Na postagem anterior fabulei sobre os ensinamentos de um Mestre, minutos depois recebi um e-mail de um leitor deste blog dizendo-se um discípulo de um Merda: Eu.
Como um Mestre, sinto-me orgulhoso de ter um discípulo mais merda do que eu, já que este discípulo tem como Mestre um Merda,portanto esse discípulo é o meu Mestre.
Ou o Mestre continua sendo eu mesmo, que sou discípulo de um discípulo de um Merda?
Então eu sou discípulo em segundo grau de mim mesmo? Que merda!
Chega de merda.
A seguir vai o segundo texto do tal de Lucio que publico aqui. O texto de um verdadeiro Mestre da merda:
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Caríssimo Merda,
Fiquei muito orgulhoso ao ver meu e-mail publicado em seu honorável blog.
Tão orgulhoso que envio mais um texto que espero que agrade e possa ser igualmente publicado.
Um esclarecimento, apenas. Quando comecei a escrever, percebi que estava ficando muito direitista. Então, tratei de cravejá-lo, como feijões na merda, de referências a Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Totonho e os Cabra, entre outros, para não desagradar o apparatchik petista. Você e os eventuais leitores que decidam quem é o feijão ou a merda.
Bem, é isso.
Sds,
Lucio
P.S. Nunca curti teatro. Acho que é papo de padeiro distraído. Mas sempre gostei da saudação que os atores fazem entre si antes de entrar em cena. Por isso, merda pra você!
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Caríssimo Merda,
Fiquei muito orgulhoso ao ver meu e-mail publicado em seu honorável blog.
Tão orgulhoso que envio mais um texto que espero que agrade e possa ser igualmente publicado.
Um esclarecimento, apenas. Quando comecei a escrever, percebi que estava ficando muito direitista. Então, tratei de cravejá-lo, como feijões na merda, de referências a Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Totonho e os Cabra, entre outros, para não desagradar o apparatchik petista. Você e os eventuais leitores que decidam quem é o feijão ou a merda.
Bem, é isso.
Sds,
Lucio
P.S. Nunca curti teatro. Acho que é papo de padeiro distraído. Mas sempre gostei da saudação que os atores fazem entre si antes de entrar em cena. Por isso, merda pra você!
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Ao mestre com carinho ou Merda que te quero merda.
Lendo seu post sobre a Zorra Total, programa que eu adoro – o Paulo Silvino é um ator muito melhor que o Jim Carrey, se formos falar de atores pantomímicos – me ocorreu que apesar de não endossar a maioria das críticas que se fazem a televisão brasileira como um todo, e a Rede Globo em particular, posso afirmar com toda convicção que uma das maiores decepções da minha vida foi proporcionada por esta última.
Explico. No Fantástico havia um quadro de um tal doutor Bactéria. O cara fez fama e anda ganhando grana até do governo federal, estrelando campanhas de esclarecimento sobre doenças como a gripe suína, por exemplo. Só que eu cagava e andava para tudo o que ele dizia. Sexo, que é uma das melhores coisas do mundo, não se faz, ou ao menos não se faz bem, sem a concorrência de milhões de bactérias. Sem passear a boca pelas partes mais pudicas (leia-se: lotadas de bactérias deliciosas) do corpo da mulher, não há como garantir uma boa foda.
De tal modo que todo aquele nhém-nhém-nhém (sentiu a citação sutil ao FHC?) não passava para mim de bullshit (pró-americanismo velado – hoje estou bem político. É propaganda subliminar do neo-liberalismo. Sacou? As eleições se aproximam.É preciso estar atento e forte.).
Mas se cagava e andava para o doutor Bactéria, quando o assunto era a minha merda, aí a cagada sempre se revestiu da maior solenidade. Li o Millôr quase todo sentado no trono (mentira, né. Devo ter lido só uns trinta livros dele. Mais umas duas mil páginas de jornal e revistas, o que não chega a ser nem um terço de seus escritos.). Sempre procurei as melhores companhias para minha defecação diária. Até Prost cheguei a ler cagando. A merda é a minha madeleine.
