizam e por isso, na maioria das vezes eu me fudi logo no primeiro encontro ( minha intenção era fazer isso com a parceira), tamanha a decepção.

Minha mulher ideal é qualquer uma que tenha a idéia de me aceitar. Basta.

Portanto, pra conseguir a tal mulher ideal, tive uma idéia: anunciar não as características físicas, mas as de personalidade. Não as positivas, e sim as possivelmente negativas. Explico. O que eu fiz, foi descrever-me citando coisas das quais eu não gosto, advertindo e substituindo, assim, futuras decepções físicas (como algumas minas que estavam esperando alguém parecido com o Thiago Lacerda e conheceram o sósia do Dedé Santana).

Pus o anúncio em tudo quanto era site de relacionamentos:

“Oi, minha futura namorada! Tenho como a minha principal característica a sinceridade. Não gosto de cachorro ( ou qualquer outro tipo de animal irracional – exceto loiras gostosas ), não sei dirigir nem pretendo saber ( consequentemente não tenho nem terei carro), não gosto de crianças ( sou vasectomizado), após o sexo não gosto de “dormir de conchinha” ( quero ficar esparramadão na cama fumando meu Derby sossegado), não curto fazer as tais “preliminares”, só curto rock dos anos 50, ganho muito, muito, mal, não gosto de viajar ( sou um hermitão que fica preso dentro de casa lendo gibis e vendo filmes de terror trash - e odeio que me interrompam quando estou fazendo isso), odeio discutir a relação, não uso drogas mas sou um semi-alcoólatra ( o que, acho, é pior), odeio conversas inteligentes, não entendo porra nenhuma de literatura ou artes plásticas ou MBP ou de teatro, fumo dois maços de cigarro por dia ( quando estou calmo – quase nunca), uso a mesma cueca por três dias seguidos e, sei lá, tem outras paradas aê sobre mim que eu não me lembro.

Ahh.. e tenho fimose.

Amorzinho! Venha ser feliz ao lado do cara mais sincero do mundo!”

Se alguma gata me procurou depois desse anúncio? Nenhuma!

Mas, a última cartada de um merda quando está no fundo do poço é apelar para a mais baixa das tentativas: Colocar meu telefone aqui no “Autobiografia de um merda” e ver se alguma insana leitora deste malogrado blog ligue totalmente tesuda pra mim.

Acha tosco, caro leitor, brother de confidências fracassadas? Ponha-se no meu lugar e verá que seria a última coisa que lhe restaria.

Cara leitora: não tenho nada a dizer além do que já disse sobre mim. Minha vida, um livro (pessimamente escrito) aberto, está toda descrita neste blog. Releia as postagens e verá que dentro desse Merda Fracassado bate um coração carente.

Meu celular: 0xx24-99132569

( É sério! É o meu telefone pessoal! Não liguem pra trote, por favor! Minha vida amorosa está em jogo!)

Kisses no coração!

O seu Merda Fracassado.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

REVEILLON FRACASSASO ( REMEMBER)

Reveillon? Odeio essa porcaria! Espocar de fogos?

Já vi que vou passar esse ano novo sozinho,espocando a silibina [ descabelando o palhaço, cinco-contra-um...]



(Rima visual? Qualquer semelhança com uma ejaculação é mera coincidência!)


O motivo do meu ódio por essa festividade:


http://autobiografiadeummerda.blogspot.com/2008/12/reveillon-fracassado.html

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

AMIGO OCULTO FRACASSADO (REMEMBER)

Odeio festas e confraternizações de fim de ano. Odeio amigo oculto ( ou secreto, como seja). Consegui fugir de 17 neste mês.

Já falei sobre isso no fim do ano passado. O motivo da ojeriza? Coisa traumática:

http://autobiografiadeummerda.blogspot.com/2008/12/amigo-oculto-fracassado.html

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

EX-FUMANTE FRACASSADO



Meu tempo livre pra internet é curtíssimo, já que leciono em cinco escolas totalizando 702 alunos: 540 planos de aula mensais,702 provas pra corrigir (+ 702 provas de recuperação),702 testes,702 trabalhos,702 relatórios...



...sempre fumando.

Fracassado como sou, ainda uso essa fração do dia ( uma hora e meia, mais ou menos) – entre bater bronha e fumar - pra atualizar 3 blogues e um site ( sem ganhar um centavo com essa merda toda), 86 perfis fakes no twitter ( + 57 no orkut e 19 no facebook) – [ ver INTERNAUTA FRACASSADO] - , ler três contas de e-mail, visitar sites e blogues que gosto, planejar 18 aulas diárias ( meticulosamente, cada uma, com: objetivos gerais, objetivos específicos, metas, atividades,...) e ministrá-las – é lógico - e ainda terminar as merdas dos cinco livros que estou escrevendo simultaneamente.

...sempre fumando.
O milagroso Rivotril tem até segurado a onda ( a freqüência de bizarrices era dobrada antes do tarja-preta), mas tá foda!

Acendi, nervoso, um Free, e descobri, agora, relendo aquela porra do meu twitter, que eu tenho fumado pra caralho mesmo. Não tem jeito! É cisma! Toda vez que eu releio as minhas sinceras postagens no meu perfil verdadeiro do twitter, mais eu me convenço de que aquela porra é um raio-x do meu comportamento ( sexual, profissional, emocional...).

...sempre fumando.



E fiz as seguintes postagens sobre as minha relação com o fumo:

...sempre fumando.

Estudo diz que fumo previne contra mal de Parkinson. Tô livre de toda vez que for mijar, acabar batendo uma bronha. http://www1.folha.u
.4:53 PM Aug 11th from web


Por isso, eu fumo. Prefiro alzheimer a parkinson. É melhor esquecer de pagar a conta do chopp no botequim do que derramar ele todo.
4:55 PM Aug 11th from web


Tentativa de 6 largar o fumo: Cloridrato de bupropiona.Reações adversas: convulsões, insônia, tremor, cefaléia, tontura.Preferi as do cigarro.
.4:26 PM Aug 11th from web


Tentativa 5 de largar o fumo: Ver slides com fotos bizarras por decorrência do fumo.Fiquei tão ansioso vendo aquilo que passei a fumar mais
4:57 PM Aug 8th from web

Reparei que ontem exatamente às 12:34:56 eu tava fumando meu décimo cigarro do dia. Porra! 12:34:56 7/8/9 10º cigarro. Será algum presságio?
11:59 PM Aug 8h from web

Tentativa 4 de largar o fumo: Chiclete com gosto de cigarro. Horrível ! Passei até a fumar aqueles cigarros indianos com gosto de chiclete.
4:53 PM Aug 7th from web

Tentativa 3 de largar o fumo: Beber um copo de cigarro desmanchado na água. O gosto amargo me lembrou vermute e underberg. Voltei a beber.
4:50 PM Aug 6th from web

Tentativa 2 de largar o fumo: Adesivos.Estranho quando eu os colava no corpo.Parecia que eu tava escolhendo o local onde ia iniciar o câncer
4:49 PM Aug 5th from web

Tentativa 1 de largar o fumo:Piteira.Eu parecia um viadinho com aquilo.Tive com medo de perder o vício do cigarro e adquirir o de dar o rabo.
4:49 PM Aug 5th from web

No site anti-fumo: "SEJE BEM VINDO".A falta do fumo faz mal à Língua. http://bit.ly/Y0UE4
12:18 AM Aug 4th from web

Inventei um jogo do advinha recortando aquelas fotos asquerosas que têm atrás do maço. Vou virando: feto no vidro / feto no vidro( acertei!)
12:04 AM Aug 2th from web




Exercício mental do caralho o jogo. Eu mais erro que acerto. “Perna gangrenada/cara na UTI ( errei!)” – “Impotência/câncer no esôfago ( errei!)”
12:09 AM Aug 3th from web


Vai ser uma merda essa lei anti-fumo. Já tô até vendo as novas placas nos restaurantes: “Pré-INCA” ou “Local reservado para os impotentes”.
11:54 PM Aug 1th from web


Os patrulheiros anti-fumo de plantão vivem dizendo que o fumo causa impotência. Ainda bem que eu tenho o hábito de fumar só depois da foda.
11:48 PM Aug 1th from web

Beber, parei. Tô tentando parar de fumar.Dizem que se colocar uma caneta na boca, substitui o ato mecânico.Viciei em bic,já fumei dois maços
11:43 PM Aug 1th from web

Na verdade, eu não bebo muito.O problema é que o pouco que eu bebo me transforma em outra pessoa e essa pessoa, sim, é que bebe pra caralho!
6:55 PM Aug 7th from web

O foda é que uma brahma leva a outra que leva a outra que leva ao coquetel tarja-preta vs. álcool em excesso,que leva direto ao cemitério
6:52 PM Aug 7th from web

Tô há um mês sem beber. Ordem do psiquiatra que me receita os tarjas-pretas ( Rivotril) incompatíveis, óbvio, com o álcool.Tá foda! Nem uma brahminha...
16:50 PM Aug 6th from web




( eu, o Fracassado, em poucos anos)

domingo, 13 de dezembro de 2009

CRONISTA FRACASSADO

Como um bom fracassado, investi mal sucedidamente em mais uma tentativa literária. Desta vez, no gênero “crônica”.

Crônica segundo o wikipédia:

É um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem.

A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.


Pelo que sei sobre crônica, essa definição do wikipédia é totalmente tosca ( na verdade, fiquei com preguiça de transcrever a definição do dicionário Houaiss), mas dá pra ter mais ou menos uma idéia sobre o que é.

Sendo assim, ou assado, peguei um “tema banal” e dei a minha “visão de mundo” sobre o assunto escolhido.

Porra, pra mim, seguindo esses critérios, ao terminar de escrevê-la bastava enviá-la para revistas e jornais ( como recomendou o wikipédia) para que a publicassem.

Mandei uma cópia da tal crônica pra uma porrada de revistas e jornais na tentativa desesperada de vê-la publicada ( não antes de pretensamente registrá-la [ o que me fez jogar uma grana preta fora] )

Revistas: Cult, Revista Buttman, Ana Maria, Revista da Avon, 4 Rodas, Exame, Você S.A, Abusada, Men’s Health, Isto É, VIP, Trip, Nova, Playboy, Revista Executivo Fiscal Ltda, Claudia, Superinteressante, Revista do Pescador, Nova Escola, Revista da Viação Itapemirim, Mente & Cérebro, Info, G Magazine, Gloss , Caros Amigos, Contigo , Mundo Estranho, Revista das Religiões...


Jornais: Jornal da UNE, Jornal dos Sports, Jornal Monarquistas do Brasil, Jornal do PC do B, O Dia, Jornal do Brasil, Meia-Hora, O Globo, O Povo, Estadão, Jornal do Aposentado, Folha de São Paulo...

Algumas revistas e jornais até me responderam, xingando, a maioria me ignorou, nenhum(a) publicou.

