Dono de uma emissora de tv. Isso mesmo que você leu! Eu quis ser. Minha megalomania não tem limites.
Dono de uma emissora de tv. Criar uma emissora que periodicamente veiculasse no you tube vídeos que eu mesmo produzisse.
Botei essa idéia de girico na minha cabeça-de-bagre.
Mas pra, pelo menos, criar um vídeo,eu precisaria, de início, de uma filmadora.
Consegui emprestada de um amigo meu que filmava casamentos nos anos 80 uma filmadora-monstro, daquelas de VHS. Custei, mas consegui achar uma fita VHS virgem mofada pra eu filmar. O trambolho de câmera, por incrível que pareça, estava funcionado.
Mas estava faltando o principal pra criar a minha própria emissora de TV: ter o que filmar.
Fazer um curta metragem? Não. Disso eu já tinha desistido devido ao meu último fracasso nessa seara:
Um Talk Show ? Talvez.
Mas quem concederia seu precioso tempo pra ser entrevistado numa bancada pelo Merda Fracassado? E a bancada? E o cenário? Eu montaria como?
Até que, providencialmente, veio um convite de um amigo meu pra ganhar um troco sendo roadie da sua banda que iria abrir para o nacionalmente famoso grupo de rock Matanza. O Matanza, pra quem não conhece , é uma banda que faz o maior sucesso no meio dos roqueiros. Tocam country core. Seja lá o que isso queira dizer.
Eu, até então, também não conhecia, tive que pesquisar no google :
Fiz a minha pesquisa rápida sobre o Matanza e parti pra tal festival de rock. Já tinha a minha idéia genial na cabeça: inaugurar a minha TV com um programa que mostrasse os bastidores do show, o próprio show e descolar uma entrevista com o vocalista e ex-apresentador da MTV (*) Jimmy London.
(*) programa "Pimp My Ride Brasil" - Tá vendo que eu pesquisei direitinho?)
Não é que eu consegui? Acesso irrestrito aos camarins, ao palco. Crachá de músico no peito, abordei o cavernoso Jimmy e perguntei se ele cederia uma entrevista pra minha tv-blog.
O gigantesco barbudo rosnou. Fiquei assustado. Mas logo percebi que não era hostilidade de sua parte, mas a maneira sinistrona dele dizer que sim, daria a entrevista.
Fiz a dita-feita.
Saiu uma merda a entrevista. Eu tinha tomado umas biritas ( meia garrafa de conhaque e umas - várias- cervas) que estavam rolando gratuitamente no camarim, que combinadas com os tarjas-pretas ( propranolóis, ansiolíticos e benzodiazepínicos ) que tomo por recomendação médica, e fiquei meio zureta na hora de entrevistar o famoso vocalista. As perguntas saíram de improviso. Descoordenado mentalmente, incorporei uns maneirismos rapper-das-antigas, meio Jair Rodrigues, estranhíssimos. Talvez ( não me lembro direito), num acesso de delírio momentâneo, eu tenha achado que estava entrevistando o Mano Brown.
Após a entrevista, numa extrema falta de bom-senso ( lembremos do coquetel "remédio de maluco x álcool" ), numa tremenda de cara-de-pau escrota e, sem que a produção da banda percebesse, fiquei em frente ao camarim do Jimmy e, num átimo, subi bizarramente no palco com o trambolho da câmera atrás do vocalista que era ovacionado pela multidão.
Eu quase que atrapalhei os caras a tocarem zanzando grogue com a big-câmera pra lá e pra cá no palco. O público me xingava pra caralho.
Obviamente,quando a produção percebeu, com toda razão, imediatamente me expulsaram de lá.
Desci, ainda sob o efeito catastrófico da mistura no meu já depauperado cérebro, do palco e, idéia das mais geniais, cismei de filmar o show bem no meio da agitação-porradeiro dos roqueiros.
Péssima decisão.
Veja com os seus próprios olhos o resultado do vídeo que pedi pro meu primo colocar no you tube (*).
(*) - Porra! Me xingou pra caralho quando eu entreguei a pré-histórica fita VHS pra ele pedindo pra colocar na internet. Teve que fazer não sei quais estripulias tecnológico-cibernéticas pra conseguir extrair as imagens da mofada fita. Eu mesmo editei mal e porcamente no movie maker. Uma merda que ficou.
Por isso o fracassado nome da minha emissora:
TV M...