fracassos

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quarta-feira, 9 de março de 2011

Roteirista Fracassado II

É..quase um ano sem bostar, digo - postar, neste obtuso blog.
Tem uma explicação: sou um João Cabral de Mello Neto às avessas.
Reza a lenda que o genial poeta, meticuloso que só ele, demorou nove anos para terminar o poema "Tecendo a manhã".
Peraí. Peraí. tá meio confuso. Chego lá...
Agosto do ano passado, tava na minha. Na minha vidinha de merda, até que recebo um e-mail.
Leram esse meu tosco blog e encomendaram roteiros para uma mini-série sobre a vida de um Fracassado.
Não entendi muito, mas fiz um e mandei.
Leram esse primeiro ( que publico aqui depois), gostaram e encomendaram outros.
Que merda! Todo o tempo que eu tive, fiquei escrevendo essas merdas.
Resultado?
Não compraram os roteiros alegando que estavam uma merda.
Sim, uma merda, lógico! Isso eu já esperava. É o que eu faço melhor. Sou profissa nisso, em fazer merdas, mas o que me deixou puto, foi que, após entregue o primeiro, prometeram comprá-lo desde que eu fizesse todos de uma série. Encomendaram trinta!
E fiz. E demorei pra cacete pra terminar a porcaria toda. E não gostaram dos outros vinte e nove. E recusaram comprar. E dediquei um ano da minha vida de merda pra concluir esse projeto fracassado.
E, como eu não sou o João Cabral de Melo Neto, por mais que eu dedique bastante tempo a uma coisa específica, o que eu faço, sempre sai uma porcaria.
Mas, no mais, ao menos mantenho a minha patente de O MERDA FRACASSADO.



Preto-velho-barreiro: o gênio da lâmpada Brasileiro

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Um dos roteiros de merda:

“INCOMPATIBILIDADE DE GÊNEROS”

[ escrito por Alexandre Coimbra Gomes]

CENA 1 – PRAÇA. EXTERIOR. DIA.


Claudia e Adão andam lado a lado numa praça, os dois de cabeça baixa, em silêncio. Ao fundo, num parquinho, um menino e uma menina brincam juntos, felizes. A mulher olha as duas crianças. Para bruscamente. Olha para ele.

CLAUDIA – É isso! Cansei desse seu jeito!

ADÃO- Meu jeito? Que jeito?

CLAUDIA – Esse seu jeito...(irritada) esse seu jeito de ficar perguntando: “que jeito?”

ADÃO - Tem outro jeito de perguntar “Que jeito”?

CLAUDIA – Você sempre quer saber de tudo, né? O homem-dúvidas... Cansei dessas suas interrogações! Quer saber? Fim! Fim! Nosso namoro ...

ADÃO - (interrompe)... terminou?

CLAUDIA – (abaixa a cabeça irritada) Siiiim! Acabou! E essa sua mania de ficar terminando...

ADÃO - (interrompe) ... as suas frases?

CLAUDIA – ( faz um grunhido de ódio e cerra os punhos) - Grrrrrrrr! Acabou o nosso namoro! Entendeu?

ADÃO - Mas Claudia...Desse jeito?
Claudia vira as costas e deixa Adão sozinho no meio da praça. Ele olha pras crianças. Olha pra baixo. Continua andando de cabeça baixa.

ADÃO - ( voz over) – Mais uma namorada que eu perco. A Marcela me deu um pé na bunda dizendo que eu sou desleixado. A Patrícia falou que eu sou um grosso. A Tânia alegando que eu sou egocêntrico. A Gislaine disse que eu era infantil. ( ri) Infantil! Só por causa da minha coleção de bonequinhos do Star Wars. A Marcinha teve a cara-de-pau de dizer que eu trepo mal. A Ludimila dizia que eu passava mais tempo ouvindo os meus vinis antigos do que com ela. E a Claudia, agora, terminou só porque eu fico fazendo perguntas e completo as frases dela. Não entendi. É o meu jeito, pô! Será que ninguém vai me aceitar do jeito que eu sou?