A crônica:

###########

O MIJO & O MACHO: MODUS VIVANT



O mijo e o macho & a vida e a morte

Do menininho com o short arriado pela mãe, pingulim na mão que faz pipi no meio da rua ( que gracinha! todos pensam) ao velho no asilo exalando o forte cheiro de urina ( que velho fedorento! todos pensam), o mijo faz parte da vida do macho. Do nascimento à morte. Do bebê que molha o rosto do padre no batismo ao senhor encharcado de urina pela dor do enfarto fulminante. O mijo é presente em todas as etapas das nossas trajetórias: quando criança morremos de vergonha quando fazemos na cama; moleques, fazemos o concurso de mijo à distância entre os amigos; adolescentes, mijamos na piscina com medo da tal substância que torna-a azul para o nosso constragimento ( não há comprovação científica nenhuma disso); jovens, escrevemos eufóricos e emaconhados nosso nome na areia da praia ( sempre! sempre acaba antes de conseguirmos escrever e última letra); adultos, fazemos bêbados em qualquer esquina; na meia-idade temos a tal tesão de mijo ( diz a fêmea sacaneando: aproveita! aproveita que tá duro!); velhos, temos a humilhante frada geriátrica. No leito de morte, hospitalizados, lá vem a enfermeira mal-humorada trocar a sonda que, vulneráveis, só nos resta abaixar a(s) cabeça(s).

Não há com indissociar o mijo do macho. Nos momentos mais felizes e mais tristes ele está presente. Nos momentos “felizes & tristes” também: comemorando eufórico o golaço do nosso time no maraca, vem logo o saco de mijo estourar na nossa cabeça.

Os momentos mais constrangedores? Tá lá o mijo marcando presença. Nos momentos de alívio também: Quem, acima dos trinta anos, barriga cheia de cerveja, dormindo, não sonhou que estava mijando gostoso e acordou todo molhado? Sensação de alívio...Como a de mijar no chuveiro antes da bronha. Quem nunca fez isso?

O mijo, o macho & a manifestação sexual

Sim! O mijo interpõe-se também no sexo.

E quando, depois da foda, pau meia-bomba apontando pra privada e vem o jato duplo de mijo; um na água outro no chão. Coisa de macho.

Mas, relativo a mijo & foda, temos que ficar atentos. Por que as mulheres, quando acordamos de pau durão querendo tirar uma, podem dizer “sai pra lá sso é tesão de mijo!” e nós ,no meio da foda aceitamos que elas interrompam “porque me deu uma vontadezinha de fazer xixi!”, quando, depois do clima cortado, voltam todas eufóricas do banheiro,e o tesão foi pro bebeléu, pau molão, e elas ainda nos chamam de “broxas” ? Basta! Façam seus “xixis” antes de abrir as pernas pra nós!

Toda fêmea deve respeitar o mijo do macho.

Nunca se sinta constragido quando for dormir na casa da sogra e de madrugada te der uma vontade de mijar. Com medinho de “fazer barulho do mijo batendo na água”. Um conhecido de disse que quando acontece isso ele dá descarga ao mesmo tempo em que está mijando pra abafar o barulho. Nada disso! Mije no meio da água, fazendo o máximo de barulho possível. Mostra que é macho. Não fique com vergonha. Deixe que a sua sogra fique constrangida ao ouvir a barulheira!

O mijo, o macho & o marchand

O mijo não é só vulgaridade! É alta arte também.!- diriam as fêmeas.


Se te disserem isso, é porque estão se referindo ao polêmico urinol que o artista plástico Marcel Duchamp, com o pseudônimo de R. Mutt, em 1917, enviou para o Salão da Associação de Artistas Independentes de de Nova York.

Porra(é só uma interjeição, isso já é assunto pra outra crônica )! Alta arte é o caralho! Tendo como fonte um emboiolado conceito chamado de “ready made”, na verdade , tratou-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri. Um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com um título sugestivo de “Fontaine” (Fonte). Entretanto, a despeito do “gesto iconoclasta” de Duchamp a “Fonte” sofreu há um tempo uma depredação no Centro Pompidou, em Paris por um cara com a bexiga apertada que, revoltado, o atacou com um martelo. Não antes de dar uma boa mijada dentro.

Coisa de macho!

Há quem veja nas formas do urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que se pode, caso a fêmea queira insistir em rebaixar o mijo a frescas esferas intelectuais ensaie uma explicação psicanalítica ( outra frescuragem, mas proveitosa, no caso), dizendo que a fêmea tem - oriunda da tal "inveja do pênis" tem mente o membro masculino lançando urina sobre a forma feminina.

Xeque mate!

O mijo, o macho & a macheza

Como eu estava falando, o mijo nasceu pro macho. O mijo é e liberdade completa do macho, não da fêmea. Estamos em plena vantagem: mijar onde quiser: no pneu de um carro, no meio da estrada ( é, sempre passa um filho da puta num carro e grita “ô mijão”), porta de banco, moita, beira da praia.

Macho não fica em fila de porta de banheiro químico. Mija entre uma cabine e e outra.

No nosso lazer o mijo tá lá, presente. Quem não segurou o mijo, bexiga doendo de cerveja, esperando os últimos minutos da partida decisiva do se time?

O mijo & o macho & a medicina

Até na medicina o mijo é terapia: a tal urinoterapia. Uma espécia de “terapia alternativa” ou “filosofia de vida” que busca “a harmonia do corpo, da mente e do espírito através da ingestão de urina.” A prática remonta aos primórdios da história dos países orientais tendo se difundido também em culturas dos países do ocidente. Sua prática, asseveram os adeptos, previne e cura diversas doenças, existindo relatos de cura do câncer. Dizem que cientificamente, a urina não é tóxica e se compõe de 90% de água e 10% de nutrientes não absorvidos pelo corpo e hormônios.

Macho não bebe mijo. Macho bebe pra mijar para as fêmeas que curtem essa “terapia alternativa” beba nosso mijo.



O mijo, o macho & o meretrício

No sexo pervertido, há o chamado “golden shower”. Mijar em cima da mulher. Fazer ela bebê-lo. Todos os machos deviam ter a experiência de poder mijar na cara de uma mulher. Tratá-la como prostituta. Mas, antes de experimentar com a sua fêmea, vá numa profissional que entenda do assunto. Seu casamento ia por água abaixo se tentasse de cara na cara da sua esposa.

O mijo, o macho & o matrimônio

Falemos, então, de casamenteo.


“Tu já tá mijando de porta aberta!” é a senha que o sogro dá quando percebe que estamos enrolando no noivado e não casamos. Mas, não há do que esquentar a cabeça. Sogro também é macho e com certeza passou pela mesma pressão que nós. Já “mijou de porta aberta”.

Hormônio de macho é testosterona expelido pelo mijo. No chão, marcando território. Coisa antiga na vida do macho. Herança darwiniana do nosso antigo Ardipithecus ramidus, atualmente considerado o ancestral mais antigo do homem, com 4,4 milhões de anos. Simbolicamente, ainda marcamos território pelo mijo. Mostramos para as nossas fêmeas quem é que manda. Impor respeito. Impor respeito através do mijo.

Sim! Gradualmente, devemos impor o respeito às fêmeas pelo mijo sem que ela perceba. Deve-se aumetar o grau de intimidade de um namoro a partir da mijada, em sete etapas.

Siga-as:

1ª etapa mijar de porta fechada, fora da água, dando descarga ao mesmo tempo pra que o barulho não seja ouvido, levantando a tampa da privada;
2ª etapa: mijar fazendo barulho alto, tipo cavalo inteiro;
3ª etapa: mijar fazendo barulho alto tipo cavalo inteiro e não dar descarga;
4ª etapa: mijar de porta aberta fazendo barulho tipo cavalo inteiro e não dar descarga;
5ª etapa: mijar na tampa da privada de porta aberta fazendo barulho tipo cavalo inteiro e não dar descarga;
6º etapa: mijar no chão de porta aberta fazendo barulho tipo cavalo inteiro,não dar descarga e ainda peidar enquanto está mijando;
7º chegar de madrugada doidão, mijar na pia do banheiro mesmo, ir pra cama e ao acordar ver que ela, ao escovar os dentes, deixou cair a escova na pia mijada do cavalo inteiro.

Os fracos, os pau-mandados são aqueles que submetem-se aos caprichos da fêmea e deixam que elas controlem seu poder mais precioso, o mijo. Como os que são obrigados enxugar a pontinha do pau com papel higiênico – valha-me Deus - e a fêmea confere o cheiro de sabonete nas mãos pra ver “ se está bem lavadinha!”




Pior do que isso são os já derrotados que se submetem à humilhação de obedecer a ordem da fêmea e são obrigados a mijar sentados. Mijar sentado? “Mijar sentado pra não respingar na tampa da privada!”. Conheço um cara que entregou os pontos e faz isso. Um absurdo! Quase uma boiolagem!

O mijo, o macho & o manja-rola





Falando em boiolagem, há também os dessa espécie, as bichas enrustidas que tentam se infiltrar na nossa relação com o mijo. O famoso manja-rola. È aquele cara com cara de senhor distinto que, sorrateiramente, enquanto estamos no mictório público. Posiciona-se ao nosso lado e, bigodinho e olhinho de manja-rola torto, fica soslaiando fixamente nosso aparelho mijador. Coisa mais desgraçada! Aquele barbudo, cheio de neura, enrustidão, risinho no canto da boca e olhando fixamente. Tem que partir pra ignorãncia logo! Só perguntando “qual é?” e ameaçando meter a porrada que essa praga se afasta e você mija sossegado.

Desgraça mesmo é quando tem aquela porra de banheiro público de rodoviárias,como o da Rodoviária Tietê em São Paulo e a da rodoviária Belo Horizonte. Você ameaça entrar no banheiro e eles vêm aos bandos. Saem do nada, como zunbis-manja-rolas e fazem aquele corredor ao seu lado no mictório. Todos manjando. Você concentrado, bexiga doendo, ereto ( o corpo lógico!), olhando pra frente e percebendo as dezenas de olhares manja-rolas. O mijo trava na hora. A dor de travar o mijo no meio. Filha da puta do manja rola! Se você é frequentador assíduo desses lugares, ao te verem, uns até comentam com os outros “Ah...essa rola já é manjada!”.

Mas como rodoviárias são feitas pro povão, ninguém se preocupa em solucionar esse problema. Nos shoppings,repare, já inventaram a muretinha anti-manja rola. Aquela muretinha que separa um urinol do outro. O manja-rola tenta, se entorta, mas não consegue obter êxito. Bendito o engenheiro ou arquiteto que, talvez padecendo do mesmo problema de ser vítima do manja-rola, projetou esse valioso dispositivo.



Tá certo, você não é muito de ir em shoppings. Macho de verdade não freqüenta esses ambientes. Só vai quando a fêmea decide ir fazer compras.“Bem hoje nós vamos ao shopping, né?”. Quase mijamos na calça quando ouvimos essa notícia pavorosa, quase molhando o nosso futuro zerado cartão de crédito. Mas, vá lá, esse é o território delas e levá-las de vez em quando - por mais enfadonho, custoso, e chato que possa ser - nos dá o álibi para irmos para o nosso território por excelência. O território onde os machos se encontram: O botequim da esquina, o lugar onde nos sentimos mais à vontade do que na nossa própria casa.


