Sempre sonhei em ter o diploma de jornalista.
Porra! Até meus sonhos de futuro são FRACASSADOS, já que se eu o realizasse, a porcaria do diploma, hoje, não valeria merda nenhuma.
Como nunca tive grana pra pagar a mensalidade de um curso tão caro, contentei-me em ficar fazendo fanzines.
Mas, vasculhando nas minhas gavetas de investidas fracassadas, encontrei um jornalzinho que confeccionei em 1995, chamado A-NOTÍCIA.
O referido periódico trazia um novo conceito jornalístico: as notícias não terem porra de notícia nenhuma. Só notícias inócuas feitas para descansar as mentes dos leitores, já atormentadas pelo caos do dia-a-dia..
Não consegui patrocínio para continuar a editar o jornal e ele faliu logo no primeiro número.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
PRODUTOR FRACASSADO II
Em meados de 1992, peguei um violão e me arrisquei a compor umas canções folk. Só de sacanagem. Músicas folk guardadas no formol do tempo. Coisa, então, datada pra caralho. Eu sabia que não ia colar, mas pensei, só de onda, em criar uma vanguarda (*) folk tupiniquim. Estar à frente do meu tempo.
(*) - [ vanguarda (do francês avant-garde, "proteção frontal") em sentido literal faz referência ao batalhão militar que precede as tropas em ataque durante uma batalha. Daí deduz-se que vanguarda é aquilo que "está à frente".]
Como sou uma toupeira no violão, contentei-me em apenas compor e letrar as canções onde pus nas mãos de um amigo violeiro tocador de folia-de-reis, o Bob Lord, um possante tonante, que simulou uma slide guitar e me acompanhou na gaita hering desafinada.
Gravamos num toca-fitas CCE ( gravação ambiente) com os ruídos típicos desse mal-ajambrado equipamento tosco que, pra nossa sorte, acabou soando mais folk-folclórico-rústico ainda, com chiados dissonantes (!?) e estalos escabrosos.
O cedê chama-se “Bob Lord – Formol & Folk”.
Não vendeu nenhuma cópia a merda do cedê. Dezenas ainda encalhados, até hoje, dezesseis anos depois.
(...)
Dezesseis anos depois, em pleno ano de 2008, vejo a pequena Malu Magalhães ( que tem dezesseis anos de idade) fazer sucesso nos celulares e nos mp3 ( 4...5...6...7...8...) com uma tal música jovem de vanguarda (!?!?) que bebe direto na fonte de múmias como The Band , Buffalo Springfield , The Byrds, The Beau Brummels, Crosby, Stills & Nash, Simon & Garfunkel, Peter, Paul & Mary , The Dillards, Country Joe & The Fish, Mojave 3, Bob Dylan e Neil Young: o folk rock.
Fiquei perdido no tempo. Eu, hoje, devo chegar a conclusão de que fui ainda (“ainda” no sentido de atrasado para as referidas múmias e no sentido de avançado pra essa rapaziada de hoje) “mais” ou “menos” “avant-garde” que essa menina?
Sei lá! Só sei que me fudi.
Folk. Moda nacional atual em pleno fim da primeira década do século XXI.
E o que me deixou mais deprimido ainda, agora em 2009: a banda que mais faz sucesso nas rádios e dvd’s e cedes chama-se
Vanguard...
...tocando folk-rock!
Mas, pra quem quiser ouvir esse antigo-atemporal-fracassado-futuro-sucesso, o “Bob Lord – Formol & Folk”, é só entrar em contato comigo que eu vendo baratinho a tosca bolachinha rústica.
( a capa do folclórico disco)
( as canções do cedê)
( o cedê)
(*) - [ vanguarda (do francês avant-garde, "proteção frontal") em sentido literal faz referência ao batalhão militar que precede as tropas em ataque durante uma batalha. Daí deduz-se que vanguarda é aquilo que "está à frente".]
Como sou uma toupeira no violão, contentei-me em apenas compor e letrar as canções onde pus nas mãos de um amigo violeiro tocador de folia-de-reis, o Bob Lord, um possante tonante, que simulou uma slide guitar e me acompanhou na gaita hering desafinada.
Gravamos num toca-fitas CCE ( gravação ambiente) com os ruídos típicos desse mal-ajambrado equipamento tosco que, pra nossa sorte, acabou soando mais folk-folclórico-rústico ainda, com chiados dissonantes (!?) e estalos escabrosos.