Adão continua andando de cabeça baixa, desolado, resmungando. Até que tropeça em algo. Olha pra trás. Abaixa-se e pega. É uma garrafa de cachaça pela metade, no rótulo escrito Preto-Velho-Barreiro. Olha-a de todos os ângulos. Vê que está empoeirada e a limpa na camisa. Tira a rolha da garrafa dá um gole grande. De repente ouve um estrondo. Fumaça pra tudo quanto é lado. Quando a fumaça se dissipa, Adão vê a garrafa no chão e do seu gargalo continua saindo uma fumaça espessa que, no alto, forma, a imagem de um senhor negro, sem camisa, cabelos brancos, cachimbo no canto da boca.

ADÃO – Não acredito! Você é um...

GÊNIO - ( interrompe) ...Gênio da Lâmpada!

ADÃO – Não entendi. Gênio de Lâmpada não têm bigodões roupas árabes, turbante, aquelas coisas?

GÊNIO - Quiria u quê? Cê tá no Brasir mizifio. Num tá nas arábia. Gênio no Brasir é ansim. Mas vamu logo. Cê tem direito...

ADÃO – (interrompe)... a três pedidos!

GÊNIO - Não! Um pedido!

ADÃO - Ué? Um só? Mas não são três?

GÊNIO – Sim sinhô, um pedido só. Na verdade farta um pidido só. Ao todo é qui são trêis. É qui o sinhozinho interrompeu o que eu ia terminá di falá, que gastô os dois primêro pidido fazeno essas duas pregunta idiota: ( gênio imitando os trejeitos de Adão) “Um só? Mas não são três?” Aí, eu arrespondi as pregunta. Não arrenspondi? Gastô os dois primeiro pidido e agora só farta um.
Adão coça a cabeça. Bate o pé no chão. Coça novamente a cabeça. Olha pro Gênio.

ADÃO - Seu Gênio, minha vida amorosa sempre foi um desastre. Todas as mulheres com quem eu me relacionei não entendiam o meu jeito. Nunca respeitaram a maneira como eu sou.

GÊNIO - ( sussurrando pra si mesmo com cara de deboche) – Eu sei.

ADÃO – Eu sei o que eu vou querer, seu Gênio. Eu vou querer uma mulher que me respeite como eu sou. Que seja como eu. Que tenha os mesmos gostos, que saiba valorizar quem eu realmente sou e como sou. Eu quero uma mulher igual a mim.

GÊNIO – Si é isso que o mizifio qué, então que seja feito o pidido.
Outro entrondo. Fumaça espessa. Adão cai sentado. No dissipar da fumaça, sacode a cabeça e, ainda sentado, vê que a garrafa está caída ao seu lado no chão, pega a rolha que está perto e a tampa novamente. Quando vira o rosto para a frente, vê um sapatos femininos de mulher. ( câmera subjetiva) Vai subindo o olhos desde os tornozelos, as panturrilhas, as coxas, o vestido. Olha pra cima e vê uma mulher lhe encarando.

ADÃO - ( voz over) – Que mulher estranha. Cabelo meio desgrenhado, vestido sem graça, meio baranga, mas seu rosto me soa familiar.

MULHER – Oi!

ADÃO – Oi! Você é...

MULHER - ( interrompe) ...você!

ADÃO – Eu? Como assim eu?

MULHER – Você, ué?! Você não fez o pedido pro Gênio...

ADÃO - ( interrompendo) ... de uma mulher que fosse uma versão feminina minha. ( olha pra ela novamente de cima a baixo, faz uma cara de decepção) Do meu jeito.

MULHER – Que jeito?

ADÃO – Que jeito, que jeito?

MULHER – Não entendi.

ADÃO- E qual o seu nome?

MULHER – Não sei.

ADÃO - Como não sabe? Esqueceu?

MULHER - Esqueceu o que?

ADÃO - Nada não. Esquece. (MT) Já sei! Que tal Eva? Vai ser legal! Eva e Adão!

MULHER - Não sei não. Não soa muito bem. Parece piada velha e...

ADÃO – ( interrompendo estusiasmado com a idéia) Então? Vai usar esse nome? Eva?

MULHER – Porque você decidiu? Coisa mais machista. Não me deu tempo nem de pensar. (MT) Tá bom. Tá bom! Então eu vou me chamar...

ADÃO – (interrompendo) ... Eva!

EVA – E então? O que a gente vai fazer agora?

ADÃO – Não sei.

EVA – Já que você escolheu meu nome, agora sou eu quem decide o que a gente vai fazer. Do meu jeito.

ADÃO – Que jeito?

EVA – Ué?! Do meu jeito, do seu jeito...