O mijo, o macho & os outros machos

Nossa 2ª casa. Me refiro ao boteco mesmo. Aquele em que não comparece mulher nenhuma, só macho bêbado, cachaceiro, vagabundo, pé-sujo. Não bares ou restaurantes onde mulheres frequentam. Outra coisa, o que deve interessar ao macho quando vai a esses lugares com as suas respectivas fêmeas, não é aquela tal pergunta : “Por que as mulheres vão ao banheiro sempre juntas”, mas “ como deve ser um banheiro feminino com aquele monte de fêmeas de perninhas abertas fazendo seu xixizinho gostoso?

(...)

Mas, voltando ao botequim-bitaca-pé-sujo, o antro dos machos, lá é que é o lugar da galhofa, da sacaneação, de mijar à vontade, banheirinho ao lado do balcão. Dentro do banheirinho do botequim, bêbados, mijamos de longe da privada que molha sempre o chão, pro desespero do dono.

Mas há os contratempos até para os frequentadores de botecos. Nunca, nunca se deve demorar mais do que cinquenta segundos pra dar uma mijada. Cinquanta segundos, o máximo! Mais do que isso já é desrespeito. Como quando há mais de um querendo ir ao banheiro mijar, do lado de fora, e um filho da puta demora pra caralho lá dentro. Deve ser daqueles que foram adestrados a mijar sentados e não perdem o hábito. Muvuca na porta, quase porradaria. Panças cheias de cerveja, bexigas idem. Empurra-empurra, abre-se a porta e lá vão três de uma vez mijar desesperados numa privada só. Como nesse ambiente o manja-rola é o ser mais odiado da face da terra, fazemos questão de não sermos confundidos com os tais. Instrumentos na mão e olhando pra cima, propositalmente pra não dar a entender que poderiamos estar olhando as manjubas alheias. Mijamos olhando pro teto e bêbados, nem percebemos que respingamos, os três ao mesmo tempo, mijo um na perna do outro. Saímos com a calça jeans mijada, mas com a certeza de que não fomos confundidos com o desgraçado do manja-rola. Tudo pela macheza. Não esquente a cabeça se você mijou a perna toda do cachaceiro do lado. Mande-o tomar no cu. Dê uma de Pôncio Pilatos, lave as mãos.

Ahh.! Falando nisso, me lembrei de uma coisa: nunca lave as mão na pia do banheiro de boteco. É uma questão lógica: se a rapaziada acaba de mijar vai lavar as mãos, é obvio que eles pegam na torneira da pia com mãom de mijo! Aquilo tá infectado de mijo de tudo quanto é macho. Saia sem lavar as mãos e, de preferência, sem encontá-las na maçaneta. Meta a sola do sapato na maçaneta, bruto, como num filme de cowboy.

Mais uma dica: antes de entrar num banheiro fedorento e imundo de botequim, treine, ainda no balcão, quanto tempo você aguenta com a respiração presa. Treine. Aguenta 50 segundos? ( se for fumante). Então esse será exatamente o tempo que você terá pra dar a sua mijada no fétido ambiente.

Resumindo a regra básica para a mijada em banheiro de boteco: 50 segundos, abrir o zíper, mijar, fechar o zíper,não dar descarga, sacudir de qualquer jeito, não lavar as mãos, pé na porta e já sai gritando: “mais uma gelada aê ô Zé!”.

E parte pro torresmo com a Bohêmia gelada. E dá-lhe deboches de bêbados de botequim sobre o mijo. Um recorrente é quando você vai mijar e o camarada no mictório ao lado seu dispara aliviado pela sensação da bexiga esvaziando:

- Ca-ra-lho! Mijar é a melhor coisa do mundo! Não é?

Responda de bate-pronto:

- Mermão, ou sou eu que não sei mijar ou é você que não sabe fuder...

Ou quando sai outro do banheiro, e você tasca-lhe a pergunta:

- Rapaz, ao mijar cê contou quantas bolinhas de naftalina tinham no mictório?

- Eu não! Por que?

- Não contou porque tava manjando a rola dos outros né?

É. Todo macho tem pavor de ser considerado manja-rola.

O mijo, o macho & os mililitros

Outro pavor é o de pegar engarrafamento, feriadão, família no carro, e bater aquela vontade de mijar. Estrada cheia de gente, crianças e fêmeas alheias nos outros carros, sem chance de dar uma saidinha pra mijar na beira da estrada. Tem solução. É só engarrafar o mijo. Compre, antes de sair, uma garrafinha de Guaraviton e esvazie-a. Bateu a vontade no trânsito parado? Desatarraxe a tampa e mije dentro. É perfeito! Cabe a quantidade certinha de mijo e o diâmetro é perfeito pra encaixar a pontinha sem molhar o estofado do carro. A não ser que você mije mais do que 275 ml de uma só vez ou que você seja o Kid Bengala.

Se não for no trânsito, vale mijar em qualquer greta que aparecer. Exceto no meio da multidão de show de rock. Certa vez aconteceu isso comigo. Show de heavy metal. Só metaleiro nervoso na multidão. Vontade de mijar, olhei pra trás, e aquele mar de gente entre mim e o banheiro, longe pra caralho. Apelei. Tentei, no desespero, mijar no buraquinho da latinha vazia e, bêbado, o mijo não acertava de jeito nenhum. Não acertava a porra do buraquinho da latinha de cerveja. Pegava na borda e resvalava o no braço do metaleiro marombado do meu lado. Só me lembro de acordar todo mijado e com o lho roxo no estacionamento do show.

Estacionamento de show é o melhor lugar pra se mijar. Entre no estacionamento e mije em qualquer lugar. Na primeira roda de pneu do carro importado que você inveja. Mas coisa linda é ver mulheres mijando em estacionamento. Fazem aquela rodinha pra protegem a amiga, mas você manja-xota profissional, dá um jeito de vê-la chegando a calcinha pro lado, o barulhinho fininho do esguicho, o gemidinho, as amigas tentando fazer paredinha, o buraquinho que fica na terra fofa, coisa fofa, fofa...

Pronto! O pau endurece e o mijo trava!

O mijo, o macho & a mulher-macho


Falando em trava, já viu coisa mais estranha do que traveco mijando em banheiro masculino. Esquisitão. De ver quase que também trava o mijo ( de paumolescência, diga-se de passagem.)

Mas como macho, admito, já travei o mijo vendo uma mulher mijar. Sim, eu dando o meu mijão sossegado num botequim, daqueles sem privada, só o mictório de alumínio, fedorento, quando pra minha surpresa, entrou uma negona sapatão, levantou a saia meteu um pé acima do mictório, o outro fincado no chão, acertou a calcinha ( ou cueca, sei lá!) e jorrou o mijão, estalando, tremendo o alumínio do pobre mictório envelhecido, olhando desafiadoramente pra minha cara enquanto eu mijava pingos humildes. Admiti! Pelo barulhão ela era mais macho do que eu. Intimidou. Recolhi-me à minha insignificância, aproveitei e saí de fininho.

O que deve interessar ao macho, não é aquela tal pergunta : “Por que as mulheres vão ao banheiro sempre juntas”, mas “ como deve ser um banheiro feminino com aquele monte de fêmeas de perninhas abertas fazendo seu xixizinho gostoso?

O mijo, o macho & o maricas

Bem...ia terminando e quase ia me esquecendo de contar uma das coisas mais estranhas sobre o mijo que aconteceu na minha vida. Com um indivíduo que era um misto de macho, criança, fêmea, e manja-rola. Refiro-me ao Jorgete.

Jorgete foi um(a) companheiro(a) de trabalho quando eu exercia, há vinte anos, a função de office-boy num escritório de contabilidade. Jorgete era contabilista chefe no escritório. Ele(a) era era uma espécie de transexual ultra-excêntrico.Pessoa estranhíssima: mantinha a idumentária sóbria que a profissão pedia: camisa social, blaser cinza, sapatos de mocassim e jeans, barba cerrada, gogó, bigodinho fininho... Mas, escondidos sob aquela sisudez pseudo-macho-contabilística, estavam lá, sem poder esconder totalmente, os peitinhos siliconados e a cintura de pilão. Mas até aí, por mais incrivel que possa parecer, tudo bem. Havia, de verdade, algo que intrigava todos do escritório. Como ninguém tinha coragem de perguntar, houve um maldito sorteio pelo palitinho. Adivinhem quem foi o infeliz que teve que ir fazer a bizarra pergunta pro Jorgete? O próprio que vos escreve.

Pé ante pé, dirigi-me à sua sala e mandei na lata do chefe-traveco da repartição:

- Jorgete. A parada é a seguinte: a rapaziada daqui do escritório sempre ficou bolada com essa parada de você se vestir de macho e coisa e tal e ser fêmea ao mesmo tempo. Mas a pergunta é a seguinte: mesmo se vestindo de mecho e tal, como é que você consegue fazer com que a sua calça jeans fique com essa testa de morde-pano, tipo de mulher, sem volume nenhum. Porra, cê arrancou os bago cara? É operado?

-Atrevidinho você einh?

- Ahh..Porra, me fudi lá no palitinho e tive que vir aqui perguntar essa merda senão a rapaziada ia me fuder. Os caras iam me botar pra fazer entrega e cobrança só em lugar longe e iam me tacar em fila de banco. Tive que vir.

-Não sou operada não.

-Como assim? Mas e os bago?

- Uso um truquezinho.

-Tipo mágico? Esconde cobra?

-Ahn?

Jorgete, o chefão, não gostou muito da brincadeira.

- Mais ou menos isso.

- Como assim mais ou menos?

- Emplastro sabiá.

-Como assim? Essa merda não é aquele band-aid gigante, ultra adesivo, que a minha vó bota no bico-de-papagaio dela?

- É. Só que eu coloco em outro lugar.

- Como assim?

- Quer saber? Todo mundo do escritório quer saber mesmo? Então vai lá contar para aquela vcambada de curiosos.

- Contar o que?

- Pego o meu pênis e a bolsa escrotal, empurro por entre as pernas e prendo pra trás colando com o emplastro-sabia. Daí eu ficar sem volume nenhum.

Me deu uma uma agonia pensar naquilo.

-Mas não dói não? O saco e o pau ficarem espremidos entre as pernas.

-Dói a bexiga, mas vale a pena. Me torna a fêmea que realmente sou.

- Porra e pra mijar cara? Tem que colar e descolar essa merda o toda vez que você vai tirar a água do joelho?

- Não.

-Não como assim?

- Tô adorando você ficar repetindo esse “Como assim..., “”Como assim...”

-Como assim?

-Ah..Deixa pra lá, você fingiu que não entendeu o trocadilho...

- Tá, mas o mijo?

-Eu não faço xixi.

- Não mija?

- Não?

- Fica o dia inteiro sem mijar?

- Sim! Não bebo água nem líquidos durante o dia. Quando dá vontade, seguro o dia inteiro.Só vou ao banheiro à noite, tiro a calcinha e o emplastro e faço xixi antes do banho.

-Não mija o dia inteiro?

-Não!

Essa foi a última gota! Um sacudo que não mija!

Dica final: quando for mijar não precisa sacudir antes de guardar. A última gota vai ser sempre da cueca.

Portanto, amigos, vou-me já e volto já!