O cedê chama-se “Bob Lord – Formol & Folk”.
Não vendeu nenhuma cópia a merda do cedê. Dezenas ainda encalhados, até hoje, dezesseis anos depois.
(...)
Dezesseis anos depois, em pleno ano de 2008, vejo a pequena Malu Magalhães ( que tem dezesseis anos de idade) fazer sucesso nos celulares e nos mp3 ( 4...5...6...7...8...) com uma tal música jovem de vanguarda (!?!?) que bebe direto na fonte de múmias como The Band , Buffalo Springfield , The Byrds, The Beau Brummels, Crosby, Stills & Nash, Simon & Garfunkel, Peter, Paul & Mary , The Dillards, Country Joe & The Fish, Mojave 3, Bob Dylan e Neil Young: o folk rock.
Fiquei perdido no tempo. Eu, hoje, devo chegar a conclusão de que fui ainda (“ainda” no sentido de atrasado para as referidas múmias e no sentido de avançado pra essa rapaziada de hoje) “mais” ou “menos” “avant-garde” que essa menina?
Sei lá! Só sei que me fudi.
Folk. Moda nacional atual em pleno fim da primeira década do século XXI.
E o que me deixou mais deprimido ainda, agora em 2009: a banda que mais faz sucesso nas rádios e dvd’s e cedes chama-se
Vanguard...
...tocando folk-rock!
Mas, pra quem quiser ouvir esse antigo-atemporal-fracassado-futuro-sucesso, o “Bob Lord – Formol & Folk”, é só entrar em contato comigo que eu vendo baratinho a tosca bolachinha rústica.
( a capa do folclórico disco)
( as canções do cedê)
( o cedê)
TWITTEIRO FRACASSADO II
Meu novo TOC: colocar alguns toques (em 140 toques) no twitter, para quem quiser ser um fracassado como eu.
Não tem ninguém me seguindo naquela porcaria.
www.twitter.com/fracassado
*****
Manual do fracassado 1 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter operado vasectomia e, após isso, só me apaixonar por mulheres que sonham em ter filhos.
Manual do fracassado 2 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter comprado um chapéu-coco caríssimo igual ao do Alex do Laranja Mecânica, mas não ter coragem de usá-lo na rua.
Manual do fracassado 3 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter carteira de motorista há mais de quinze anos e não saber nem dar partida num carro.
Manual do fracassado 4 ( pílulas da minha biografia de merda): ter uma dívida com empréstimos ao Itaú, de dez vezes o valor do meu salário, por ter comprado miniaturas de personagens de filme de terror
Manual do fracassado 5 ( pílulas da minha biografia de merda ): não saber utilizar outras funções além das “atender” e “ligar” no celular.
Manual do fracassado 6 ( pílulas da minha biografia de merda): ter como plano ambicioso de futuro completar a minha coleção de miniaturas de personagens de filme de terror
Manual do fracassado 8 ( pílulas da minha biografia de merda): ser professor de Literatura e não saber nenhum- nenhum sequer – poema de mamória.
Manual do fracassado 9 ( pílulas da minha biografia de merda): ser péssimo de briga e mesmo assim, bêbado, cismar em mexer com a mulher dos outros.
Manual do fracassado 10 ( pílulas da minha biografia de merda): ter 34 anos, morar de aluguel, não ter poupança, nem patrimônio, nem plano de saúde
Manual do fracassado 11 ( pílulas da minha biografia de merda): ir frequentemente à bailes de forró e recusar-me a dançar, mesmo diante da insistência das mulheres, já que não sei dar um passo sem pisar nos pés.
Manual do fracassado 12 ( pílulas da minha biografia de merda): não gostar de futebol e, por isso, ser obrigado a ficar tomando conta da churrasqueira durante a Copa do Mundo.
Manual do fracassado 13 ( pílulas da minha biografia de merda): ser de família de músicos e não saber tocar sequer um instrumento musical (sic: apenas o de Onã);
Manual do fracassado 14 ( pílulas da minha biografia de merda): Ser professor de Língua Portuguesa e cometer erros crassos ( crasos?) na escrita;
Manual do fracassado 15 ( pílulas da minha biografia de merda ): ter os triglicerídios nas alturas ( advertência médica) e não conseguir abrir mão da costelinha de porco
Manual do fracassado 16 ( pílulas da minha biografia de merda ): Gostar de rock desde moleque e não saber patavinas de Inglês;
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
PRODUTOR MUSICAL FRACASSADO I
Depois de várias tentativas frustradas, com outras bandas em que participei, de buscar novas estruturas musicais ( rala-bucho, mambo, catingulê, chorinho e psichobylly), em fevereiro de 1994, acabei descobrindo que não precisava delas para expôr minhas idiossincrasias sonoras. Sozinho, compus o cd “A-Música”, com uma banda que denominei de “Os Invisíveis”.
