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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

MALANDRO FRACASSADO

- O bagulho é frenético mermão! Te falei, porra! Televisão de plasma pela metade do preço, até por quinhentos reais ele faz!

Eu sentado no botequim, tomando minha Brahma e ouvindo a conversa dos dois camaradas que estavam em pé, encostados no balcão. No fundo, um toca discos rolando a música “Escola de Malandro” do Noel Rosa e Ismael Silva:

A escola do malandro
É fingir que sabe amar
Sem elas perceberem
Para não estrilar...

- Tudo que cê quiser mané! Som, dvd, compra de supermercado... Ce vai lá na loja, escolhe a mercadoria, mostra pro cara e depois ele te entrega em casa pela metade do preço que tava anunciando. Não sei como é que ele faz isso. Só sei que o bagulho é sinistro, não pode ficar estarrando geral por aí não. O cara só faz o serviço e tchau e bença. Não sei nem onde ele mora nem o nome dele. Toda quarta ele tá aqui jogando sinuca e fazendo uns contatos...

Fingindo é que se leva vantagem
Isso, sim, que é malandragem
(Quá, quá, quá, quá...)
[-Isso é conversa pra doutor?]

Fiquei curioso com a conversa. Eu fudido, véspera de carnaval, precisando de uma grana e ouço uma conversa tão interessante como. Desde semana passada que eu fui mandado embora da firma que eu tô querendo investir a merreca da indenização. Pensei em comprar umas latinhas de Brahma e vender no meio da rua no carnaval, mas com a grana que eu tava, não dava pra comprar nem umas 1000 latinhas quentes lá no Cereais Supermercados. Porra, um real a latinha quente, mó robalheira.

Oi, enquanto existir o samba
Não quero mais trabalhar
A comida vem do céu,Jesus Cristo manda dar!

Ainda de butuca no papo dos dois, tomei coragem, pedi licença e interrompi a conversa:

- Pô, não é por nada não, mas eu tava sem querer ouvindo vocês aí e me interessei pelo lance do tal camarada filantrópico. Cê sabe como é que faz pra entrar em contato com o mestre? – perguntei pro negão que tava dando a ficha da situação.

Tomo vinho, tomo leite,Tomo a grana da mulher,Tomo bonde e automóvel,Só não tomo Itararé(Mas...)

- Porra véio, amanhã é quarta e ele vai tá aqui. Se cê quiser, te boto na fita, mas cê vai ter que pagar uns gelo aí, morou?

- Só se for agora, respondi – Manel,disse pro dono da birosca, tô deixando 10 brahma paga pro gentileza aqui!

- Demorô, disse o crioulo. Amanhã 3 da tarde cê vem aqui que eu te apresento o Papai Noel.

Oi, a nega me deu dinheiro
Pra comprar sapato branco,
A venda estava perto,
Comprei um par de tamanco.

Papai Noel? Pensei eu, rindo por dentro. Papai Noel em plena sexta-feira de carnaval... Jingle Bell, jingle Bell saí assobiando rua afora, empolgadão. Eu me sentia o malandragem pura.

No dia seguinte, na hora marcada, estava eu lá. Grana no bolso, Os 1000 contos que sobraram da rescisão. O crioulão, que atendia por Geladeira me pega pelo braço e me leva lá pra perto da mesa de sinuca.

- Esse aqui é o brother de que te falei, disse o Geladeira colocando-me de frente prum cara de meia-idade, grisalho, de Ray Ban original, num terno preto novinho.

O cara não disse nada. Me regulou de cima em baixo com cara de bunda. Menosprezou mesmo. Eu também dei maior vacilo, porra! Vim de havaiana, bermudão de tactel e sem camisa. Passei impressão de esculachado.

- O que que o senhor deseja? Me disse, ríspido, o coroa, tirando os olhos de mim enquanto dava uma tacada na bola 7.

- É que eu tô a fim de comprar umas cervas aê pra vender lá no bloco. E lá no Cereais Supermercados tá...

Me interrompendo o coroa olhou pra mim e perguntou:

- Quanto você tem meu filho?

- Milzinho na mão.

- E quanto tá a cerveja mais barata da cidade?

- A Brahma em lata que é uma cerva boa de vender tá um real, disse eu.

- Separa 950 reais, e aluga um caminhãozinho por 50. Te faço a lata por 25 centavos.

Já é! – eu disse.

E comprei as latas e levei pra vender no meio da rua no carnaval de Muriqui. Choveu todos os dias. Não vendi nenhuma. E, dois dias depois, a polícia veio atrás de mim, lá em casa, pra verificar se eu fazia parte de uma tal quadrilha que aplicava golpes usando cartões de crédito clonados. Eu disse que não. Eles me “convenceram” a dizer que sim. Disseram que com uma “cervejinha” tudo tava resolvido. Dei todas as cervejas pra eles.

Voltei no buteco, pedi uma latinha de Brahma fiado - tava durinho da silva - e fumei um Derby ( tinha parado de fumar há mais de dois anos).

Na caixa de som a mesma música do Noel.

Pois aconteceu comigo
Perfeitamente o contrário:
Ganhei foi muita pancada
E um diploma de otário.

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