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domingo, 25 de outubro de 2009

VENDEDOR DE CD PIRATA FRACASSADO



Julho de 2009. Férias escolares. Sendo professor de escola pública, ganhando mal ( redundância) e com quinze dias ociosos, pensei em ganhar uma grana fazendo uns bicos. Aulas particulares estavam fora de questão, já que eu queria distância de exercer a formalidade do ofício. Enumerei, portanto, quais as profissões em que eu havia fracassado e vi o que sobraria. Como a minha ficha corrida de insucessos profissionais é extremamente extensa, sobraram pouquíssimas alternativas de tentar ganhar uma graninha com algo que eu não havia tentado. Na verdade, acho que menos de dez no meio de 1.845.679 maneiras de ganhar dinheiro diferentes.

Sisudez, cigarro, disciplina, cigarro, compromisso, cigarro, aturar alunos, cigarro, concentração, cigarro, tensão, cigarro, atenção, cigarro, stress, cigarro, seriedade, aulas: formalidade. Eu queria me manter o mais afastado possível disso. Queria descolar um cascalho sem ter que esquentar a cabeça.

Informalidade! Mercado informal! Camelô! Isso mesmo,camelô! Sem esquentação de cabeça. Até a corridinha do rapa de vez em quando ia me fazer bem. Sair do sedentarismo e parar de fumar tanto.

Mas, porra, vender o quê? Ir em SP na 25 de março e trazer roupas e tênis falsificados? Eu não tava com muito capital pra investir e muito menos tomar uma batida na estrada e ter que subornar a polícia rodoviária ( redundância). Que tipo de muamba eu podia vender sem que eu tivesse que investir muito?

Um amigo meu, o Bigorna, que tava com a banca de camelô dele desativada e fechada ( tinha tomado um rapa e tava temporariamente sem grana pra reabastecer o estoque), me levou pro meio das barracas e me disse que o que tava vendendo pra caralho era dvd e cd pirata.

Entre as barraquinhas, pululavam na minha frente e berravam nos meus pobres ouvidos cds de pagode romântico, Calypso, axé, Calypso, rock, e principalmente funk carioca. Muito funk. Predominantemente funk. Tinha até um gênero chamado de “sertanejo universitário” (??) que rolava direto nos aparelhos de som falsificados das barracas.

Programa pra piratear os cds eu tinha instalado no meu computador, as capinhas eu faria na minha tosca impressora, a barraca pra expor o sangue-bom do Bigorna disse que me emprestaria na boa, por duas semanas ( justamente o tempo que eu ia ficar afastado das escolas e das dezenas de maços de cigarro que me acalmavam dos alunos).

Mas eu tinha que pesquisar mais e descobrir uma piratão inusitado pra eu vender, algo que fizesse o diferencial, que saísse da mesmice. Oferecer algo de novo para aquela multidão ávida por ouvir música pirateada em capa mal xerocada.

E fiz.


E fui na minha cdteca e descobri uns cds meus que não tinham à venda nas outras barracas e os pirateei.

E, entusiasmadão, achei que tava revolucionando o mundo do consumo de pirataria de cds oferecendo algo que fosse bem diferente do habitual.

Fiz dezenas de piratas, coloquei no mostruário, passei manhãs e tardes gritando os títulos dos cds.

Mas eu tinha me esquecido que sou um fracassado.

Por isso me fudi.

Fiquei as duas semanas com os cds expostos sem que uma só alma, um único cliente se interessasse pelos meus produtos.

Não vendi nenhunzinho cd sequer.

Não tinha passado pela minha cabeça que o público consumidor de cds piratas era tão exigente.

E o pior: um amigo meu, o www.twitter.com/leomurunga , passava religiosamente todos os dias lá e tirava fotos da minha barraca com o seu celular, eternizando o meu temporário enlouquecimento pela megalomania da certeza do sucesso.

Eu achava, na época, que as fotografias iam registrar o início de um grande empreendimento.

Porra nenhuma! Recebi as tais fotos por e-mail essa semana e vi que, na verdade, elas registraram a trajetória de duas semanas desperdiçadas e muita, muita grana jogada pelo ralo.





Primeiro dia, os cds expostos e meu aparelhinho de som no talo rolando a  sinfonia nº 9 em ré menor, op. 125, "Coral", de Ludwig Van Beethoven . Os consumidores de pirata, além de não comprarem, passavam longe reclamando. Mas, primeiro dia, não me abati. Ainda faltavam duas semanas pela frente...




Décimo dia. Não tinha vendido cd nenhum, ainda. Empurrei um cd prum metaleiro que tinha comprado achando que era o cd solo do vocalista de hard rock e heavy metal Sebastian Bach  ( ex-cantor do  Kid Wikkid, Madam X, Herrenvolk, VO5, e Skid Row ), mas o cabeludo voltou putaço e devolveu ao descobrir que era do homônimo organista e compositor alemão do período barroco Johann Sebastian Bach, do séc. XVI.



Décimo quarto dia. Nenhuma porra de cd um vendido até então. Os camelôs das bancas ao lado da minha ( minha não, do Bigorna) reclamando pra caralho do som. Quando eu botei um Wolfgang Amadeu Mozart pra rolar, um mendigo da cidade, o Chiqueirão, passou fumando, parou, fechou os olhos e começou a assobiar a melodia. Me bateu uma depressão fudida. Pedi um cigarro pra ele. Eu não tinha fumado até aquele dia. Frustração máxima olhando pro mendigo, fui na padaria da esquina e comprei quatro maços de nicotina cancerígena e fumei um atrás do outro.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SOLTEIRO TWITTEIRO FRACASSADO II


Ou,“Como trocar seu psicanalista pela análise dos seus tweets.”

Eu, como nunca pude me dar um luxo burguesão desses ( ter um psicanalista), criei essa alternativa de auto-análise.

Espantado com o primeiro levantamento que fiz do meu comportamento amoroso num período de seis meses ( ver TWITTEIRO SONTEIRO FRACASSADO I ), refiz o processo, só que mais minuncioso: peguei todas as minhas postagens no twitter referentes a sexo & quetais do dia 10 até o dia 22 de outubro de 2009, joguei no Excel e fiz um gráfico pra verificar se a balança pendia para o lado positivo ou negativo. Caralho! 98% de insucessos amorosos em menos de duas semanas! Tenho que pegar grana emprestada no Itaú e procurar um psicanalista urgente!

Ei-los:

No dia 10 de outubro, fui parar numa festa chamada Piraí Fest, shows pra tudo quando é lado na homônima cidade. De MBP a Breganejo, de Rock Alternativo a Pagode Romântico. Mas, o que mais me chamou a atenção, depois de perambular por todos esses ambientes atrás de uma fêmea da minha espécie, foi uma tenda gigante que tava rolando Axé Music. Uma micareta com todas as características que esse tipo de badalação tem: Multidão,muitas gatinhas, os indefectíveis camaradinhas bombados e tatuados tomando cerveja quente em copo de um litro. Mas o mais importante: muitas, muitas mulheres sozinhas e bêbadas e suadas e safadinhas e tesudas. Nesse ambiente lascivo de relações fugazes, encaixei no rosto meu olhar sardônico sedutor josemayerano e parti pra guerra:

- Oi! Qual é o seu nome? Moras aqui em Piraí mesm...? – comecei a dizer pra uma loirinha baixinha, bundudinha, deliciosinha.

Ela interrompeu meu galanteio, agarrou a minha nuca com a mão que estava segurando a caneca, derrubando metado do litro de chopp nas minhas costas, me deu um beijo na boca, virou as costas e saiu já indo beijar um camaradinhas bombado e tatuado tomando cerveja quente em copo de um litro. Não entendi porra nenhuma.

Saí dali e me aproximei de uma rodinha de ninfetinhas dos seus 18 aninhos dizendo uma para a outra:

- Pegou quantos? Tô no 24º !

- Pô, cheguei só há meia hora. Ainda estou no 14º !

Parecia que elas estavam conversando dentro do elevador do Empire States: "(..) Ficar no 20º (...) Já tô no 28º (...)". O negócio lá era puro e simplesmente beijar na boca. Achei simplesmente puro demais, já que o que eu queria era s-e-x-o. Mas não me deixei intimidar. Parti pra cima da muvuca e entre tentativas de cantadas e bruscos beijos inesperados, pedi arrego. Parei no 3º andar, digo; no terceiro beijo na boca. Pedi arrego. Porra! Não sou criador de porcos, mas eu tava a afim era de “jogar o leitão pra fora”! Aquela merda de beija pra lá, beija pra cá, se nem ao menos poder dar um plá maneiro, desenrolar um lero sedutor e arrastar a mina prum s-e-x-o, tinha me irritado.

Micareta de cu é rola! Chega dessa palhaçada! Fui pra casa. Taquei, revoltado, no twitter:

Acabei de vir do Piraí Fest,um mega-evento numa cidade vizinha.Parece micareta.Putz! Todo mundo beijando todo mundo e ninguém come ninguém!
9:15 PM Oct 10th from web

Deixando pública toda a minha voluptuosidade, acrescentei:

Beijação em micareta é a maior idiotice,só serve pra pegar herpes. Eu quero é fudelança! Se for pra pegar herpes que seja logo a genital!
9:16 PM Oct 10th from web

Um seguidor meu do twitter leu minha postagem ( e não é que tem gente que lê essa merda mesmo!?) e, logo no dia seguinte, me mandou um e-mail dizendo que se o que eu queria era fodelança, que eu fosse imediatamente pra uma outra cidade vizinha: Vassouras. Disse que lá tava acontecendo uma tal de Olimpíadas Regionais de Estudantes de Medicina ( OREM).Mais de cinco mil estudantes de Medicina do Brasil inteiro dando desculpa pros pais que estão participando de esportes, mas na verdade a Olimpíada lá era sexual: “Sexo, drogas, sexo, birita, sexo...”. Foram as palavras dele no e-mail. E ainda arrematou:

“Cara! Micareta é coisa pra adolescente que tá descobrindo a vida agora! Você já é um cara velhaco! Acompanho seu blog e twitter e sei que você é um cara pervertidão. Vi lá que você quer é doideira, sexo. Achei engraçadaço o tweet sobre a herpes geniltal! ashuahsuahsuah E as estudantes de Medicina daqui querem é sacanagem pura! Se vai se sentir no paraíso! Vem pra cá!”

Fui. Lá me encontrei com ele no local marcado. Nos apresentamos pessoalmente. Lombriga o nome dele. Lombriga disse que era meu fã (!?), que acompanhava todos os meus posts no blog e no twitter. Não entendi catzo nenhum! Fã de um fracassado, um merda? Cheguei a pensar que a coca era fanta, mas foi impressão, o cara era débil-mental mesmo.

Lombriga, entusiasmadíssimo me levou para o centro da cidade onde tinha uma multidão de estudantes de medicina totalmente alcoolizadas e pulando. O frenezi me lembrou a micareta, mas logo percebi que as gatas beiravam seus vinte e dois vinte e três anos. A coisa já não era tão adolescente assim.

Olhei num canto e, em plena luz do dia, vi duas morenas chupando os peitos uma da outra. Do outro lado, dentro da caçamba de uma pick-up, uma loira lindíssima, de pé, totalmente nua, derramando cerveja no corpo enquanto uns camaradas, mais bêbados que gambá, faziam corinho pra devassa.