Minha relação afetiva com excrementos é tão visceral (trocadilho de merda, eu sei. Mas é sempre assim que os obro) que minha istória (Millôr, Millôr!!!) favorita do quadrinhista Marcatti é justamente a que a personagem principal se apaixona por sua hemorróida e dessa relação amorosa nasce um belo e simpático cocozinho. Uma gracinha, com feijõezinhos enfeitando seu belo rosto.
Tudo ia muito bem no contubérnio do Lucinho e seu cocô, até que o filho da puta do referido doutor Bactéria produziu uma merda duma matéria que mudou de forma violenta a relação que mantinha com meus amados excrementos.
Seguinte: grande prazer da minha vida, desde a mais tenra infância, sempre foi dar uma cagada bem demorada e, depois de concluída a tarefa hercúlea (cago horrores!!!), me levantar e dar a descarga olhando compenetradamente minha obra (de novo trocadilhando. Produzo calembur a merda, digo, metro.) dar a descarga enquanto me despeço daquele que o Chico Buarque (mérdia com as esquerdas. Tenho um medo que me pelo de patrulhas politicamente corretas.) poderia chamar de “Oh, pedaço de mim”.
No entanto, como manter esse amor platônico (nunca cheguei as vias de fato) depois daquela hedionda reportagem? O desgraçado encheu de caraminholas minha cabeça, plantando mais merda onde já há tantas. O pulha informou, todo cheio de dados científicos e que tais, que ao acionar a descarga com a tampa do assento do vaso aberta sobe uma nuvem de cocô, que fica pairando por três horas (!!!) e cujas partículas vão se alojar em vários locais, especialmente nas escovas de dente. Merda pra mim sempre foi igual puta: eu as amo, mas jamais beijo na boca. Deus me livre de viver a experiência de descobrir “que gosto insuportável ela tem!” (Soneto do Gostinho Sádico, in Sonetário Sanitário, Glauco Mattoso).
Aquilo foi cruel. Desumano. O medo de escovar os dentes com cocô me causa a imensa dor, como a de um pai impedido do último adeus, da despedida daquele a quem carreguei no ventre. Hoje, privado da minha merda, só me resta lamentar e cantar aquela canção: “Oh, pedaço de mim/ oh, metade arrancada de mim ...”
4 comentários:
Merda, muito bom este texto do teu leitor, o Lucio. Morri de rir. Muito bem escrito e engraçado. E melhor: escatológico. Escatológico nos seus dois significados opostos. No que se refere a coisas nobres, imponentes, metafísicas – ressurreição, fim do mundo, perdas irreparáveis ( tadinho do dono do cocozinho!). Noutro se refere às próprias fezes em si, as podridões físicas e morais.
Uniu o sublime ao tosco, a sensibilidade com a grosseria.
Li o outro email que você postou desse Lucio e achei o máximo também.Escreve bem pra caramba, einh? Que você poste mais textos dele.
Mas não fica com ciuminho não, tá? ADOOORO os teus também!
:)
Pri
"A merda é a minha madeleine" foi demais!!!!!! ashaushuahsua
Qual é? É claro que é o próprio merda fracassado quem escreve esses textos que ele diz que não é dele. Tá na cara.
Revogam-se as disposições em contrário!
Não faço a mínima idéia do que significa essa porra dessa frase, mas eu acho bonitona.Chique pra caráio.
Isso que eu escrevi acima não tem nada a ver com o eu quero dizer.
A que vim: As postagens atribuídas ao leitor Lucio são única e exclusivamente de autoria dele.
Pra quem quiser conhecer outros textos do mesmo autor, leia o blog
www.bachareisembaixaria.blogspot.com
Procurei agora no wikipédia o "Revogam-se as disposições em contrário!". É uas paradas jurídicas aê. Lance de lex superior, a lex posterior e a lex specialis.
Daí eu me lembrei do Lex Luthor.
Eu sou o Bizarro, o Lucio é o Lex Luthor e o Gabriel Chalita é o Superman.
Demorô.
Visitem o blog do maluco lá, que o bagulho é bom.
www.bachareisembaixaria.blogspot.com
Fui.
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