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domingo, 28 de junho de 2009

DANÇARINO DE BREAK FRACASSADO



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R.I.P. Michael Jackson / 1958-2009

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Foi o recente falecimento do meu ídolo Michael Jackson me fez lembrar disso. O mestre que era preto, ficou branco e virou cinza.

Michael sempre teve participação efetiva situações afetivas da minha vida. Pra se ter idéia de sua importância na minha trajetória, de coração apertado, digo que foi graças ao Michael Jackson que eu dei meu primeiro beijo de língua, ainda garoto. Nesse beijo, senti prazeres que até então eu nunca tinha sentido.

Michael, sentirei saudades!

Não está acreditando? Quer saber como isso aconteceu?

Vou contar:

Em setembro de 1982, auge do vinil, comprei meu primeiro bolachão, o disco se chamava Thriller.
Me recordo que, na época, eu fui o primeiro na minha escola a comprar esse disco. Hoje todos o conhecem, é claro. É o LP mais vendido da história. Acho que li uma pesquisa que fazia uma estimativa de que uma em cada onze pessoas do Planeta Terra compraram esse álbum. Mas considerando que, entre essas dez pessoas que não o compraram, se essa pesquisa tivesse descontado da população planetária: bebês; o povo esfomeado da África; retardados mentais; hermitões do Alasca; mendigos brasileiros; gente em estado de coma nos hospitais; surdos; paraplégicos que moram sozinhos e não podem ir até a loja de vinil mais próxima e malucos de hospícios, muito provavelmente TODO o planeta comprou esse disco.

Lembro muito bem, em março de 1983, quando vi na televisão, pela primeira vez , o clipe de Billie Jean e o passo moonwalk. Fiquei encantado. A dança era (é) foda! Virou febre no mundo. Quebrou barreiras raciais, sexuais e sociais. Nas ruas via-se negros, brancos, caminhoneiros, travestis com silicone mal colocado na maçã do rosto, crianças, velhos , ricos, pobres, homens, mulheres petistas com cabelo no sovaco, todos, todos deslizando pra trás no moonwalk. Eu ia pra escola deslizando para trás e todo mundo que via ficava assustado com a minha performance moonwalk. Eu recebia muitos elogios dos que me viam dançando. Lembro de uma vez que, a caminho ( de costas, deslizando) do colégio, um senhor bem velhinho me parou na rua gritando:

- Caralho, man! Parece que você tem rodinhas nos tênis.

Em seguida, o coroa botou uma mão na testa e outra no saco escrotal, e, imitando o Michael, deu um gritinho:

- ÁáU!

Assim que fez o gesto michaeljacksiano, ele disse que eu era fera ( Gira da época. Explico: leia-se “foda!”) na dança. Fiquei empolgado com aquilo.

Em 7 de maio 1984 estreou a novela “Partido Alto” na Rede Globo e na abertura o dançarino Nelson Triunfo e sua trupe apareciam dançando break e o moonwalk. Inaugurou-se, aí, oficialmente, o break dance no Brasil que logo em seguida começou a se espalhar pelo país e, a partir de então, começaram a pipocar concursos de break por todos os cantos.

Um ano depois, treinando bastante, fiquei fodão no moonwalk e no break.

Em maio de 1985 eu soube que finalmente ia haver um campeonato de break na escola em que eu estudava ( Barão do Rio Bonito). Um alvoroço! A molecada toda, na hora do recreio, deslizando de costas pra lá e pra cá.

Eu ia deixar de ser um merdinha. Era a hora de eu mostrar o meu valor. Me inscrevi no campeonato.

Chegado o grande dia, meti uma luva branca em apenas uma das mãos, arrumei uma calça de tergal preta pescando siri ( Gíria da época. Explico: leia-se “curta nas canelas”), sapatinho branco, cabelinho molhado de gel, jaquetinha prateada sem as mangas: era o próprio Michael tupiniquim.

Eu sabia que ia ganhar. Só tinha neguinho ( e branquinho também) desengonçado inscrito no concurso. Eu previa que ia ser o primeiro não-fracasso da minha vida. Eu tava preparado. Só com um pouco de sensação de caganeira pelo nervosismo, mas, fora isso, nada mais.

No palco montado no pátio da escola, em meio a balbúrdia geral e entre gritos histéricos das meninas e gritos michaeljacksianos dos concorrentes ( não muito diferentes dos das meninas), a diretora, mestre-de-cerimônias, anuncia o começo do campeonato.

De repente, alguém berra desesperadamente lá da mesa de som. Eu, nervoso, segurando a caganeira, e compenetrado no meu treino do passinho, não tinha ouvido direito. Até que a diretora saiu de cima do palco, dirigiu-se para a mesa de som e voltou apavorada anunciando no microfone que não tinham lembrado de levar disco pra tocar a música em que os concorrentes iriam dançar.

- Alguém aí na platéia trouxe o disco? – perguntou ansiosa a diretora.

Silêncio.

- Alguém tem em casa? Que possa ir buscar urgente?

Ninguém tinha o Thriller.

Eu tinha. Entre centenas de moleques, eu era o único que tinha.