Tomado por essa devassidão, berrei a plenos pulmões:

-Tô em casa! Vou fazer sexo até parar num hospital e ser atendido por uma médica tarada! Perversão! Perversão total !

Nisso, o Lombriga me segura no braço e fala:

- Coe velho! Aqui no meio da rua tá palha à vera! Vem comigo que tá rolando uma festa na República “Sodoma e Gomorra”,de umas amigas minhas. Lá que é quente! Vamos lá ver qual é!

- Vamos, caralho! Vamos logo presse lugar! Vou finalmente colocar toda a minha perversidão em prática. Sexo tipo neanderthal, sexo animal, sujo! Yeaaar!

Me vi como um personagem daquele filme imbecil “American Pie”, tamanho o meu entusiasmo.
- Estudantes de medicina loucas por sexo insaciável. Yeaar! Vamo lá Lombriga!

Subimos uma escadinha num prediozinho localizado na Broadway ( quem conhece lá, sabe do que eu estou falando) e fomos para o tal apartamento. O Lombriga bateu na porta, descobriu que estava semi-aberta e empurrou-a com o pé.

A cena que vi foi dantesca. Dantesca não, mais do que isso. Eu tinha visto coisa parecida só no filme Calígula:

Uma sala enorme, com mais de cem pessoas peladas numa suruba monumental.

- Vem porra! Vem pegar umas latinhas de cerva que daqui a pouco a gente mergulha no bacanal!


Fui passando – “licença –licença” - pelos corpos, e , estarrecido, vi que tinha de tudo: mulheres dando pra três caras, caras comendo três mulheres, mulheres com três mulheres, homens com homens, travestis, bundas brancas, pretas e morenas, paus, cus, bucetas, orifícios estranhos , reentrâncias... Gente de ambos os sexos ( e “ambos os sexos” também) fazendo de tudo.

- Tira a roupa velho, e cai dentro! – berrou o Lombriga já peladão no meio de duas mulatinhas.

Começou a me dar uma vertigem estranha. Aquele cheiro acre de putaria me tonteou. Me senti o puro padre Pedro ali. O Lombriga me viu cambalenado e veio na minha direção ( “Sai com essa lombriga de perto de mim senão te encho de porrada!” –berrei):

- Porra velho! Quel mal! Eu sabia que você não ia gostar daqui. Eu vacilei. É! Vacilei mesmo! Trouxe o cara mais pervertidão da redondeza pruma suruba arroz-com-feijão como essa. Foi mal ! Eu leio o seu blog e twitter, cê é um cara muito doido! Tá acostumado com parada hardcore mesmo. Paguei maior mico contigo... Isso aqui deve ser sacal pra você, né?

- Ahn?

- Pra me redimir, vou te levar lá na República Sade & Masoch. Lá é que é a sua praia. Lance mais experiente. Isso aqui é pra amador. Vamos lá que assim não fico mal com você por ter te trazido aqui nessa pasmaceira.

- Ahn?

- Sade & Masoch é a sua cara! Eu devia era ter te levado lá de cara! Lá é lotadão também, e só gente estilo o seu, perversão total: chicotadas, vela derretida, first fucking nas gatinhas, gente amordaçada, um mijando e cagando em cima do outro, sufocamento, anzóis... É lá que você tinha que estar cara! Eu leio o seu blog e twitter... Foi mal ter te trazido aqui nesse jardim de infância...

- Ahn?

Coloquei um Rivotril sub-lingual, voltei passando pela fedentina e pela fudelança – “licença –licença” - desci cambaleando as escadas. Deixei o Lombriga lá em cima berrando meu nome. Saí do prédio. Fui caminhando em direção à rodoviária como um zumbi. Com aquelas cenas na cabeça. Peguei o ônibus, fui pra casa, tomei um banho, liguei o computador e, frustrado, twittei:

Vim agora do OREM- Olimpíadas Regionais de Estudantes de Medicina.É o contrário da micareta: ninguém beija ninguém,todos só querem fodelança.
16:11 PM Oct 12th from web

Depois desse trauma, assim seguiu a minha rotina fracassada ( e constatadamente não-pervertida), postando no twitter minhas pobres e açucaradas aventuras amorosas, com seus baixos e baixos:

Às vezes treino a minha merdice.Abordo mulheres lindas dizendo na lata:Quer ir pra cama comigo? Hoje uma aceitou!Me pegou de surpresa.Broxei.
16:15 PM Oct 14th from web

Depois da broxada, consegui Viagra e remarquei com a loira deliciosa...Dessa vez eu não vou me sentir intimidado...
10:50 PM Oct 15th from web

Tomei Viagra hoje e a mina me deu bolo.A net tava fora do ar e tava sem pornô em casa.Tive que bronhar com o programa da Leda Nagle na TV.
11:50 PM Oct 16th from web

Tomei Viagra e estou twittando. Maior problema. O pau fica esbarrando toda hora no tecladddddddddddddddddddddddddddddd
12:23 AM Oct 17th from web

Acho que só me dei bem na noite da entrada do horário de verão:

Sou uma verdadeira máquina sexual! Nessa madruga fui pra cama com uma gata era 7 minutos pra meia-noite e quando terminei já era 1h da manhã
1
:38 PM Oct 17th from web

Bem…

E assim segue a minha triste saga fracassada...


A Milena,minha ex-noiva,me ligou dizendo que me aceita do jeito que eu sou: um Fracassado. Recusei. Não aceito alguém que me aceite como sou
14:30 PM Oct 20th from web

Covarde, malogrado, azarado, infeliz, misantropo, medíocre, falho, desimportante, mal versado, estúpido, grosso: meu Curriculum Vitae.
21:34 PM Oct 21th from web


99% das mulheres,agora,estão reclamando dos respectivos companheiros que estão vendo jogo. Odeio futebol e tô sozinho. Sou um merda mesmo...
22:03 PM Oct 21th from web

Mas, estou pensando seriamente em dar fim a este blog e twitter.

Nunca mais quero ouvir a frase “Eu leio o seu blog e twitter, cê é um cara muito taradão pervertidão, cara!”

Agora vou passar no Itaú, pegar a grana e partir para a análise.
Mas antes vou dar mais uma postadinha no twitter...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PRODUTOR MUSICAL FRACASSADO III

Em junho de 1996, comemorando 105 quilos no dia do seu aniversário de 18 anos ( ou o contrário, me esqueci), meu irmão mais novo, então funkeiro sinistro, marcou um churrascão com a rapaziada ao som do batidão no terraço da sua laje. Durango kid como sempre fui, não tinha grana pra comprar um presente ao peso do meu brother. Mas pensei numa idéia ducaralho ( foi o que eu achei na época): compor umas letras de funk pra lhe dar de presente pra que ele gravasse com a voz cavernosa dele num estúdio daqui da cidade e rolar a sonzeira logo à noite, na hora do churras.

Ele se amarrou na idéia. Disse que ia procurar uns batidões volt-mix e pediu as letras, que eu escrevi febrilmente durante a manhã, para gravarmos à tarde. Terminei e fomos gravar. Como o estúdio era emprestado, sem pagar cachê, tivemos que gravar numa porrada só pra não tomar tempo, mas saiu. Chamamos o Bob Lord, guitarrista de primeira, pra colocar uns rifs de rock pauleira entre as pancadas ritmadas. Gravamos as 5 canções. Ficaram shock de monstro! Falei pra ele que ia precisar de um nome artístico e sugeri Dozão Sete Arrobas ( em homenagem aos 105 quilos). Gostou.

Ficou assim então: Dozão Sete Arrobas. O cd chamou-se “Barulhão Sinistro”. Fiz a capinha e levamos pra queimação de carne à noite. Não agradou muito. E meio que queimou o filme dele com a vizinhança.

Mas o cd ficou gravado. Alguns dias depois, mandei pro Marlboro e pro Zezinho ZZ Club pra avaliarem. Nem responderam.

Foda-se!


(o cd)



As 5 porradas estavam lá no cd. As seguintes:

DANÇA DA MEXERICA - Muito antes dessa moda hoje de dar nome de frutas pras funkeiras, a Dança da Mexerica já abordava esse tema. A fruta escolhida refere-se as popozudas que andam com a calça jeans cavada na xota, estilo mordendo pano, com dois gomos ( como uma mexerica) divididos. Chegou a cantar em setembro de 1996 no bailão do Central Sport Clube ( clube para funkeiros da minha cidade). Conseguimos até duas barangas que se dispuseram a ser as mexeriquetes, caso houvesse mais shows, mas a parada morreu ali mesmo.

DANÇA DO ABORTO – Na moda da dancinhas, Dança da Bundinha, Dança da Cabeça e outras danças lascivas, várias funkeiras estavam engravidando nos bailes. Essa letra tem um propósito claramente obstetrício, e ainda economiza uma grana das funkeiras evitando comprar Citotec ou enfiar talo de mamona na xota. Alguns anos depois, a magnífica banda Miami Brothers regravou com uma versão porradaça.

DANÇA DA BUNDA BAIXA – Considerando que a bunda é uma coisa imprescindível para rebolar ao som desse ritmo carioca,essa é pras funkeiras com complexo de falta de bunda. Um salva-guardo pras desprovidas de calipgiosidade.

BARULHÃO SINISTRO - Essa aborda uma situação da intimidade sexual de dois funkeiros. É linda!

SACO MURCHO – Essa letra é auto-explicativa. Chegou a tocar numa rádio AM do Rio, mas por pouco tempo.

As letras poéticas:

DANÇA DA MEXERICA

A gata vinha lá da feira com a sua mexerica
Quando ouviu nas minha pick-up um pancadão lá de Benfica

Ela parou na minha frente e começou a rebolar
Tava um gomo pra lá e outro pra cá

De pau duro olhei pra beiça dela,
E comecei a cantar

[refrão] Mexe daqui, mexe de lá, vai mexendo a mexerica, vai mexendo sem parar

[ repete a letra]

[repete o refrão]


********

DANÇA DO ABORTO

Dance a dança da bundinha, dance a dança da cabeça
Não esqueça a camisinha
Mas caso você esqueça

Pra não ver o resultado depois de nove meses
Cante esse refrão comigo várias e várias vezes

[refrão] Dança, dança, dança, dan-dança do aborto
Você mexe a bundinha
Você mexe a bundinha
Você mexe a bundinha
que o bebê já nasce morto

[ repete a letra]

[repete o refrão]

********
DANÇA DA BUNDA BAIXA

Pra você gatinha que faz natação:
Nada de peito, nada de coxas, nada de popozão.
Não entre em desespero. Eu tenho a solução

Você precisa ver a bunda da mulherada funkeira lá da China
É branca, rachada no meio, toda achatada: igual a uma aspirina.

Não se preocupe sem-bunda
Não fique baixo-astral
Se liga no meu recado que eu te mando na moral:

[refrão] Abaixa, abaixa é a dança da bunda baixa
a baixaria é ficar de quatro que a bunda se alarga
Abaixa, abaixa é a dança da bunda baixa

[ repete a letra]

[repete o refrão]

**********

BARULHÃO SINISTRO

Quanto a gente tá no baile dando uns amasso maneiro atrás das caixa de som
Entre uma música e outra faz um silêncio e dá pra ouvir o barulhão

Eu tenho que estarra, não consigo, não me calo:
É o ar que sai da sua buceta enquanto eu cavuco até o talo

É um barulho de peido, um barulho sinistro
Cê peida pela buceta que parada do capeta!