ADÃO - ( com ar de extrema felicidade, dá um salto e fica de pé)... do nosso jeito!

EVA - Isso! Que tal então a gente ir no supermercado, comprar umas cervejas, ir por seu apartamento, colocar a música “Eu me amo” do teu vinil do Ultraje a Rigor, tomar umas cervas, e depois deixar a natureza fazer a sua parte?

ADÃO – Essa é a minha música preferida. Eu a ouço mais de vinte vezes seguidas. Você não vai...

EVA - ( interrompendo) Me incomodar? Eu não! É a minha música preferida também.
Os dois dão as mãos e saem rindo cantando.
[ ao fundo a música “Eu me amo” ]

CENA 2 - PRAÇA. EXTERIOR. NOITE.


Adão e Eva andam lado a lado numa praça, os dois de cabeça baixa, em silêncio. Ao fundo, num parquinho, um menino e uma menina brincam juntos, felizes. Adão olha as duas crianças. Para bruscamente. Olha para ela.

ADÃO - É isso! Cansei desse seu jeito!

EVA- Meu jeito? Que jeito?

ADÃO - Esse seu jeito...(irritado). Desleixada, egocêntrica, infantil. Você grudou na minha coleção de bonequinhos do Star Wars e não deixou nem eu brincar! Não largou os meus vinis preferidos! Além do mais, vou te dizer a verdade, você trepa mal pra caramba!

EVA – Grosso! ( ri olhando sarcasticamente para o zíper dele) E eu me refiro ao seu caráter!

ADÃO – Grossa é você! Partiu pra baixaria! Uma mulher sem finesse nenhuma, previsível, fica fazendo perguntas e completa as minhas frases o tempo todo. E fica o tempo todo ouvindo aquela música “Eu me amo”. Eu amava...

EVA - ( interrompendo ) ... a mim?

ADÃO – Aquela música. Você me fez odiar aquela música. (MT) Quanto a você, eu nem sei se eu te amava mesmo. Fim! Fim! Nosso namoro terminou!

EVA - Mas Adão, desse jeito?
Adão vira as costas e deixa Eva sozinha no meio da praça. Ela abaixa a cabeça e, desolada,resmungando, começa a andar devagar. Até que tropeça em algo. Olha pra trás. Abaixa-se e pega. É uma garrafa de cachaça no finalzinho, no rótulo escrito Preto-Velho-Barreiro. Olha-a de todos os ângulos. Vê que está empoeirada e a limpa na camisa. Tira a rolha da garrafa dá um gole grande. De repente ouve um estrondo. Fumaça pra tudo quanto é lado. Quando a fumaça se dissipa, Eva vê a garrafa no chão e do seu gargalo continua saindo uma fumaça espessa que, no alto, forma, a imagem de um senhor negro, sem camisa, cabelos brancos, cachimbo no canto da boca.

ADÃO – Não acredito! Você é um...

GÊNIO - ( interrompe bocejando) ...Gênio da Lâmpada! E você tem direito a um pidido!

EVA - Ué? Um só? Mas não são três?

GÊNIO – Aí meus orixá! Dois ispiritu di porco num dia só!

EVA – Não entendi. Gênio de Lâmpada não têm...

GÊNIO - ( interrompendo) Ai que saco! Di novo não! (impaciente ) É! É! Mais eu sou um gênio!Faiz logo o seu pidido mia fia!

EVA - Mas ô seu Gênio, porque todo gênio tem que ser homem? Por que Deus é homem? Por que a gente chama o ser humano de Homem? Por que a Gennie é um gênio e não uma gênia?

GÊNIO- Caramba! Eu atendi a um pedido agorinha há pouco para um chato que fazia preguntas iguar a ocê. Só que você fala dimais! Pergunta muito mais! ( em tom de esporro) Escolhe três dessas perguntas, eu respondo e acabou o teu pedido!

EVA - Não quero que você responda pergunta nenhuma, tá?

GÊNIO – Tá.

EVA - Tenho direito um pedido, né? Olha isso não é uma pergunta não, é uma confirmação!

GÊNIO – Tá! Tá! Ô muiézinha chata! Muié é tudo iguar! Fala pra diacho!

EVA – Nervozinho o senhor! Todo gênio é impaciente só porque é homem. Machista igual a qualquer homem ! Já sei o que eu quero! Meu pedido é que você faça aparecer uma outra lâmpada e que saia de dentro dela uma gênia.




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