Um cd inteiro só de silêncio, com uma estruturação que prescindisse os parâmetros melodia e harmonia, sendo apoiada exclusivamente nas durações. O tempo foi eleito o único fator determinante nas música, pois seria capaz de incluir os silêncios como objetos estruturáveis, coisa que uma concepção baseada em notas musicais não era capaz, subvertendo a idéia de que uma música, para ser música, obrigatoriamente deveria ser uma seqüência de sons precisasse de melodia, harmonia e ritmo.
Quinze faixas em que cada uma, com o seu tempo determinado, era de puro silêncio. Músicas que não possuíam nenhuma nota, sendo compostas inteiramente por pausas.
Para testar os limites de minha criação, fui pro quintal da minha casa, coloquei o fone com o meu disckman da CCE e ouvi todo o cd dentro de uma caixa de geladeira de papelão, revestida por papel laminado e forrada por caixas de ovos, que chamei de câmera paranóico-anecóica, construída de tal modo a cancelar todos os ruídos ambientes ( principalmente os pancadões funk que meu irmão ficava ouvindo no talo). Ainda assim, não consegui ouvir o silêncio absoluto. Conseguia ouvir um barulho: o ruído do meu próprio coração.
Eu precisava, então, parar meu coração. Mas aí eu pensei bem e percebi não ia das certo, já eu não ia conseguir saber se o silêncio arbitraria, pois, com o coração parado, eu não estaria mais vivo.
Mas o cd ficou pronto.
E não vendeu nenhum.
Dois anos depois, gravei o cd “Os Invisíveis – ao vivo”, que, intercaladas entre as canções-silêncio, ouvia-se apenas os sons dos aplausos da vibrante platéia.
Outro fracasso de vendas.
Mas ainda tenho dezenas de cópias guardadas, pra quem quiser comprar ouví-lo ( ou não-ouví-lo, sei lá!)
( A capa do cd "Os Invisíveis - ao vvo" )
( a contra-capa do cd ao vivo)
( o cd)
Um cd inteiro só de silêncio, com uma estruturação que prescindisse os parâmetros melodia e harmonia, sendo apoiada exclusivamente nas durações. O tempo foi eleito o único fator determinante nas música, pois seria capaz de incluir os silêncios como objetos estruturáveis, coisa que uma concepção baseada em notas musicais não era capaz, subvertendo a idéia de que uma música, para ser música, obrigatoriamente deveria ser uma seqüência de sons precisasse de melodia, harmonia e ritmo.
Quinze faixas em que cada uma, com o seu tempo determinado, era de puro silêncio. Músicas que não possuíam nenhuma nota, sendo compostas inteiramente por pausas.
Para testar os limites de minha criação, fui pro quintal da minha casa, coloquei o fone com o meu disckman da CCE e ouvi todo o cd dentro de uma caixa de geladeira de papelão, revestida por papel laminado e forrada por caixas de ovos, que chamei de câmera paranóico-anecóica, construída de tal modo a cancelar todos os ruídos ambientes ( principalmente os pancadões funk que meu irmão ficava ouvindo no talo). Ainda assim, não consegui ouvir o silêncio absoluto. Conseguia ouvir um barulho: o ruído do meu próprio coração.
Eu precisava, então, parar meu coração. Mas aí eu pensei bem e percebi não ia das certo, já eu não ia conseguir saber se o silêncio arbitraria, pois, com o coração parado, eu não estaria mais vivo.
Mas o cd ficou pronto.
E não vendeu nenhum.
Dois anos depois, gravei o cd “Os Invisíveis – ao vivo”, que, intercaladas entre as canções-silêncio, ouvia-se apenas os sons dos aplausos da vibrante platéia.
Outro fracasso de vendas.
Mas ainda tenho dezenas de cópias guardadas, pra quem quiser comprar ouví-lo ( ou não-ouví-lo, sei lá!)
( A capa do cd "Os Invisíveis - ao vvo" )
( a contra-capa do cd ao vivo)
( o cd)
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