[refrão] Faz o barulhão, faz o barulhão, faz o barulhão sinistro aê
Faz o barulhão, faz o barulhão, faz o barulhão sinistro aê

[ repete a letra]

[repete o refrão]


**********

SACO MURCHO

Quando eu tô no baile metendo num popozão
meu saco fica murcho
é a maior humilhação

E fica mal pra mim que sou um cara cavalo inteiro
Porque queima o meu filme no baile
Logo eu que sou um cara maneiro

[ refrão] Agora eu levo gelol e passo no saco e ele arria de novo
Olho pra baixo. Que coisa linda ver os meus dois ovo.
Olho pra baixo. Que coisa linda ver os meus dois ovo.

[ repete a letra]

[repete o refrão]

****************************************

A verdade é que o som não fez muito sucesso porque o nome do cantor não ajudou. Agora, com a ajuda de uma numeróloga, mudamos o nome artístico pra Dozão 7@.

Talvez funcione.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

SOLTEIRO TWITTEIRO FRACASSADO



Há uns seis meses, curioso por ter ouvido que o twitter era “o que era” na era da Internet, perguntei pra um camarada meu, que sempre tá na crista da onda dessas coisas, como funcionava e qual era o propósito do tão falado troço. Ele me levou numa lan house, abriu o twitter dele e me mostrou a tela do dito cujo.

“What are you doing?” Perguntava o twitter. Como eu tenho um inglês joelsantanico, perguntei pro meu amigo que porra de pergunta era aquela.

-Pô cara! Ele tá te perguntando o que você está fazendo nesse momento.

-Como assim? Nesse momento eu tô conversando contigo...

-Então! Vai lá no seu twitter e posta isso, conta que acabou de vir de uma conversa com um amigo inteligente seu. Vai contando as coisas que vão acontecendo na sua vida. Tipo um diário onde pessoas interessadas tornassem-se seus seguidores e seguem seus passos, acompanhando a sua vida.

Achei totalmente idiota o propósito do tal negócio, me fazendo até duvidar da auto-atribuída “inteligência” desse meu amigo. Mas uma coisa me intrigou: se esse sucesso todo do tal twitter era por isso; acompanhar a vida das pessoas, como seria se eu postasse os meus fracassos? Algum demente iria acompanhar a minha depressiva e fracassada saga?

Ali mesmo, ele criou um twitter pra mim. Em abril 2009.

www.twitter.com/fracassado

Sem tempo pra ficar permanentemente postando naquela merda, eu ia, aos poucos, colocando em poucas letras, a minha vidinha de merda.

Hoje, mais de cinco meses depois, reli pela primeira vez o que havia postado até então. E não é que deu, lendo as postagens, pra fazer um levantamento de como andou a minha vida amorosa nesse curto espaço de tempo?

Dá pra acompanhar direitinho pelas postagens as minhas depressivas desventuras amorosas.

Começou com o meu rompimento com a minha ex-noiva:

A Milena me ligou hoje. Que mulher mais louca possessiva-paranóica! Dei um pé na bunda de vez. Ela falou que ia se matar.Sugeri chumbinho. 11:22 AM Apr 3rd from web

Solteiro, então sai à captura da mulherada, começando pela internet mesmo. Não me dei bem no lance de sala de bate-papo. Como não tenho webcam, me senti meio desonesto omitindo a minha feiúra pras mulheres que conversavam comigo:

Sala de bate-papo,hoje,me descrevi: moreno; 1,78m;86 kg. Ela lendo disse "lindo!". O Mr. Bean e o Brad Pitt também se encaixam nessa descrição! 5:03 AM Apr 7th from web

Viajando pela net eu não tinha conseguido pegar nenhuma mina, resolvi viajar de verdade:

Tempos sem postar no twitter. Explico: viagem de mochilão nas costas por toda Minas Gerais. Não comi ninguém. Só pão de queijo e rapadura. 3:29 PM Aug 6th from web

De volta para a minha cidade, já há meses sem jogar um leite fora, meio deprimido, desabafei:

Minha mãe,lavando a minha cueca,me deu uma bronca."Polução noturna".Perguntei o que era isso. "Falta de mulher!".Entendi o porquê do esporro... 3:35 PM Aug 7th from web

Até que, diante dessa situação, peguei uma grana emprestada no Itaú e decidi ir num puteiro. Resolvi radicalizar e comprei umas paradas esquisitas num sex-shop pra usar com a rapariga, mas, amador, eu não soube lidar muito bem com a situação:

Tô bolado! Ontem usei uns apetrechos S&M numa mulher (algemas, raquete spankig, mordaça "ball gag"), e ela aceitou.Dá "lei-maria-da-penha"? 3:45 PM Aug 29th from web

Depois disso, comecei a ir em tudo quanto era festa que aparecia pelas redondezas. Festas de forró, festas de pagode-romântico, Shows de heavy metal... Até que fui parar numa porra de uma festa num lugar longe pra caralho, no meio do nada, uma porrada de romeiras carolas devotas de um santo que eu nunca tinha ouvido falar. Nesse lugar, perto da igrejinha ( onde eu já tinha tomado uns tocos de umas dessas romeiras), tinha uma muvuca de umas cinco mil pessoas dançando uns funks sinistros embaixo do sol escaldante. Quando eu comecei a azarar as funkeiras, percebi que ali havia um racismo bem evidenciado. Quando eu chegava nas mulatonas ao som do batidão, eu ouvia: “Qual é branquelo azedo? Meu negócio é negão!”. Procurei a delegacia local pra denunciar crime de racismo, mas, além de obviamente não ter delegacia naquela merda de lugar inóspito e empoeirado, o único policial que estava circulando por lá era um crioulão de uns dois metros de altura. Saí de lá decepcionadíssimo:

Acabei de vir da festa do Bom Jesus do Matosinhos. Bizarro! Uma roça,sol escaldante,funk no talo,poeira. Um piscinão de Ramos sem a piscina. 3:25 PM Aug 30 from web

No fundo do poço, sem mulher nenhuma, ainda fui despejado da casa que eu morava de aluguel, por falta de pagamento. A minha ex-namorada ( a louca possessiva-paranóica) quando soube disso, propôs que voltássemos e que eu fosse morar com ela. Fodido, sem ter pra onde ir, aceitei, e fui pra casa dela como um cão sarnento querendo abrigo ( ainda que a minha vida corresse perigo devido a sua óbvia psicopatia). Mas não durou muito. Ela mesma me deu um pé na bunda:

Minha ex-noiva,a Milena,ontem,mandou na minha cara:“Sai daqui! Com você eu não caso!” / Porra, quê que tem isso? Só porque mijei de novo na tampa do vaso? 4:02 AM Sep 11th from web

Fui morar de favor na casa de um amigo e como ele tinha internet banda larga, voltei a investir meu amor no mundo virtual. Mas, como eu ficava o dia inteiro na net, a conta do camarada veio altíssima e ele me expulsou da casa dele também. E o pior: mesmo tento ficado dias e dias na internet e não consegui comer ninguém:

Eu nunca tinha entrado num chat. Recebi: “Qr tc cmg?” Sem entender,respondi: “Seu teclado está bem com problema nas vogais” Ela:“V p/ pqp!” 1:31 PM Sep 16th from web

Ainda traumatizado com a tal Festa do tal Bom Jesus do Matosinhos, disse pra mim mesmo: “Não peguei ninguém lá porque aquilo não era ambiente pra mim! Funk, gente semi-analfabeta, poeira, um fim de mundo... Vou ir a locais onde existam mulheres do meu nível intelectual !”
Peguei emprestado, de novo, uma grana no Itaú,e acertei algumas contas. Da grana que sobrou, fui para a Bienal do Livro, no Rio. Lá sim seria o local ideal para encontrar “mulheres intelectuais e refinadas como eu”. Andei pelo gigantesco Riocentro atrás das mulheres de óculos de aros grossos. E, falando nisso, era isso o que eu mais ouvia quando eu encoxava as intelectuais aros grossos:

- Qual é gatinha? Dá uma olhadinha nesse livro aqui! Que tal a gente por ele em prática ali atrás daquele estande de livros infanto-juvenis?

- Ignorante! Não sabe tratar uma mulher não? Seu grosso!

Fiquei com joelho inchado doendo de tanto rodar pelo Riocentro com o Kama-sutra debaixo do braço e não pegar ninguém. Cansado, com o joelho doendo pra cacete, sentei-me e tentei a última cartada, mas, infelizmente, não deu em nada:

Fui na Bienal Livro.Lá,peguei um calhamaço e fiquei na posição do Pensador do Rodin. Não atraiu nenhuma fêmea e a posição ainda me deu dor nas costas. 12:26 AM Sep 17th from web

No mesmo dia, de lá do Riocentro, parti pra Lapa. A boa e velha Lapa dos boêmios. Um antro de gatinhas curtidoras de MBP, samba e sons modernosos.

Fui num bar onde tava rolando um grupo de choro, na Lapa. Sentei numa mesa, pedi um chorinho na dose de conhaque ( recusado pelo garçom ),tomei uns chopes e vários foras das mulheres e saí chorando com o preço da conta. 09:28 AM Sep 18th from web

Porra! Constatei que depois dessas que, definitivamente meu negócio não era mulher intelectual. Eu tinha que pegar mulheres mais ou tão burras quanto eu. Voltei pra minha cidade e, consegui, com a grana que tinha sobrado da zoeira na Lapa e da ida à Bienal, acertar o aluguel atrasado e voltar pra casa. No final de semana descobri que havia num clube perto da minha casa um baile chamado “Waldo Discoteque 80’s”, que tocava só músicas da década de oitenta. Pensei: “ Porra, se eu quero mulher imbecil, mais burra do que eu, não há um lugar mais perfeito do que esse. Mulheres trintonas que cantam letras do Ojerizah, Picassos Falsos, Capital Inicial, Biquini Cavadão e Uns e Outros, obviamente só podem ser retardadas mentais!”

Esse era o lugar onde eu ia amarrar de vez o meu burro. Melhor dizendo: “minha burra”. Mas também não deu muito certo:

Fui ontem num baile “80’s”. Daqueles que as balzaquianas ficam cantando histéricas as piores músicas dos anos oitenta. Tava no salão azarando uma mulher, quando ela me interrompeu e começou a cantar “Pneus de carros cantam...tchururuthtu...” Virei as costas fui embora na hora. . 12:20 AM Sep 21th from web

O negócio tava feio pro meu lado. Até que pus, no desespero, um anúncio, tipo aqueles de classificados, no próprio twitter, mas não atraiu nenhuma espécime do sexo feminino:

Ando procurando uma namorada: Minha principal virtude é a sinceridade: sou gordo,não gosto de cachorro,odeio criança,ganho R$ 580, não sei dirigir...4:07 PM Oct 2nd from web

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

JORNALISTA FRACASSADO

Sempre sonhei em ter o diploma de jornalista.