Levantei a mão que estava com a luva branca e gritei:

- Eu tenho ‘fessora!

-Então vai buscar seu merda! Tá esperando o quê?

- Minha casa é longe ‘fessora!

Um cara, vizinho meu, o Alceu, que tinha levado o filho, o Odil, pra concorrer, veio pro meu lado e disse que me levava em casa de carro pra buscar o disco.

- Então vai logo seu bostinha! – gritou a diretora lá do microfone.

Saí de carro com o Alceu, ele pé na tábua, e cheguei em casa em dez minutos. Subi as escadas correndo, cheguei em casa, peguei o disco, saí, desci as escadas aos tropeços, cheguei na porta do carro, joguei a chave e o disco no banco do carona pela janela e, de repente, antes de entrar no carro, bateu uma caganeira fudida. Expliquei a situação pro Alceu e perguntei pra ele se ele podia esperar enquanto eu fosse no banheiro de casa rapidinho arriar uma massa ( Gíria da época. Explico: leia-se “cortar o rabo do macaco”). Ele me disse calmamente que sim, que ia esperar na boa.

Saí apavorado e subi correndo os dois lances de escada até que, chegando na porta, percebi que havia deixado a chave da porta no carro, lá em baixo.

Desço correndo novamente as escadas e, pra minha surpresa, o cara tinha picado a mula ( Gíria da época. Explico: leia-se “rapado fora”) com a chave da minha casa e com o vinil.

- Filho da puta do Alceu! Voltou pra escola sem mim! Foi de sacanagem! Só porque sabia que se eu concorresse com o Odil eu ia desbancar o fedelho! Vou chegar a tempo e ganhar esse concurso! Vou sim!

Saí disparado pela rua afora em direção à escola e, cem metros adiante, bateu a caganeira com força total.

A rua lotada de gente, eu não podia cagar nas calças ali. Banheiro não tinha perto. Até que tive uma idéia genial!

Fechei as pernas, tranquei o esfíncter bem trancado, virei de costas e chamei no moonwalk deslizando pelo meio da rua. Quanto mais a merda ia tentando sair, mais eu acelerava no passinho. Cada vez que a merda dava uma pontada na porta do cu eu gritava de desespero:

- Ááu!

As pessoas na rua ficaram em êxtase me vendo vestido de Michael Jackson, naquele moonwalk infinito e gritando “Ááu!”, iam aplaudindo fervorosamente.

- Dá-lhe Michael! – gritou emocionado um cara de óculos com cara de professor universitário.

- Ááu!

- Caralho, man! Parece que você tem rodinhas nos tênis! – gritou uma velhinha!

- Ááu!

Até que, depois de quarenta e oito minutos de moonwalk pelo meio da rua, chego na escola e, ainda em moonwalk, vou em direção ao pátio.

Quando cheguei lá, fiquei estarrecido. Não havia quase mais ninguém. O palco sendo desmontado. Fiquei parado no meio do pátio com cara de tacho, até que a Milena, a menina mais bonita da escola, já com doze anos, veio na minha direção e me disse:

- Que pena. O campeonato já acabou. O Odil ganhou, apesar de ter feito pessimamente o moonwalk. É que os outros concorrentes eram piores ainda. Mas, eu vi que você salvou o campeonato emprestando o seu disco do Michael Jackson. O único que tem o disco aqui na escola. Posso um dia desses ir lá na sua casa pra ouvir o disco? Por favor! Por favor!

Eu ainda em estado de choque e as pernas em estado de câimbra ( devo ter batido o record mundial de moonwalk a distância ) fiz que sim com a cabeça.

Ela eufórica, me abraçou e, sem mais nem menos, me deu um beijo de língua na boca. Como eu nunca havia beijado na boca antes, a sensação deliciosa acabou me relaxando todos os músculos ( entre os quais o esfíncter) e caguei na calça ali mesmo.

- Que cheiro é esse? – deu um berro a Milena, olhando pra minha calça toda cagada.

- Cruz credo! Você se cagou todo! Não quero mais ir na sua casa! Seu nojento!

Nem me importei. Esqueci até do concurso. Fiquei parado ali, todo cagado, olhos fechados, com um sorriso bobo nos lábios, curtindo, ainda, a sensação do meu primeiro beijo de língua.

Daí, eu atribuir ao mestre Michael Jackson o fato de eu ter dado o meu primeiro beijo na boca, ainda quando garoto.

Por que? Você estava pensando o que?

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Ps> Michael, você é uma pessoa boa,cara! Vai pro céu e lá vai se encontrar com o menino Jesus...

Do fã

O Merda Fracassado

Um comentário:

Edu Coimbra disse...

Também sou fã do Michael Jackson, e deste disco em especial. Na verdade, foi ele que abriu as portas do mundo do Rock pra mim. Quando eu estava aprendendo a tocar, um amigo meu me mostrou o disco Thriller, onde eu fiquei maluco com a música "Beat it" e sua guitarra nervosa. Então, fiquei sabendo que quem tocou aquela guitarra foi um tal de Eddie Van Halen. E aí começou tudo...

Abraços!!

http://dorockaochoro.blogspot.com