terça-feira, 30 de junho de 2009
BLOGUEIRO UNDERGROUND FRACASSADO
No primeiro dia de julho de 2008, imbuídos pelo nosso antigo espírito fanzineiro, eu e um camarada meu tivemos a idéia de fazer um blog nos moldes de um fanzine que confeccionávamos nos idos anos oitenta e noventa. Mais precisamente entre 1988 e 1993. Fanzine que datilografávamos textos, desenhávamos, colávamos recortes, criávamos fotonovelas pornô ( “O Mastro” [ O Peido nº 4 – abril de 1989] ), fazíamos entrevistas com bandas de rock ( [ “Gangrena Gasosa” [ O Peido nº 11 – novembro de 1992] ), resenhas de discos e livros ( “Li a Metamorfose, achei Gregor Samsa um barato!” [ O Peido nº 3 – março de 1989] ) , quadrinhos de própria autoria ( “Billruga” [ O Peido nº 2 ] ) entre outras barbaridades. Por final, xerocávamos e distribuíamos de mão em mão ou pelo correio. Trinta, cinqüenta cópias, no máximo. Intenção puramente underground. Nós nos contentávamos com esse pequeno, mas fiel, grupo de leitores. A periodicidade de impressão dos fanzines era mensal.
Como eu dizia, vinte anos depois, mais precisamente no 01 de julho de 2008 criamos um blog. Postagem semanais, assuntos diversos, mas a idéia principal era a de resgatar o esquemão do fanzine: liberdade para esculacharmos com quem quisermos e cometermos quaisquer atrocidades jornalísticas. Mas, principalmente, e sobretudo isso, ter poucos leitores como antigamente.
Ledo engano: o contador de visitas que colocamos no seu dia de criação contabiliza, pra nossa decepção, até hoje, perto de oitenta mil acessos.
Portanto, hoje, momento em que digito essas tortas linhas, 01 de julho de 2009, exatamente um ano após a criação do blog, deveríamos comemorar seu primeiro aniversário. Mas, infelizmente, como o nosso intuito principal - o de ter poucos leitores – foi por água abaixo, ficamos decepcionados.
O blog chama-se Bacharéis em Baixarias. Quem o faz? Nós, os mesmos ( um pouco grisalhos) editores do “O Peido”, agora sob duas alcunhas: Olavo Sader, editor & escroque chefe & Emir de Carvalho, lúmpen capitalista em busca de uns trocados.
Nosso texto de apresentação do blog:
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BAIXARÉIS EM BAIXARIA
Um nome a zerar! Apresentamos um novo conceito de blog. Todos os outros que você conhece foram idealizados e editados por pessoas altamente capacitadas. Aqui não, violão! Ao contrário dos habituais “gênios” incompreendidos que andam por aí, lamuriando-se pela ignorância da plebe ignara, e que na verdade não passam de verdadeiras bestas, neste espaço você encontrará bestas se esforçando ao máximo para atingir a genialidade dos leitores de blogs.
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Portanto peço, encarecidamente, que você, leitor do AUTOBIOGRAFIA DE UM MERDA, não o visite:
http://bachareisembaixaria.blogspot.com/
Ps> Esse tema me fez lembrar de uma coisa. Essa é para algum jornalista de plantão lendo essa merda que eu escrevo, e que esteja reclamando da recente queda do seu precioso diploma.
Ao que me consta, o Brasil é o único país em que existe tal exigência e não me parece que por isso nosso jornalismo seja melhor que o dos americanos, ingleses ou espanhóis, por exemplo. Aliás, há muitos jornalistas de reconhecida competência que estão na ativa hoje no Brasil e que não têm diploma de jornalista.
Acho que um médico que sabe escrever pode fazer muito melhor uma matéria sobre medicina nuclear, mudança de ministro, um assassinato ou mesmo um jogo de futebol do que um mau repórter, que exerce a profissão simplesmente porque é formado por uma faculdade de Jornalismo. O mesmo pode-se dizer de um pedreiro, físico, professor, funileiro, sociólogo, historiador, advogado etc.
Há bons jornalistas que o fazem sem ter nenhum destes diplomas. O que digo é que o simples fato de ser formado em Jornalismo não dá a ninguém mais ou menos condições para escrever a respeito daquilo.
Jornalista, diga-me uma coisa. Por acaso, Millôr Fernades, Ivan Lessa, Aparício Torelly, Glauco Mattoso, Max Nunes, Diogo Mainardi - e outros dessa linhagem - precisaram do referido diploma pra escreverem seus excelentes textos ?
Deixo claro, aqui, que considero o jornalismo puramente uma atividade intelectual que requer capacidade de conhecimento multidisciplinar, senso crítico apurado, intimidade com a palavra e olho clínico, o que, definitivamente, não tenho.
Afinal, sou apenas um velho fanzineiro.
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