Porra! Até meus sonhos de futuro são FRACASSADOS, já que se eu o realizasse, a porcaria do diploma, hoje, não valeria merda nenhuma.

Como nunca tive grana pra pagar a mensalidade de um curso tão caro, contentei-me em ficar fazendo fanzines.

Mas, vasculhando nas minhas gavetas de investidas fracassadas, encontrei um jornalzinho que confeccionei em 1995, chamado A-NOTÍCIA.

O referido periódico trazia um novo conceito jornalístico: as notícias não terem porra de notícia nenhuma. Só notícias inócuas feitas para descansar as mentes dos leitores, já atormentadas pelo caos do dia-a-dia..

Não consegui patrocínio para continuar a editar o jornal e ele faliu logo no primeiro número.



PRODUTOR FRACASSADO II

Em meados de 1992, peguei um violão e me arrisquei a compor umas canções folk. Só de sacanagem. Músicas folk guardadas no formol do tempo. Coisa, então, datada pra caralho. Eu sabia que não ia colar, mas pensei, só de onda, em criar uma vanguarda (*) folk tupiniquim. Estar à frente do meu tempo.

(*) - [ vanguarda (do francês avant-garde, "proteção frontal") em sentido literal faz referência ao batalhão militar que precede as tropas em ataque durante uma batalha. Daí deduz-se que vanguarda é aquilo que "está à frente".]

Como sou uma toupeira no violão, contentei-me em apenas compor e letrar as canções onde pus nas mãos de um amigo violeiro tocador de folia-de-reis, o Bob Lord, um possante tonante, que simulou uma slide guitar e me acompanhou na gaita hering desafinada.

Gravamos num toca-fitas CCE ( gravação ambiente) com os ruídos típicos desse mal-ajambrado equipamento tosco que, pra nossa sorte, acabou soando mais folk-folclórico-rústico ainda, com chiados dissonantes (!?) e estalos escabrosos.

O cedê chama-se “Bob Lord – Formol & Folk”.

Não vendeu nenhuma cópia a merda do cedê. Dezenas ainda encalhados, até hoje, dezesseis anos depois.

(...)

Dezesseis anos depois, em pleno ano de 2008, vejo a pequena Malu Magalhães ( que tem dezesseis anos de idade) fazer sucesso nos celulares e nos mp3 ( 4...5...6...7...8...) com uma tal música jovem de vanguarda (!?!?) que bebe direto na fonte de múmias como The Band , Buffalo Springfield , The Byrds, The Beau Brummels, Crosby, Stills & Nash, Simon & Garfunkel, Peter, Paul & Mary , The Dillards, Country Joe & The Fish, Mojave 3, Bob Dylan e Neil Young: o folk rock.

Fiquei perdido no tempo. Eu, hoje, devo chegar a conclusão de que fui ainda (“ainda” no sentido de atrasado para as referidas múmias e no sentido de avançado pra essa rapaziada de hoje) “mais” ou “menos” “avant-garde” que essa menina?

Sei lá! Só sei que me fudi.

Folk. Moda nacional atual em pleno fim da primeira década do século XXI.

E o que me deixou mais deprimido ainda, agora em 2009: a banda que mais faz sucesso nas rádios e dvd’s e cedes chama-se

Vanguard...

...tocando folk-rock!

Mas, pra quem quiser ouvir esse antigo-atemporal-fracassado-futuro-sucesso, o “Bob Lord – Formol & Folk”, é só entrar em contato comigo que eu vendo baratinho a tosca bolachinha rústica.




( a capa do folclórico disco)




( as canções do cedê)



( o cedê)

TWITTEIRO FRACASSADO II





Meu novo TOC: colocar alguns toques (em 140 toques) no twitter, para quem quiser ser um fracassado como eu.

Não tem ninguém me seguindo naquela porcaria.

www.twitter.com/fracassado

*****

Manual do fracassado 1 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter operado vasectomia e, após isso, só me apaixonar por mulheres que sonham em ter filhos.

Manual do fracassado 2 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter comprado um chapéu-coco caríssimo igual ao do Alex do Laranja Mecânica, mas não ter coragem de usá-lo na rua.

Manual do fracassado 3 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter carteira de motorista há mais de quinze anos e não saber nem dar partida num carro.

Manual do fracassado 4 ( pílulas da minha biografia de merda): ter uma dívida com empréstimos ao Itaú, de dez vezes o valor do meu salário, por ter comprado miniaturas de personagens de filme de terror

Manual do fracassado 5 ( pílulas da minha biografia de merda ): não saber utilizar outras funções além das “atender” e “ligar” no celular.

Manual do fracassado 6 ( pílulas da minha biografia de merda): ter como plano ambicioso de futuro completar a minha coleção de miniaturas de personagens de filme de terror

Manual do fracassado 8 ( pílulas da minha biografia de merda): ser professor de Literatura e não saber nenhum- nenhum sequer – poema de mamória.

Manual do fracassado 9 ( pílulas da minha biografia de merda): ser péssimo de briga e mesmo assim, bêbado, cismar em mexer com a mulher dos outros.

Manual do fracassado 10 ( pílulas da minha biografia de merda): ter 34 anos, morar de aluguel, não ter poupança, nem patrimônio, nem plano de saúde

Manual do fracassado 11 ( pílulas da minha biografia de merda): ir frequentemente à bailes de forró e recusar-me a dançar, mesmo diante da insistência das mulheres, já que não sei dar um passo sem pisar nos pés.

Manual do fracassado 12 ( pílulas da minha biografia de merda): não gostar de futebol e, por isso, ser obrigado a ficar tomando conta da churrasqueira durante a Copa do Mundo.

Manual do fracassado 13 ( pílulas da minha biografia de merda): ser de família de músicos e não saber tocar sequer um instrumento musical (sic: apenas o de Onã);

Manual do fracassado 14 ( pílulas da minha biografia de merda): Ser professor de Língua Portuguesa e cometer erros crassos ( crasos?) na escrita;

Manual do fracassado 15 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter os triglicerídios nas alturas ( advertência médica) e não conseguir abrir mão da costelinha de porco

Manual do fracassado 16 ( pílulas da minha biografia de merda ): Gostar de rock desde moleque e não saber patavinas de Inglês;

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

PRODUTOR MUSICAL FRACASSADO I

Depois de várias tentativas frustradas, com outras bandas em que participei, de buscar novas estruturas musicais ( rala-bucho, mambo, catingulê, chorinho e psichobylly), em fevereiro de 1994, acabei descobrindo que não precisava delas para expôr minhas idiossincrasias sonoras. Sozinho, compus o cd “A-Música”, com uma banda que denominei de “Os Invisíveis”.

Um cd inteiro só de silêncio, com uma estruturação que prescindisse os parâmetros melodia e harmonia, sendo apoiada exclusivamente nas durações. O tempo foi eleito o único fator determinante nas música, pois seria capaz de incluir os silêncios como objetos estruturáveis, coisa que uma concepção baseada em notas musicais não era capaz, subvertendo a idéia de que uma música, para ser música, obrigatoriamente deveria ser uma seqüência de sons precisasse de melodia, harmonia e ritmo.

Quinze faixas em que cada uma, com o seu tempo determinado, era de puro silêncio. Músicas que não possuíam nenhuma nota, sendo compostas inteiramente por pausas.
Para testar os limites de minha criação, fui pro quintal da minha casa, coloquei o fone com o meu disckman da CCE e ouvi todo o cd dentro de uma caixa de geladeira de papelão, revestida por papel laminado e forrada por caixas de ovos, que chamei de câmera paranóico-anecóica, construída de tal modo a cancelar todos os ruídos ambientes ( principalmente os pancadões funk que meu irmão ficava ouvindo no talo). Ainda assim, não consegui ouvir o silêncio absoluto. Conseguia ouvir um barulho: o ruído do meu próprio coração.

Eu precisava, então, parar meu coração. Mas aí eu pensei bem e percebi não ia das certo, já eu não ia conseguir saber se o silêncio arbitraria, pois, com o coração parado, eu não estaria mais vivo.

Mas o cd ficou pronto.

E não vendeu nenhum.

Dois anos depois, gravei o cd “Os Invisíveis – ao vivo”, que, intercaladas entre as canções-silêncio, ouvia-se apenas os sons dos aplausos da vibrante platéia.

Outro fracasso de vendas.


Mas ainda tenho dezenas de cópias guardadas, pra quem quiser comprar ouví-lo ( ou não-ouví-lo, sei lá!)




( A capa do cd "Os Invisíveis - ao vvo" )




( a contra-capa do cd ao vivo)



( o cd)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PAQUERADOR FRACASSADO




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"Ela não deveria ter olhado nunca,

Se pensava que eu não deveria amá-la"

Browing (1812-1889)

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Nunca fui azarado. Melhor dizendo, azarado no sentido de “azar na vida” eu sempre fui, sou e serei. Por isso a existência desse divã de confidências que é este blog. Nunca fui azarado no que diz respeito a uma mulher deliberadamente me cortejar. Ter interesse por mim. Me paquerar.

Tem seu lado bom e ruim nisso. Por sei feio pra caralho ( o que, obviamente, explica esse meu fracasso sedutor), nas vezes que fiquei com mulheres, dependeram única a exclusivamente da minha capacidade de conquistá-las argumentando, “jogar um plá”, “desenrolar”. O que, vá lá, admito, não sou muito bom nisso, mas era (é) a única alternativa que me resta(va) pra conquistá-las, o que me faz conseguir sobreviver sem ter que ficar sempre no “cinco contra um”.

Considerando que sendo “margoso” a possibilidade de conseguir conquistar uma gata ( numa festa, boate, barzinho...) estando ao lado de um cara mais bonito do que eu seria nula, sempre fiz amizades com caras tão ou mais feios do que eu. E, justamente, o “mais dos feios dos meus amigos”, o Agonia, me deu um toque ( no bom sentido, é claro) que me deixou boladão:

- Porra! Saca só velho! Não é só porque a gente é jaburu que nós não pode [ sic: além de feio, o Agonia é semi-analfabeto] sacar quando as minas tão dando mole pra gente. E às vezes poder até estar. Eu soube que tem um lance aê de perceber uns sinais quando a mina tá te dando mole. Eu vi no programa da Márcia “Goldesmitê” [ sic: além de feio e burro, tem mau gosto televisivo também] falando sobre isso. Procura saber mais velho.


Agonia é o meu mestre [ ver FRACASSADO FRACASSADO] e tudo o que ele fala eu levo em consideração. Tentei decifrar e traduzir seu obtuso conselho e descobri que o que ele queria dizer era sobre os “Sinais não-verbais que as mulheres emitem durante uma paquera”. Comecei a pesquisar e comprei três livros massa sobre o assunto: “O Corpo Fala” ( de Pierre Weil e Roland Tompakow, da Editora Vozes); “Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal"(de Allan e Barbara Pease. Editora Sextante ) e o clássico “The expression of emotion in the man and animal” do mestre Charles Darwin.

Li os três numa pancada só.

Uma parte de um dos livros:

“Homens e mulheres procuram chamar a atenção sobre si. Para diminuir o temor do outro, freqüentemente os indivíduos adotam posturas que lembram o comportamento infantil. Três tipos de comportamentos parecem predominar : orientação corporal em direção à pessoa que se tem interesse; breves olhares mútuos; comportamentos de automanipulação. Geralmente os homens tendem a estender os braços, estufar o peito, arrumar o cabelos, empinar o queixo, ajeitar a roupa, rir alto, exagerar nos movimentos corporais e tocar na face. As mulheres andam de maneira empinada, sorriem, olham, mudam de posição, balançam o corpo, ajeitam-se, enrolam o cabelo com os dedos, jogam a cabeça para trás, olham com ar tímido, dão risadinhas, erguem as sobrancelhas, umedecem o lábio superior com a língua. Para quem emite estes gestos, geralmente denominados de deslocados , eles parecem servir para incrementar a própria aparência e como consoladores ”

Fiquei craque em emitir sinais não-verbais de sedução e perceber os emitidos pelas gatas.

Passei a fazer observações nos locais onde acontecem habitualmente os jogos de sedução (cafés, bares, salões de danças, etc.), e vi que esses lugares revelam que existe um timing ótimo para que este jogo tenha sucesso. Se o “ataque” for muito rápido ou agressivo, ou ao contrário, se houver muita demora e hesitação, o namoro tende a fracassar. Pode-se comparar este tipo de comportamento a aquele de outras espécies menos desenvolvidas, como as aranhas. Os machos da espécie precisam atravessar a longa e escura entrada da toca da fêmea para poder namorar e copular. Fazem isso bem devagar, pois caso se precipitem, elas os devoram.

E a minha idéia era justamente comer uma aranha ( ou, nesse caso, ser comido, sei lá!)

Mas, nesses livros, o que me mais chamou a atenção foi ter lido que a função destes sinais básicos e aparentemente universais, tanto masculinos, quanto femininos, é de ficar próximo da pessoa cortejada sem provocar temor e esta indicar que o cortejador pode aproximar-se sem medo. Esta necessidade de aproximação é facilitada por uma postura e um comportamento infantilizado tanto por parte do cortejador como do cortejado, a qual demonstraria a “submissão” e seria oposta ao perigo de agressão e, portanto, facilitaria a aproximação.

Ainda li que tais sinais de submissão no comportamento de flerte têm sido observados em vertebrados, em mamíferos e em primatas. A sua finalidade seria a de criar, consolidar e manter vínculos de apego, tendo sido inicialmente descrita por Darwin naquela clássica publicação de 1872. Assim, este comportamento submisso e infantilizado presente no cortejamento parece ter a função de indicar ao outro: “eu não sou perigoso; eu estou disponível: você pode aproximar-se”.

Pior que eu tava a perigo quando lia esses livros.

Porra, estando com todas as cartas na manga, sacando pra caralho do assunto ( decorei todos os “ 52 gestos e atitudes que as mulheres utilizam para lançar o sinal de sua disponibilidade e de seu interesse”), bastava que eu encontrasse um ambiente propício ao encontro com as mulheres que apresentassem alta freqüência de manifestações não-verbais direcionadas aos homens.

Procurei o mestre Agonia. Contei pra ele sobre os meus profundos estudos. Na lata, o experiente notívago me disse: Lapa. “Vai pra Lapa velho! Lá é o lugar ideal procê por em prática esses seus conhecimentos sobre o vlerte ( ele quis dizer “flerte”).

E fui pra Lapa, no Rio. Hospedei-me no hotel em que sempre fiquei, o Mundo Novo.

Meti uma beca na estica: calça de linho, camisa de seda com os botões abertos até a metade mostrando os pelos do peito, sapato duas cores.

Lindão, parti pra night. Sabadão, tomei uns goles ( oito Brahmas) num botequim da Mem de Sá mesmo, pra dar um “esquenta”. Rodei de bar em bar e vi que, apesar de cheios, só tinha gringas. Pô, tá certo que a linguagem não-verbal do flerte é universal, mas,mesmo que eu evidenciasse um mole não-verbal pra mim, como eu faria na hora do ”desenrolo” verbal ? Monoglota ducarai, ia travar na hora de trocar o “plá” com as gringas.

Continuei a rodar na Lapa afora até parar num tal de “Buraco da Lacraia” (Rua André Cavalcanti, 58. Há uns quatro quarteirões depois dos Arcos, no sentido Aterro). Paguei R$25,00 na entrada.

Eram, três e meia da manhã. Noite fria e chuvosa. Lotado o bar. Eu já meio atravessado na birita, na mesa de bilhar, tinha acabado de tomar uma “cara-de-gato” da Ivanir, uma mulher-macho, sinuqueira das antigas, que às gargalhadas, me esculachou geral.

Puto com a derrota atravessada na garganta, peguei meu copo, saí da mesa de sinuca e comecei a pôr em prática meus conhecimentos perceptivos da sedução humana.
“Porra, azar no jogo, sorte no amor” - pensei.

E parti pro meio da boate-bar bêbado balbuciando: “Quero é fuder!”. De súbito, ao meu lado vi a exuberante loira curvilínea, peitões explodindo no decote, cabelos lisos até os ombros, cintura fina,a penugem de pelinhos-pêssego descendo até o rego da bunda. Bunda? Bundão-raimunda!

“Crescei-vos e multiplicai-vos”, pensei comigo. “Fuder, eu quero é fuder!”

Suspendi o copo, olhando torto pro bundão-raimunda. Raimunda é nome de mulher feia, deve ser Priscila, ou Patrícia, ou Pâmela o nome da loira, nome de mulher bonita começa sempre com “p”, pensei em voz alta.

Ali era a hora de por em prática meus profundos conhecimentos. Me lembrei dos sinais masculinos do flerte e comecei a executá-los olhando fixamente pra ela. Segui direitinho os passos: primeiro fiquei numa postura cowboy: mãos no bolso, com os dedos em L, apontando pra região genital; depois sentei-me com as pernas abertas e projetei o corpo pra frente; mostrei os pulsos e voltei o meu tronco pra ela; ;alisei os cabelos; ajeitei a roupa;inflei o peito e encolhi a barriga (uma clara demostração de força física e virilidade).

Ela meio que percebeu que eu estava a fim e vi imediatamente que estava demostrando o fêmeo interesse por mim:sentada, colocou a bolsa muito próxima de si; apontou para o próprio joelho; acariciou o sapato e cruzou as pernas.

Caralho! Igualzinho aos passos do flerte feminino descritos nos livros.

Vi que tinha aprendido a "ler" os sinais mais acuradamente.

Pra não dar varada n'água, esperei mais um pouco antes de cair dentro. Sabia que também era preciso ter cuidado com a interpretação dos sinais. É preciso estar ciente de outros contextos para saber as reais intenções de quem flerta; uma pista somente não significa nada e pode ser ambígua. Para se certa certeza das intenções, essas evidências devem ser convergentes e múltiplas, lembrei.

Eu tinha que confirmar os outros sinais não-verbais.

E não é que os livros tinham razão? Quando ela viu que eu olhei novamente pra ela, jogou a cabeça para trás e sacudiu o cabelo; respondendo com sinais que indicavam sua disponibilidade e interesse para uma aproximação. Orientou seu corpo em direção ao meu, olhou-me mais longamente e, muito freqüentemente, inclinava lateralmente a cabeça, expondo a parte lateral do pescoço. Fez os clássicos sinais de submissão, tais como abaixar os olhos, fazer beicinho com os lábios, segurar os próprios braços ou mantê-los muito próximos da área abdominal. Lembrei dos livros que tais comportamentos de submissão servem para mostrar a não hostilidade e indicar uma implícita permissão para a aproximação.

Voltei pra postura cowboy: mãos no bolso, com os dedos em L, apontando pra região genital

Ela me olhando, umedeceu levemente os lábios; fez beicinho com a boca levemente aberta; tocou-se nos ombros; inclinou o pulso; expôs também os pulsos; levantou-se e , ao som ambiente, olhando diretamente pra mim, começou a requebrar as cadeiras inclinando a pelve na minha direção. Sentou-se novamente e começou a acariciar o gargalo da garrafa de cerveja.

Fiquei doidão!

Dei um golão bem grosseiro na lata de cerva, repeti a postura cowboy: mãos no bolso, com os dedos em L, apontando pra região genital; e comecei a cantar alto e a gesticular ( dando indícios de que queria chamar a atenção)

Comecei a cantar a canção “Moça” do Wando.

Ela ouviu e riu.

“Olhou pra mim, chego junto! Azar o dela!” As palavras saíram atrapalhadas na minha voz bêbada.

Chegou a hora. Cheguei junto. Lembrei de uma passagem do livro do Darwin que dizia - “... sempre são os machos que fazem a corte”

Cheguei perto e perguntei:

-A graça?

-Einh?

-A graça!

-Que graça? Graça de quê?

Não desisti da burrinha dona do burrão:

- O nome, caralho!

- Grosso!

- Grosso não, porra! Recito a bíblia procê então: ““Crescei-vos e multiplicai-vos” - disse, deixando subtendido a proposta de foder.

Ela gargalhou. Eu perguntei qual era a graça. Rir da bíblia. Ela riu mais ainda.

- Qual é a graça, porra?

- O nome?

- Não, porra! Qual é a graça de rir do que eu falei?

- Nada! Só achei graça!

-Foda-se! Quero fuder contigo! Tô doidão!

-Direto você, einh?

Conforme a orientação dos livros, passei para um tipo de conversa sedutora, sabendo das evidências de que é mais importante como se fala e não o que se fala, caracterizando-a pela mudança de voz, um tom mais agudo, um volume mais baixo, mais suave, mais musical, um tipo de voz que lembra o modo de se falar com crianças ou para tranqüilizar pessoas que precisam de cuidados, onde o clima continuaria sendo o de pô-la em submissão.

- Quero meter nesse rabão loiro gostoso!

Ela riu mais ainda. Tava no papo.

“Meu lero é foda!” - pensei.

Catei pelo braço, meio que à força, e saí arrastando a loira pela Lapa afora. Não conversamos. Ela só ria e ria. Entramos no Hotel Mundo Novo. Meu quarto, 206. Tirei a roupa da loira. Corpo de atriz pornô. Bucetinha raspadinha, bigodinho de hitler.

Joguei na cama e barbarizei. Bêbado meti na buceta apertadinha sem camisinha mesmo.

-Crescei-vos e multiplicai-vos”, gritei encharcando a xota de porra.

Sem mais nem menos, ela gargalhou igual a uma pomba-gira.

“ Não é que tem mesmo mulher que goza rindo?” - pensei

Deixei pra comer o cobiçado bundão-raimunda por último. E comi. E gozei de novo. Exausto, deitei-me ao lado dela e acendi um cigarro. Lembrei da parte do livro que diz que após o coito o comportamento de cortejamento cessa, já que nessa fase o casal não precisa mais “negociar” a aproximação sexual; findo o objetivo, então parece que o cortejamento torna-se redundante e desnecessário, pois do ponto de vista biológico, o objetivo do cortejamento é de maximizar a otimização do sucesso reprodutivo das pessoas envolvidas.

Fiquei deitadão refletindo sobre aquilo, quando me dei conta de que ela ainda estava gargalhando, chegando a chorar de tanto rir. Dessa vez fiquei puto e , perguntei:

- Caralho! Qual é a graça?

- Paulo